🏺Ruínas romanas de Troia ⛏: uma viagem pela “Pompeia de Setúbal”!

📷 A região do Alentejo presenteia-nos com lugares peculiares, paisagens quentes e estórias sem fim. É o caso da Península de Troia. Um dos pontos mais emblemáticos do litoral Alentejano. Sugestões e impressões pessoais de uma visita fotográfica a um dos sítios arqueológicos mais importantes da época romana de Portugal: o maior centro romano de produção de salga e conserva de Peixe em Troia. A arqueóloga Ana Patrícia Magalhães, do Troiaresort (Arqueologia), foi a nossa guia pelo sitio arqueológico, monumento nacional na lista indicativa a património mundial da UNESCO, onde ficamos a conhecer o resultado das escavações arqueológicas, o património edificado existente, o processo de fabricação do preparado piscícola (o Garum), os achados arqueológicos de cerâmica romana, as curiosidades históricas e os pormenores artísticos desta antiga unidade industrial romana, situada entre o rio Sado e o Oceano Atlântico. 

Setúbal é mais bela vista da baía. Daí se vê a cidade em toda extensão, com as suas casas um tanto descaídas. […].” H. C. AndersenUma visita em Portugal em 1866

Troia de Grândola. Fábrica de Roma. Troia é sinónimo do Turismo dos três “S”: “Sun, Sea and Sand”. Todavia, neste istmo é possível fazer outras atividades de lazer e cultural: o turismo histórico-cultural. Passado e presente vivem lado a lado. Uma viagem ao património português. Como todo o apaixonado da História (e pelo ócio da vida), vibro com o fascínio pelo passado e por ruínas abandonadas. E as ruínas romanas de Troia não são excepção à regra. A minha cabeça já andava a matutar uma ida aos areais da praia da Comporta e, pelo caminho, ficavam as icónicas ruínas desta peninsular restinga arenosa no litoral alentejo. Para mim, custa acreditar que estamos no Alentejo, visto que estamos tão próximos da cidade de Lisboa. Lê-se no sitio web da RTP Arquivos. Monumento Nacional, desde 1910, as ruinas romanas de Troia (não confudir com Tróia da Anatólia) foram um dos maiores centros produtores de salga e conserva de peixe da Civilização Romana. Em virtude deste pormenor, neste sitio arqueológico emergiu um enorme complexo industrial e aglomerado urbano com termas, casas senhoriais, mausoléu e uma basílica paleocristã. Segundo o jornal online Observador, no ano 2018, passaram mais de 10 mil viajantes do tempo.

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Rio Sado. Coração de Setúbal. Embarcamos na Doca do Comércio, na cidade de Setúbal rumo ao Cais Sul da Península de Troia. Antes de embarcarmos, o viajante é brindado por um grupo de ciganos que tentam fazer pela vida. É com um sorriso nos lábios que recusamos um dos inúmeros óculos de sol que nos tentam “impingir”. Nem tentei regatear, à boa maneira magrebina. De seguida, em fila indiana, os veiculos são encaminhados para o Ferry-Boat “Pato Real” da empresa Atlantic Ferries, SA que cruza as margens do azul do Sado rumo as areias brancas de Troia. A viagem dura, aproximadamente, vinte e cinco minutos. Saiamos da Área Metropolitana de Lisboa (AML) e entramos no Alentejo, mais concretamente, no concelho de Grândola. Não foi ao som da “Grândola, Vila Morena”, composta e cantada pelo Setubalense Zeca Afonso. Seguindo a estrada que faz a Ligação Comporta-Tróia N253-1,sinalética “Ruínas Romanas” chegamos a uma barraquinha de madeira. É o “posto de controlo” para a entrada num estradão de terra batida, cerca de 2 a 3 km, que nos leva até às ruínas romanas de Tróia, com a envolvente natural da Lagoa da Caldeira no horizonte.

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A visita guiada, conduzida pela arqueóloga Ana Patrícia Magalhães, ao antigo complexo industrial de salga de peixe da época romana, abertas em 2011, após um longo período de escavação arqueológica, visto que encontrava-se abandonada este Monumento Nacional. Desde o Humanista André Resende, no século XVI, que temos referência a estas ruínas. Mais tarde, a princesa e futura rainha D.Maria I durante um passeio de barco no rio Sado deparou-se com a área residencial dos antigos proprietários romanos. Dai, o nome “Casas da Princesa”. Por iniciativa de uma empresa privada, o Troia Resort, que hoje explora o sitio arqueológico com visitas guiadas e com actividades educativas para escolas e de lazer para os mais graúdos. Constatamos que os museus e os monumentos são lugares únicos que nos proporcionam experiências memoráveis e uma aprendizagem indispensável à formação da identidade. Pela sua beleza e pelo seu enquadramento, pelas suas colecções e pela sua programação cultural, são espaços que transmitem valores, despertam memórias e interagem com a contemporaneidade. [Fonte DGPC]. Este antigo aglomerado urbano da época romana está na lista indicativa de Portugal para Património Mundial da UNESCO.

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As Ruínas Romanas de Troia em que o ilustre escritor dinamarquês Hans Christian Andersen descreveu como «A Pompeia de Setúbal» são uma bela surpresa para qualquer viajante que gosta de viajar pela História. Estendem-se ao longo das margens azuis do Sado e das dunas da Península de Tróia. Um passeio por quase dois milénios de história. As ruínas revelam edifícios de habitação, fábricas, locais de culto, um balneário termal, um porto e suspeita-se que apenas dez por cento da cidade tenha sido escavada ao longo das últimas décadas. Na Lusitânia romana, Troia foi um dos grandes centros industriais de preparação e salga de peixe. Localizada numa zona próxima do oceano, a cidade beneficiava ainda da proximidade de uma forte indústria salineira e outra ligada à olaria, que produzia ânforas para armazenar e exportar o pescado. A sua população era constituída por população indígena, mas também por famílias poderosas originárias do Norte de África, Grécia e escravos de diversas latitudes do Império Romano.

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O sitio arqueológico, segundo os dados recolhidos pelas escavações arqueológicas, sugere que foi fundada no século I d.C. que os romanos construíram um complexo industrial de salgas (e de peixe salgado) e molhos de peixe, conhecido em todo o mundo romano. Uma das razões era a existência de matéria-prima em abundância na região envolvente ao estuário do rio Sado: as olarias de barro, a extração de sal e a pesca. Terá funcionado entre o séc. I e meados do séc. V, caindo no esquecimento. As primeiras escavações ocorreram durante o século XVIII, por iniciativa da infanta D.Maria, futura Rainha D. Maria I, e no século XIX pela Sociedade Arqueológica Lusitana, com os generosos contributos dos patronos: o Duque de Palmela e do rei Dom Fernando II (1816-1885). No século XX, de 1948 até à década de 70, as escavações foram conduzidas pelos diretores do Museu Nacional de Arqueologia.

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Não era uma grande aglomerado urbano, ao contrário das cidades romanas de Salácia (hoje a cidade de Alcácer do Sal) e de Cetóbriga (a atual Setúbal). Todavia, tornou-se um grande aglomerado industrial-urbano em virtude da necessidade das grandes quantidades de mão-de-obra para o processamento do peixe salgado. Havia inúmeros Lotes, com ruelas e ruas estreitas, que deu origem a um grande complexo urbano que fixou população. Nas oficinas de Tróia havia inúmeros tanques de salga de peixe salgado: as cetárias. Ao todo, os arqueológos puseram a descoberto 19 tanques conhecidos. Era aqui que era produzido o “Garum”. Tratava-se de um preparado de vísceras de atum, sardinha ou cavala, misturado com outros peixes que macerava no sal. Este condimento era muito apreciado em todo o mundo Romano. As ânforas, as “embalagens cerâmicos da antiguidade”, eram essenciais para o escoamento do produto final, através de barco, para o Império Romano. A sua maioria era oriunda de três olarias romanas: Setúbal, Abul e Pinheiro. Cerca de 10% do sítio arqueológico já foi alvo de escavações arqueológicas, estando uma grande parte [ainda] coberta pelas areias. Verificamos, assim, que o ilustre povo romano soube ter engenho para aproveitar as características endógenas do território envolvente entre o Estuário do Sado e do Oceano Atlântico, nomeadamente a abundância de matérias-primas: peixe, sal e barro. Roma, apesar de ter diversas colónias no Mediterrâneo, apreciava as qualidades e a frescura do garum atlântico. Era de facto uma “fábrica” à imagem da grandeza da cidade eterna: Roma.

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Existe uma história curiosa sobre um achado arqueológico neste importante aglomerado ubano-industrial da época romana. Em 1814, nas areias de Troia, foi descoberto um cofre de chumbo que continha, entre outros objetos, uma taça de prata ornamentada. Posteriormente, em 1850, foi adquirida pelo Duque de Palmela aos herdeiros do governador de Setúbal para figurar nos «Anaes» da nova sociedade científica, a Sociedade Archeologica Lusitana. Mais tarde, poderá ter sido oferecida ao rei D. Fernando II pelo Duque de Palmela, para a sua coleção privada de antiguidades. Ambos eram patronos da Sociedade Arqueológica Lusitana para fomentar as escavações arqueológicas em Troia. Recentemente, em 2018, foi redescoberta nas coleções da Fundação da Casa de Bragança por um grupo de investigadores portugueses. A “Taça de Troia” está exposta no Museu Nacional de Arqueologia (MNA).

É uma viagem constante (re) descobrir o estuário do Sado e uma parte do Alentejo que se abre ao oceano Atlântico: o Alentejo Litoral. Aqui, o viajante ou o turista poderá avistar uma imensa faixa de costa que, desde a Península de Tróia até ao Cabo de Sines, proporciona exuberantes e convidativas praias com um ininterrupto areal. Trata-se de uma das mais calmas, genuínas e tradicionais regiões de Portugal, onde o património natural e edificado continua bem preservado, e onde encontramos gentes que tornam a experiência de viagem mais enriquecedora.

Afinal, o Alentejo Litoral começa aqui…nos extensos areiais dourados da Peninsula de Tróia! Vai perder esta oportunidade de passear cá dentro?

🚢 Como chegar:

Como fica perto de Lisboa, a cerca de 60 km, Tróia pode ser um destino turístico que tanto pode dar para ir apenas fazer um passeio de fim-de-semana, como também pode ser incluído no roteiro de uma viagem para o Algarve. Há duas formas de chegar a Tróia. A partir de Setúbal, no ‘ferry-boat’ ou em alternativa, utilize a A2 e depois o IP1 e a EN 253. Os 103 quilómetros que separam Setúbal de Tróia ficam por 4,35€. A partir de Lisboa, as portagens custam 5,6€. A viagem fica por 3,95€ por pessoa. A nossa escolha recaiu pelo ferry, em virtude da beleza do trajeto. A Atlantic Ferries -Tráfego Local, Fluvial e Maritimo, SA, empresa privada do grupo Sonae Capital que assegura o serviço público de transporte fluvial de passageiros, veículos ligeiros, pesados e de mercadorias no rio Sado, desde Outubro de 2007, entre o porto de Setúbal e a peninsula de Tróia, com recurso a  uma frota de quatro navios: dois  ferrys (Pato Real e Rola do Mar) e dois catamaran (Garça Branca e Roaz Corvineiro). No nosso caso especifico, optamos por ir no ferry “Pato Real”, com capacidade máxima para 500 passageiros e 60 viaturas ligeiras, para contemplar o Parque Natural da Arrábida, observar os golfinhos roazes do rio Sado, a beleza  urbana da capital sadina – Setúbal – e a envolvente paisagística da Reserva Natural do Estuário do Sado.

📝Nota Informativa:

O Blogue OLIRAF relizou esta visita no mês de Julho de 2018. Agradecemos a visita guiada, dirigida pela Dr.ª Ana Patrícia Magalhães (membro da equipa de arqueologos da Tróia Resort-Investimentos Turísticos, S.A.), pela envolvência do sitio arqueológico da época romana e a respetiva oferta do bilhete para a viagem de transporte fluvial na empresa Atlantic Ferries.

Não deixe de fazer…

  • conhecer a capital do rio Sado: a cidade de Setúbal;
  • fotografar o pôr-do-sol, as águas calmas do Sado atingem o seu nível mais elevado proporcionando imagens singulares do espelho de água envolvente;
  • observar a fauna e a flora da Reserva Natural do Estuário do Sado;
  • explorar os encantos e recantos da Serra da Arrábida;
  • fazer um passeio numa embarcação maritimo-turistica no estuário do rio Sado;
  • visitar o ex-libris do Alentejo Litoral: o cais palafítico da Carrasqueira;
  • petiscar um belo prato de choco frito num restaurante local da Aldeia da Carrasqueira, Carvalhal ou Comporta.
  • visitar, em Setúbal, as ruínas militares de uma Bataria de Artilharia de Costa (Outão);
  • fazer uma caminhada e banhar-se nos extensos areais da Península de Tróia;
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🔗Para mais informações:

Aqui poderá encontrar, por exemplo, bibliografia e dicas sobre o património material e imaterial nos seguintes links:

O Troia Resort é a empresa responsavél pela conservação, exploração, e divulgação de atividades ligadas ao sítio arqueológico de Tróia. Para consulta de visitas guiadas, eventos temáticos e horários poderá consultar o site http://www.troiaresort.pt/pt/troia-ruinas/visite-nos/horarios/. Recomendo, também, a consulta do sitio digital do Município de Grândola ou do Turismo de Portugal, visto que permite encontrar inúmeras sugestões de passeios, pontos de interesse, museus e gastronomia local e regional, associado ao concelho alentejano. Poderá encontrar mais informações sobre o sitio arqueológico de Tróia na Direcção-Geral do Património Cultural e no SIPA. Se tiver alguma dúvida ou querer saber mais informações sobre actividades, pode sempre utilizar o email arqueologia@troiaresort.pt | Telefone: +351 265 499 400 | Telemóvel: +351 939 031 936.

Cetóbriga in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2019. [consult. 2019-09-15 11:46:00]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$cetobriga
 
 
PINTO, I. V.; MAGALHÃES, A. P.; BRUM, P. (2014) – Ruínas Romanas de Tróia: a valorização de um património singular, Revista Musa 4, MAEDS, Setúbal, p.29-40. Disponível na Internet:
https://www.academia.edu/22438283/Ru%C3%ADnas_Romanas_de_Tr%C3%B3ia_a_valoriza%C3%A7%C3%A3o_de_um_patrim%C3%B3nio_singular
 
Mayet, F., & Silva, C. T. d. (2017). Olarias Romanas do Sado. In C. Fabião, J. Raposo, A. Guerra, & F. Silva (Eds.), Olaria Romana. Seminário Internacional e Ateliê de Arqueologia Experimental / Roman Pottery Works: international seminar and experimental archaeological workshop (pp. 221-237). Lisboa: UNIARQ/CMS/CAA.
 
Mayet, Françoise; Silva, Carlos Tavares da. Abul: Fenícios e Romanos no vale do Sado. Setúbal, Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal e Assembleia Distrital de Setúbal, 2005. ISBN 972-9253-23-4.
 
RIBEIRO, Orlando – A Arrábida : esboço geográfico. Lisboa : [s.n.], 1935. 94 p ; 24 cm. Tese de doutoramento em Ciências Geográficas apresentada à Faculdade de Letras da Univ.de Lisboa.
 
TAVARES DA SILVA, Carlos; SOARES, Antónia Coelho. Escavações arqueológicas no Creiro (Arrábida), Campanha de 1987 in Setúbal Arqueológica, vol. VIII, 1987, pp. 221-237
 

Nota importante [👤]

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🍷Enoturismo no Alentejo: três sugestões para provar os melhores vinhos da região do Alentejo

🍇Portugal é sinónimo de excelentes vinhos. Um pequeno país com uma grande diversidade geográfica e humana que reflete-se nos seus vinhos. E o Alentejo é um território vinhateiro por excelência excepcional. Existem inúmeras sugestões e experiências para deliciar-se com o néctar de Baco. Uma sugestiva viagem pela região vinícola do Alentejo, uma região rica, quente, complexa e fascinante. O aprendiz de enófilo, OLIRAF, selecionou três produtores de vinho de paragem obrigatória para descobrir a harmonia perfeita entre a história, a paisagem e as gentes desta região portuguesa. E se cada região tem a sua história, cada vinho também. Saborear um vinho é, no fundo, viajar pelos paladares da região que o produz. Alentejo, Alentejo! Um brinde ao melhor que o Alentejo oferece. ➡ Saiba mais: www.vinhosdoalentejo.pt

🔞Atenção: “Life is too short to drink cheap Wine”. Seja um “Baco” por um dia. Descubra os cinco sentidos do prazer de um Deus Pagão. Beba com Moderação.

🍷O Enoturismo está na moda. Há cada vez mais produtores e empresas vinícolas a apostar forte neste segmento de mercado. Através das nossas experiências e provas de vinhos, ao longo das nossas viagens por Portugal, temos verificado o rápido crescimento e sucesso deste segmento de mercado na área dos vinhos e do turismo em Portugal. Não podemos negar que o desenvolvimento do enoturismo numa determina da região, permite dar a conhecer o sector vitivinícola,os respectivos vinhos DOC (Denominação de Origem Controlada) e,acima de tudo, captar internacionalmente turistas-viajantes enófilos para percorrer a imensa paisagem vinícola portuguesa. A História de inúmeras gerações familiares que passaram o segredo da arte de bem produzir um vinho. Provar, e acima de tudo, saborear os aromas e os paladares de um vinho é viajar pela História secular, por exemplo, de um Quinta. Por detrás de grandes vinhos, há sempre uma grande produtor.

O Alentejo é uma região com condições únicas para fazer Enoturismo em Portugal. Os turistas são convidados a viajar pela história do vinho na região, por exemplo, a tradição milenar da produção de vinho da Talha, trazida pelas legiões romanas há mais de dois mil anos. Os romanos compreenderam as potencialidades deste imenso território com condições únicas para a cultura, consumo e exportação do vinho.  Ainda hoje, existe um saber fazer que nunca se perdeu e manteve-se viva em inúmeras localidades desta região vinícola. Ainda hoje, este povo da Península Itálica teve um grande impacto no desenvolvimento da cultura vínica alentejana, contribuindo para um riquíssimo legado histórico material e imaterial desta região portuguesa., nomeadamente, na gastronomia, na arte, nas tradições e no artesanato.

Disse, e com razão, o poeta-pensador Fernando Pessoa que “Pessoa: “Boa é a vida, mas melhor é o vinho (…).” Agora que nos apetece sair de casa, o Alentejo pode ser um destino privilegiado para umas férias em tempo de pandemia. Há tanto para conhecer no Alentejo! Aqui ficam três sugestões de produtores, quintas e vinhos para celebrar o desconfinamento:

📍Adega de Vila Santa (Estremoz, Alentejo)

Estremoz_JPR-1 copyTem nome de uma rainha-santa: a rainha Isabel de Aragão, mulher de D.Dinis, que faleceu na vila de Estremoz no século XIV. A Adega Vila Santa, no concelho de Estremoz, foi o local eleito para materializar um projecto pessoal, idealizado em 1988, por João Portugal Ramos: a produção dos seus próprios vinhos. É o resultado da longa experiência acumulada de um dos maiores enólogos e consultor na criação de vinhos nas principais regiões vitivinícolas portuguesas. Estávamos em 1997, após sete anos  da plantação dos primeiros cinco hectares de vinha em redor da fortaleza-abaluartada de Estremoz, dá-se a construção de uma moderna Adega – Vila Santa – para acolher modernas instalações de vinificação, sala de engarrafamento e caves para o estágio das barricas de carvalho francês, americano e português, não esquecendo a harmonia paisagística e a arte de fazer vinhos portuguesa. Ainda hoje, uma parte das uvas é destinada aos lagares para ser pisada. Por exemplo, os vinhos tintos mais sofisticados da gama do Grupo João Portugal Ramos. Atualmente,a área de vinha no Alentejo perfaz, aproximadamente, 600 ha.  Há paisagens que puxam por uma fotografia. Venha passar um dia diferente a Estremoz. Faça uma experiência de Enoturismo, descobrindo os contornos da arquitectura tradicional alentejana da Quinta de Vila Santa,através de uma visita guiada pelas vinhas, adega e caves, onde pode optar por uma programa didático e dinâmico: “Seja Enólogo por um dia”. Esta atividade permite ao aprendiz de enófilo criar o o seu próprio vinho, com base em três castas tintas (Aragonez, Alicante Bouschet e Touriga Nacional), e levá-lo para casa para mais tarde saborear em família ou com os amigos.  De seguida, poderá optar por um almoço de gastronomia típica alentejana, uma aula de culinária, ou uma prova de vinhos acompanhado de queijos e outros petiscos da região alentejana. A nossa preferência recaiu para um vinho branco, com um perfil nobre, fresco e com uma grande mineral idade: o Marquês de Borba. Sob o pretexto de descobrir a região vitivinícola do Alentejo, o viajante-enófilo poderá optar por “mergulhar” no centro histórico e nas muralhas do Castelos de Estremoz.

📍Adega da Cartuxa (Évora, Alentejo)

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Uma viagem no tempo. Nas proximidades da cidade de Évora, a cerca de 2 Km, o viajante-enófilo mais entusiasta poderá visitar a Quinta do Valbom e ficar a conhecer a vasta gama de vinhos da Fundação Eugénio de Almeida. Surpreenda-se com a história secular de uma Quinta que pertenceu ao Jesuítas, expulsos em 1759 pelo Marquês de Pombal. Já deve ter ouvido falar do Mosteiro da Cartuxa? O nome da comunidade religiosa que inspirou a família Eugénio de Almeida a criar esta marca-ícone do Alentejo. Ou do vinho Pêra-Manca? Um dos vinhos mais conhecidos do Brasil. Alie o melhor do património histórico-cultural e vitivinícola eborense, através de uma visita guiada à Adega com uma prova de cinco vinhos – Sto. Inácio de Loyola – de toda a gama Adega da Cartuxa. No Centro Histórico de Évora, junto ao Templo Romano, poderá conhecer a Enoteca Cartuxa e ter um “casamento perfeito” entre cozinha regional alentejana e os vinhos da Adega Cartuxa. As visitas guiadas e os almoços são realizados mediante marcação prévia. A nossa sugestão vai para um prato de polvo à lagareiro com batatas a murro acompanhado de um EA Reserva Tinto. Para sobremesa, a nossa recomendação vai para um Pudim de Azeite. Antes de deixar esta cidade-monumento, uma visita ao Paço de São Miguel poderá ser uma bela despedida de uma das cidades mais belas e singulares de Portugal.

📍Adega da Ervideira (Monsaraz, Alentejo)

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Os solos desta sub-região vitivinícola – Reguengos de Monsaraz – são caracterizados pelos granitos e xistos, bem como pela continentalidade do seu clima. Os seus vinhos, em virtude das condições edafo-climáticas, têm características distintas de qualidade e tipicidade. Os castas tintas (Trincadeira) e brancas (Roupeiro) predominam nesta sub-região vitivinícola. Para conhecer mais sobre a história desta marca familiar de vinhos alentejanos, o viajante-enófilo terá de deslocar-se à Herdade da Herdadinha (ou ao Monte da Ribeira). É na primeira que se encontra o “coração” da Adega Ervideira, tendo uma área de produção de vinho com 160 hectares divididos pelos concelhos da Vidigueira (110 ha) e de Reguengos de Monsaraz (50 ha). Foi neste local que, em 1880, o Conde D’Ervideira plantou as primeiras vinhas para produzir um dos mais satisfatórios e famosos néctares de Baco da região do Alentejo. Ainda hoje, a família Leal da Costa é descendente direta deste agricultor de sucesso dos séc. XIX e XX. Sabia que foi nos seus 50 hectares que foi plantada, pela primeira vez, a casta Touriga Nacional no Alentejo? E que as águas frias do maior lago europeu – o Alqueva – são utilizadas para estagiar os seus vinhos a 30 metros de profundidade? Poderá fazer uma visita guiada e uma prova de vinhos pela essência da Adega Ervideira para compreender o processo produtivo, desde a apanha da uva até à expedição final. Poderá optar por fazer a prova de vinhos, por exemplo, na “aldeia-monumento” de Monsaraz. Imagine fazer saborear os vinhos Ervideira numa antiga Escola Primária?  Deixe-se deliciar-se pelos aromas e sentidos de um vinho frutado, enquanto desfrutar de uma vista exuberante para a planície [infinita] alentejana e para o azul da Albufeira do Alqueva. Um brinde, com um vinho “Invisível, ao Alentejo…será a cereja no topo do bolo. Saboreie a tradição e o património. Saboreia o Alentejo. Perca-se e encontre-se nele! Uma visita sugestiva para os  amantes de enoturismo e entusiastas da fotografia de paisagem.

Não deixe de fazer…

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📝Nota Informativa:

As empresas vitivinícolas (e os vinhos) aqui apresentados são, na sua maioria, convites que chegaram ao Blogue OLIRAF por parte de produtores para conhecer a essência da produção vinícola e o património histórico-cultural a eles associado, de acordo com os nossos critérios editoriais.

🔗Para mais informações:

Aqui poderá encontrar, por exemplo, extensa documentação e dicas sobre o património material e imaterial  nos seguintes links:

O  Instituto da Vinha e do Vinho, I.P., um organismo tutelado pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural,dá-nos uma perspectiva da evolução temporal  da produção, produtores e regiões vinícolas de Portugal.  A Rota dos Vinhos de Portugal oferece informação actualizada sobre as imensas experiências nas diversas regiões vinícolas em Portugal, sendo a melhor opção para começar a planear uma viagem à região. Se for um enófilo mais exigente, deixo-lhe uma sugestão de leitura de uma publicação de referência, a Revista de Vinhos, sobre vinhos e gastronomia em Portugal Continental e Ilhas. Recomendo, também, a consulta do sitio digital da Rota dos Vinhos do Alentejo (Enoturismo) para uma maior planificação da sua viagem para percorrer as inúmeras quintas vinícolas da região do Alentejo.

Conheça-as aqui:https://www.vinhosdoalentejo.pt/pt/rota-dos-vinhos/rota-dos-vinhos-do-alentejo/

Nota importante [👤]

⛔️Alguma vez pediu autorização para publicar uma fotografia?

🔗💻Gostou das nossas fotografias? Se sim, pode partilhá-la na sua conta das redes sociais, blogue ou num sítio web. Para tal, o leitor poderá citar os devidos créditos, segundo o exemplo baixo:

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Agradecemos a divulgação do nosso trabalho. ✔️

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📌À descoberta de Sevilha (Espanha): três sugestões histórico-culturais para fotografar…

📷 Sevilha: pérola do Guadalquivir, jóia de Espanha. Com o rio Guadalquivir aos seus pés, a capital da Andaluzia preserva um importante legado patrimonial-cultural do Reino de Espanha. Sabia que Carlos V de Habsburgo e Isabel de Portugal, filha de D.Manuel I, casaram-se nestas latitudes? E que a descoberta do Novo Mundo fomentou o crescimento da cidade, em virtude do seu porto ser servido pelo rio Guadalquivir? Afinal, esta cidade andaluza não é apenas o berço do Flamenco. O seu património histórico-cultural revela-nos a importância e a sua beleza secular. Edificios como a Torre del Oro, o Archivo General de las Indias, a Catedral e a Giralda de Sevilha, o Palácio real de Sevilha, a Plaza de Espanã  e, mais recentemente, o Metropol Parasol são visitas obrigatórias. Todavia, o  Archivo General de Indias, construído na 2.ªMetade do Século XVI, impressionou-me pela sua dimensão. Afinal, uma boa parte da documentação histórica – “burocrática” – do Império Espanhol encontra-se nesta urbe colossal e monumental.

O viajante Washington Irving (1783-185) apelidava a região da Andaluzia o “Oriente Europeu”. E com razão. Os ecos da civilização islâmica estão um pouco por toda a parte nesta região e, em especial, na cidade de Sevilha. Se Lisboa deu Novos Mundos ao Mundo, Sevilha construiu o Novo Mundo. Deixo-vos, assim, três sugestões fotográficas para visitar na capital da região espanhola da Andaluzia:

📍Catedral Gótica e La Giralda de Sevilha

Lisboa-1-12Ah, a Giralda! O “Rincone” mais conhecido da capital da região da Andaluzia. Um hino à beleza arquitectónica  das civilizações Islâmica e Cristã. Que belos 104,1 metros de altura! Que verticalidade monumental!  Sabia que a Catedral de Sevilha é o maior templo gótico do Mundo? Sevilha tem a maior catedral do reino de Espanha e a maior catedral gótica do Mundo. É uma obra humanamente colossal e monumental. Daí, este templo-monumento ser considerado, desde 1987, Património Mundial da Unesco. A Catedral de Sevilha [e a sua torre-minarete] são uma autêntica aula de História sobre o legado islâmico desta cidade andaluza. A primeira foi construída entre 1401 e 1506. Já a segunda, construída entre 1184 e 1196, durante o período almóada de Sevilha. Nem o Terramoto de 1755 (Lisboa) desfigurou este templo-monumento. Uma prova da sua robutez construtiva e resiliência perene. Não deixe de subir as inúmeras rampas que dão acesso ao topo do antigo minarete islâmico e sinta-se um verdadeiro “almundem”, imaginando que está a anunciar as cinco chamadas diárias à oração. Pelo caminho, fique a conhecer a história deste minarete islâmico (adaptado a torre sineira no século XVI), através de um circuito expositivo com objectos alusivos à sua construção desta vertical obra. Após a visita, não deixe de conhecer o Pátio das Laranjeiras. Ah, a essência do al-Andalus! Visitar a Catedral e La Giralda é um belo exemplo da tolerância que reinava no antigo al-Andalus.

📍Jardins do Real Alcázar de Sevilha

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Real Alcázar de Sevilha é um dos mais antigos complexos palacianos do continente europeu. Construído no séc. VIII, sob alicerces romanos, pelos descendentes do profeta Maomé e, posteriormente, aumentado pelos reis cristãos de Castela. Foi declarado Património Mundial da UNESCO em 1987. Nas 5.ª e 6.ª temporadas de GOT, é o cenário da exótica e exuberante Casa Martell, com as suas exóticas fontes e os jardins exuberantes do “Water Gardens of Dorne”. Os salões, os pátios e os jardins dão cor e forma à residência palaciana dos governantes do reino de Dorne: a cidade de Sunspear. O Patio de las Doncellas, a Sala de los Embajadores, Baños de Maria Padilla e os jardins são locais cinematográficos que nos transportam para a época do al-Andalus e para a beleza arquitectónica  da Civilização Islâmica na Península Ibérica. Um exemplo da mescla cultural entre muçulmanos e cristãos que deu origem a um estilo artístico: a arte mudéjar.

📍Ruínas da antiga cidade romana de Itálica

Sevilha-7Da ficção para a realidade. Localizada em Santiponce, nas proximidades de Sevilha, a antiga cidade romana de Itálica é um enorme complexo arqueológico de 10 ha. Foi a primeira cidade romana fundada na Península Ibérica pelos Romanos, no ano 206 a.C. Aqui nasceram os Imperadores Adriano e Trajano. Mas, o seu ex-libris é o antigo anfiteatro romano. Tinha uma capacidade para 25 mil espectadores, além dos dez a quinze mil habitantes de Itálica. A plateia deliciava-se com as gloriosas e sanguinárias lutas de gladiadores na arena. Ainda bem que as mentalidades mudaram. Todavia, as pedras ficaram para contar as estórias da História.  Durante a 7.ª temporada de GOT,  a “DragonPit” foi o local de encontro entre a rainha-mãe Cersei e a mãe dos Dragões Daenerys Targaryen, após uma entrada de assustadora beleza do grandioso Drogon. A escolha para visitar este local não foi feita ao acaso. Trata-se do terceiro maior anfiteatro da Roma Antiga, fora da Península Itálica.

Não deixe de fazer…

  • subir ao topo do Metropol Parasol (Plaza de La Encarnación) para contemplar uma das melhores vistas panorâmicas da cidade de Sevilha;
  • conhecer a História da América Espanhola no  Archivo General de Indias;
  • realizar um tour pela Plaza de La Maestranza;
  • percorrer os inúmeros palácios de Sevilha, tais como, Casa Palacio de las Dueñas, Casa de Pilatos, Palacio de la Condessa de Libreja, entre outros;
  • assistir a um espectáculo de Flamenco na Casa de la Memoria;
  • aventurar-se nos bairros tradicionais e sinta o “salero” da cidade de Sevilha: Triana, Santa Cruz, La Marcarena e Los Remedios;
  • conhecer o legado pictórico dos maiores mestres e de obras singulares do barroco espanhol (Pacheco, Zurbarán, Cano, El Greco, Ribera, Murrillo entre outros), no Museo de Bellas Artes de Sevilla;
  • ver o que resta das antigas muralhas da época Almóada (Bairro de Santa Cruz);
  • fazer um passeio de barco pelo rio Guadalquivir (ou na Plaza de España);
  • ver uma partida de futebol do Sevilha FC e Bétis de Sevilha.
  • compre uma recordação tradicional, por exemplo, um abanico sevilhano para oferecer à sua cara-metade.
NÃO PERCA AS MINHAS AVENTURAS E OLHARES FOTOGRÁFICOS NO INSTAGRAM! UM ENCONTRO COM A HISTÓRIA, AO SABOR DAS IMAGENS…

✈ Como chegar:

Através da aplicação Go Euro fiz uma comparação das companhias de transporte com melhor relação custo-tempo. Optei por viajar de autocarro para Sevilha com a empresa  rodoviária “low-cost” Flixbus, uma vez que já tenho experimentado o serviço desta empresa na minha escapadinha a Madrid (2018) O autocarro é moderno e com excelentes condições a bordo (Wi-fi & Ar Condicionado). A viagem de ida e volta ficou à volta de 50 €, onde optei por viajar à noite. Aqui está uma excelente opção para quem não queira pagar uma noite de estadia. Mas, não recomendo repetir, muitas vezes, esta experiência.  A partida é feita na estação do Oriente (Lisboa) com destino à Estación de autobuses de Sevilla (Plaza de Armas).

🏠 Onde ficar:

Em Sevilha existem inúmeras opções económicas de alojamentos, consoante o número de dias que irá ficar na capital espanhola. Bem perto do centro histórico de Sevilha, optei por ficar no Koisi Hostel Sevilla. Trata-se uma excelente opção para quem queira ficar no centro da cidade de Sevilha e ter acesso rápido a todas as actividades e locais culturais. Na minha opinião, os seus pontos fortes são a localização e o preço. Há inúmeras actividades, mas todas elas são pagas. O pequeno-almoço não está incluído, mas à sua volta está servido por óptimos cafés.

🍜 Onde comer:

Mercado de Triana (Bairro de Triana), é uma boa sugestão para saborear a gastronomia andaluza, com uma óptima relação custo-qualidade. Entre a Ponte de Triana e a Ponte de San Telmo, a calle Betis tem inúmeros restaurantes e tascas para saborear umas boas tapas, com um ambiente sereno que contagia qualquer um. Para quem quer um sítio calmo e com uma boa vista para a cidade de Sevilha, o Maria Trifulca é uma uma excelente escolha para os viajantes com um paladar mais exigente e que queiram um maior conforto. Todavia, a relação custo-qualidade não é a melhor. A Confitería La Campana (1885) é um marco gastronómico local. Aqui, o forasteiro pode saborear uns deliciosos bolos, chocolates tradicionais ou de um quente café con leche. É uma excelente escolha para tomar um pequeno-almoço sevilhano. E dizem que os reis de Espanha adoram!

🔗Para mais informações:

O website do Turismo de Espanha (Visit Spain) oferece informação atualizada sobre o destino Espanha. É a melhor opção para começar a planear uma viagem a Espanha,  permitindo descarregar mapas e um conjunto de informações sobre os transportes públicos, locais de interesse, museus, gastronomia, entre outros. Por outro lado, pode consultar, também, os sites do turismo oficial da região da Andaluzia ( e da cidade de Sevilha (Visitasevilla).

Uma escapadinha a Sevilha (ou uma roadtrip por Espanha) está nos seus planos? Se não, é melhor fazer uma lista de locais que tem de conhecer e organizar a agenda para descobrir esta cidade verdadeiramente cultural e vibrante. Poderá encontrar, por exemplo,  alguns artigos escritos por nós com dicas sobre o património histórico-cultural de Espanha.

Nota importante [👤]

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. As recomendações de produtos turísticos baseiam-se nas experiências [reais] de viagem e o conteúdo editorial é independente de terceiros.  Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

linhagraficaALL-oliraf-03💻  Texto: Rafael Oliveira  📷 Fotografia: Oliraf Fotografia 🌎

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 FOTOGRAFIA✈︎VIAGENS✈︎PORTUGAL©OLIRAF (2020)

📩 CONTACT: OLIRAF89@GMAIL.COM

🌍OLIRAF Blogger Trips 2019: 12 Experiências, 12 Imagens 📷

📷 Foi uma década de grandes e exigentes desafios que termina. 2019 foi o ano que finaliza uma década recheada de sucessos pessoais e profissionais. Viajamos de Norte a Sul de Portugal, incluindo a Ilha da Madeira. Do Turismo Histórico-Militar ao Enoturismo. Dos locais turísticos aos pitorescos. Recordemos, então, o ano 2019 que termina. Gostamos de viajar, não porque gostamos de mostrar, mas porque nos dá prazer. Sempre com a curiosidade pela História e com a vontade de inventariar o Mundo e de catalogar as experiências. Para mais tarde, arquivar na nossa memória. Fomos um dos nove finalistas dos prémios Discoveries Awards (2019), patrocinado pela Via Verde, em parceria com o Município de Óbidos. Saímos da nossa zona de conforto – a fotografia de viagem – e arriscamos na categoria de Escrita; a Sapo Viagens, seleccionou uma das nossas fotos da aldeia histórica de Piodão, da rede social Instagram, para um artigo online; Recentemente, a convite da Culture Trip, falamos sobre a tendência do Turismo Militar e das ruínas do extinto Regimento de Artilharia de Costa. Leia aqui.

👨🏼‍🏫Conferência sobre Turismo Militar (Lisboa, Portugal)

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Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos © Créditos fotográficos: Carina Palma

 A convite da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos (APAC) realizei, no passado dia 2 de Dezembro de 2019, uma comunicação “O Turismo Militar como forma de preservação e salvaguarda do património histórico-militar: o caso do blogue OLIRAF” no âmbito do Ciclo de Conferências subordinado à temática: Novos Meios de Divulgação Patrimonial. Os Blogs, que decorreram no secretariado da APAC, respectivamente, entre 7 e 21 de Outubro, 4 e 18 de Novembro e 2 de Dezembro de 2019. Agradecemos a oportunidade por falar sobre o nosso projecto de escrita e fotografia de viagens e dar a conhecer a um público mais alargado. Deixo, aqui, o resumo da minha conferência.

🎖Discoveries Awards da Via Verde  (Óbidos, Portugal)

Fomos um dos três blogues finalistas da 2.ª edição do Discoveries Awards (2019), na categoria de Escrita de Viagens. Infelizmente, não ganhamos. Foi a primeira vez que saímos da nossa área de conforto, a fotografia, e apostámos na Escrita. No entanto, vamos continuar a inspirar as pessoas a ter Mundo, a dar a conhecer o nosso Portugal e a incutir o gosto pela História. Sabe sempre bem ver reconhecido a nossa paixão pela escrita e fotografia de Viagens, em especial, pela Via Verde. Parabéns aos nosso amigos Alexandre Anabela Narciso (do Blogue @vagamundos_pt). No final, quem ganhasse, pagava uma Ginginha de Óbidos. E assim foi! 🔝 (Re) leia aqui o nosso artigo sobre a Aldeia Histórica de Monsanto.

Como forma de celebrar o ano que chega ao fim, decidi seleccionar as 12 imagens que reflectissem os lugares que mais gostei de conhecer. Esperamos inspirar os nossos leitores a conhecerem Portugal e a viajar mais pelo Mundo em 2020. Apesar da subjectividade visual reflectir uma escolha pessoal, deixo-vos o Best of das minhas Blogger Trips 2019. Eis a seleção de 12 imagens:

🏡Aldeia do Juízo (Pinhel, Guarda)

AldeiaJuizo (1)--3O quotidiano habitual de uma aldeia beirã chamada Juízo. Reza a lenda que um Juiz habitava nestas latitudes. Aqui, a vida corre sempre vagarosa. A essência desta aldeia do concelho de Pinhel (Guarda) reside neste pequeno grande pormenor: as gentes humildes, trabalhadoras e humanas. O dia tinha começado cedo na acolhedora e quente aldeia do Juízo, no concelho de Pinhel (Guarda). Por uma hora, o enigmático mentor das Casas do Juízo, José Guerra, guia-nos pela História Local e pelos pormenores do Juízo. Se tiver perdido, o próprio irá receber-vos com a sua alegria e simpatia que caraterizam as gentes trabalhadoras e humildes da região da Beira Alta. Através do passeio matinal pelas ruas desta aldeia beirã que ficamos a conhecer o seu percurso de vida e como a paixão pelo Juízo o levou a apostar num projecto de recuperação de casas antigas para fins turísticos. O objectivo é contrariar o Êxodo Rural e apostar no Turismo de Aldeia. No final, o visitante pode deliciar-se na Taberna do Juiz com os sabores e aromas gastronómicos da região da Beira Alta. Para mais informações, pode ler aqui.

🚂 Comboio Histórico do Douro (Régua, Norte)

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Comboios há muitos. Históricos, e a vapor, são casos raros na imensidão geográfica da ferrovia europeia. Todos os anos, a CP – Comboios de Portugal – faz as delicias de milhares de entusiastas dos caminhos de ferro em Portugal.  O Comboio Histórico do Douro percorre a centenária Linha do Douro, uma das mais antigas linhas ferroviárias de Portugal,  entre a Estação da Régua e do Tua, com paragem na aldeia do Pinhão. Realizar esta viagem, a meu ver, é recordar a importância dos caminhos-de-ferro durante a REvolução industrial Inglesa. Antes de haver veículos motorizados,  a única ligação com o progresso do mundo civilizado e com a política da burguesa e humana da cidade do Porto, era feita por estes “monstros mecânicos” .Eis uma forma diferente de conhecer o coração do Vinho generoso do Porto: a região do Alto Douro Vinhateiro. Se gosta de Turismo Ferroviário pode fazer o Comboio Histórico do Vouga (Aveiro) e visitar as instalações do Museu Ferroviário (Entroncamento). Para mais informações, poderá ler aqui.

💣Recriação Histórica do XV Cerco de Almeida (Guarda)

XVCercoAlmeidaAlma até Almeida! Na imagem, a recriação do “Assalto à Fortaleza” que decorreu nas Portas de São Francisco. De um lado, os Franceses. Do outro, os Ingleses, Portugueses e os Espanhóis. No XV Cerco de Almeida (2019), organizado pela Câmara Municipal de Almeida pelo Grupo de Reconstituição Histórica do Municipio de Almeida (GRHMA), com a  participação de centenas de recreadores de Espanha, França, Inglaterra e Portugal, podemos ver um Acampamento Histórico-Militar,  o mercado oitocentista, recriações de batalhas diurnas e nocturnas, desfiles militares e concertos e bailes oitocentistas, entre outras coisas.  A 28 de Agosto de 1810, as tropas do VI Corpo do Grand Armée, comandado pelo Marechal Ney, entram triunfalmente em Almeida, após a explosão do paiol do Castelo de Almeida. Estava, assim, conquistada a mais importante praça-forte entre os rios Douro e Tejo. Massena mostrara ao descendente de César e Alexandre, Napoleão Bonaparte que, em tantos anos, era possível a conquista de Portugal à frente de um temível e numeroso exército. Felizmente, tal não aconteceu. E porquê ? Os ingleses, aliados de longa tradição de Portugal, equiparam e comandaram o exército português que combateu valorosamente nas Guerras Peninsulares. E não esquecer as Linhas de Torres Vedras, bem como os heróis anónimos da Guerrilha Popular que foi quebrando o ânimo do inimigo jacobino…que submetera e saqueou o nosso país a ferro e fogo! O Regimento de Infantaria N.°23, liderado por Pedro Casimiro, do Grupo de Recriação Histórica do Município de Almeida (GRHMA) é um dos muitos rostos anónimos que dão cor,forma, ritmo e autenticidade às recriações Históricas da Guerra Peninsular (1807-1814) em Portugal. Afinal, foi em Almeida que tudo começou. Para mais informações, poderá ler aqui.

✈️ Sevilha (Andaluzia, Espanha)

Sevilha-3 copySevilha é uma autêntica cidade cinematográfica. Os filmes Lawrence of Arabia (1962), a saga Star Wars (2002), Reino dos Céus (2005) e, mas recentemente,a série Game of Thrones (2015) foram imortalizados pela indústria cinematográfica de Hollywood.Com o rio Guadalquivir aos seus pés, a capital da Andaluzia preserva um importante legado patrimonial-cultural do Reino de Espanha. Sabia que Carlos V de Habsburgo e Isabel de Portugal, filha de D. Manuel I, casaram-se nestas latitudes? E que a descoberta do Novo Mundo fomentou o crescimento da cidade, em virtude do seu porto ser servido pelo rio Guadalquivir? Afinal, esta cidade andaluza não é apenas o berço do Flamenco. O seu património histórico-cultural revela-nos a importância e a sua beleza secular. Edifícios como a Torre del Oro, o Archivo General de las Indias, a Catedral e a Giralda de Sevilha, o Palácio real de Sevilha, a Plaza de Espanã  e, mais recentemente, o Metropol Parasol são visitas obrigatórias. Todavia, o Archivo Geral das Índias, construído na 2.ª metade do séc. XVI, impressionou-me pela sua dimensão. Afinal, uma boa parte da documentação histórica – “burocrática” – do Império Espanhol encontra-se aqui. O Real Alcázar de Sevilha é um dos mais antigos complexos palacianos do continente europeu. Construído no séc. VIII, sob alicerces romanos, pelos descendentes do profeta Maomé e, posteriormente, aumentado pelos reis cristãos de Castela. Foi declarado Património Mundial da UNESCO em 1987. Nas 5.ª e 6.ª temporadas de GOT, é o cenário da exótica e exuberante Casa Martell. Os salões, os pátios e os jardins dão cor e forma à residência palaciana dos governantes do reino de Dorne: a cidade de Sunspear. O Patio de las Doncellas, a Sala de los Embajadores, Baños de Maria Padilla e os jardins são locais cinematográficos que nos transportam para a época do al-Andalus e para a beleza arquitectónica  da Civilização Islâmica na Península Ibérica. Um exemplo da mescla cultural entre muçulmanos e cristãos que deu origem a um estilo artístico: a arte mudéjar.

💣Fam Trip pela Rota Histórica das Linhas de Torres  (Sobral, Oeste)

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“Atreva-se e Mude o seu destino, onde mudámos o de Napoleão!” é mote da Rota Histórica das Linhas de Torres para visitar e relembrar o mais barato sistema defensivo da História. Sabia que as Linhas de Torres Vedras foram declaradas Monumento Nacional em 2019? Para nós, as Linhas de TVD já o eram há imenso tempo! Estas Linhas Defensivas, construídas no contexto da III Invasão Francesa (1810-11), são demonstrativas da capacidade técnica da engenharia militar luso-britânica e da resiliência do povo português, em relação às fracas elites que dirigiam Portugal, desde o Brasil.  As caminhadas e o BTT são  um excelente mote para (re) descobrir uma rota histórica, aliando o prazer da actividade física à curiosidade histórica, bem como a contemplação da paisagem envolvente.  Quando estamos saturados da atividade quotidiana alfacinha, rumamos à região do Oeste para admirar e viajar pelos acontecimentos que fazem parte da História de Portugal: as linhas defensivas de Torres. Por exemplo, o Forte do Alqueidão é um dos melhores pontos paisagísticos para admirar o complexo sistema defensivo erguido a norte da península de Lisboa. Uma História de Fortes. E de vistas Fortes! Recentemente, em Outubro de 2019, foi lançada a Revista Invade da RHLT. Para saber mais informações, poderá ler aqui.

📲 Passeios da Instameet Lisboa (Barreiro, Portugal)

Instameet (Barreiro)O que é um Instameet? É um encontro de instagramers, de norte a sul do país, que pretendem dar a conhecer locais de uma cidade. A mentora Catarina Leornado organiza, desde Outubro 2019, com realização mensal, encontros entre instagramers para promover locais dos arredores da cidade Lisboa. Foi o caso do concelho do Barreiro, onde exploramos três rotas turísticas: a industrial (CUF), a de Arte Urbana (Vhils) e a Rota dos Moinhos de Vento e de Maré. Das três, o nosso destaque vai para os passadiços [de madeira] não existem apenas no Rio Paiva. No concelho do Barreiro existe um passadiço ribeirinho que percorre um “oásis” natural e arquitectónico, entre os antigos Moinhos da Maré e de Vento. É o caso do Moinho de Vento Nascente, um dos três moinhos eólicos da praia fluvial da Alburrica, edificados na segunda metade do século XIX. Hoje em dia, são o postal ilustrado da cidade do Barreiro. Há descoberta de uma das Rotas Turísticas do Barreiro: a Arte Urbana. Na imagem, um dos icónicos fotógrafos barreirenses: Augusto Cabrita. Para mais informações, poderá ler aqui.

🍷Open Day da Quinta do Gradil 2019 (Cadaval, Oeste)

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Quer passar um dia rodeado de História e de vinho? Ou um local tranquilo e ideal para escapar à rotina citadina? A uma hora de Lisboa, no coração da região Oeste de Portugal,a encontrámos uma antiga quinta rural que pertenceu ao Marquês de Pombal (1760). É a Quinta do Gradil. A arquitectura barroca e a cor amarela desta antiga residência nobre destacam-se, ao longo da EN115. na paisagem vitivinícola e rural.  A produção de vinho, segundo fontes documentais, remonta ao ano de 1854. A Quinta do Gradil conta com 120 hectares de vinha, tornando-a uma das maiores produtoras vitivinícolas da região de Lisboa. Com um clima fresco e temperado, a escassos 20 Km do Atlântico e a menos de 5 Km da bucólica Serra de Montejunto, é um bom mote para partir à descoberta dos seus Vinhos Brancos e Tintos. Tem como embaixadores os vinhos “Quinta do Gradil”, “Mula Velha” e “Castelo do Sulco”. Com uma forte tradição vitivinícola secular, a Quinta do Gradil é um dos ex-libris da região Oeste, só superada pela majestosa e deslumbrante beleza da Serra de Montejunto. Por trás de um grande produtor, há sempre uma grande vinho. Afinal, estamos numa das mais antigas propriedades agrícolas e dos principais marcos histórico-culturais do concelho do Cadaval. É uma Quinta com [uma magnifica] História! Brindemos a isso!

📍Núcleo Museológico da Artilharia de Costa da Madeira (Funchal)

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Aproveitando as nossas férias natalícias na Ilha da Madeira, fomos para conhecer uma Bataria de Costa que irá integrar a futura Rota de Turismo Militar da Ilha da Madeira, promovida pela Zona Militar da Madeira (ZMM). O Núcleo Museológico da Bataria de Costa (Pico da Cruz),  integrada na unidade militar do exército português, o Regimento de Guarnição N.º3 (RG3), é um excelente exemplo da preservação e divulgação de uma antiga unidade militar de defesa costeira, ao contrário do que sucede em Portugal Continental. A sua construção, iniciada e finalizada em 1940, foi o resultado da débil insegurança marítima e a problemática falta de recursos materiais e estruturas de defesa costeira do Arquipélago da Madeira, mais concretamente, da cidade do Funchal. Face às lições apreendidas com os bombardeamentos  dos submarinos alemães U38 (1916) e (1917)- os icónicos e temidos U-boat da marinha imperial alemã – à cidade do Funchal, no contexto da I Guerra Mundial (1914-1918), as autoridades militares nacionais decidem a construção de uma Bataria de Costa no Pico da Cruz. Estas três “sentinelas de aço”, com material de origem alemã – peças Krupp 15 cm de Tiro Rápido –  zelaram pela segurança da população Funchalense durante a II Guerra Mundial. Afinal, o inimigo vinha do oceano! Além da visita ao Núcleo Museológico da Bataria de Costa, no futuro os turistas e visitantes locais poderão visitar a antiga Bataria Antiáerea do Pico do Bucho, artilhada com 4 peças Vickers 9,4 cm, e o Museu Militar da Madeira (Palácio de São Lourenço). Para mais informações, poderá ler aqui. fez emergir a problemática da defesa da ilha e as consequências económicas e sociais da insegurança daí resultantes.

Moinho da Maré de Corroios  (Seixal, Portugal)

MoinhodaMaré (Seixal)Visitar o Moinho da Maré de Corroios foi , para mim, vivenciar outras épocas. Épocas em que era utilizada a energia das marés pelo Homem para actividades de moagem (cereais). Edificado, no alvor do séc. XV, por iniciativa de Nuno Álvares Pereira, foi o primeiro dos 60 moinhos de moageiros que existiram ao longo do estuário do rio Tejo. Mais tarde, em 1404, foi doado ao frades carmelitas do Convento do Carmo de Lisboa, no âmbito do testamento do Santo Condestável. O zénite dos Moinhos da Maré foi séc. XVI. Os Descobrimentos exigiam enormes quantidades de trigo para alimentar as frotas que partiam para “dar novos Mundos ao Mundo”. O famoso “biscoito” era cozido duas vezes para aguentar a dureza dos mares. Quem disse que a História é uma seca? É tudo uma questão de descoberta e paixão pela constante curiosidade pelo Mundo que nos rodeia. Trata-se de uma actividade gratuita, mas com inscrição obrigatória, promovida pelo Posto de Turismo do Seixal para o público que queira conhecer um pouco da História do concelho da margem sul do Tejo. Para mais informações, leia aqui.

🎞Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s (Funchal)

Museu Vicentes copyEm pleno centro da cidade do Funchal, na Rua da Carreira, existem um emblemático edifício que alberga, desde 1865,  um dos estúdios fotográficos mais antigos do Mundo: o Atelier Vicente`s. Em Portugal apenas subsistem dois do séc.XIX: o já referido Atelier Vicente`s (Funchal) e a Casa-Estúdio Carlos Relvas (Golegã). Aberto, em 1982, o antigo Museu Vicentes, esteve fechado ao público, entre 2014 e 2019. Recentemente, em Julho de 2019, o antigo Museu Vicentes reabriu, com pompa e circunstância, para delicia dos amantes da história e arte fotográfica. Além de manter o estúdio fotográfico original do fotógrafo insular Vicente Gomes da Silva , a Exposição permanente conta com uma vasta e deliciosa coleção fotográfica de inúmeros fotógrafos, profissionais e amadores, madeirenses: João Francisco Camacho, Vicente Photographos e Perestrellos Photographos. É de salutar e louvar a recuperação deste património secular para a sociedade madeirense e para as comunidades de outras latitudes que visitam a Ilha da Madeira. O Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente`sé tutelado pela Direção Regional da Cultura e as coleções fotográficas estão depositadas e inventariadas pelo Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira (ABM). Contém uma extensa coleção de máquinas fotográficas, processos fotográficos, equipamentos ópticos, mobiliário de época, cenários e adereços, entre outras curiosidades, desde o séc. XIX e XX, materializando os anos de atividade da família de fotógrafos insulares: os Vicentes. Visitá-lo é reavivar a memória insular e a História da Fotografia no continente Europeu, imaginando como seria o quotidiano  e a vivência de um fotógrafo do séc. XIX.  Entre 1852 e 1978, as quatro gerações da familia Vicentes documentaram acontecimentos históricos da Ilha da Madeira e retrataram os habitantes, ilustres e menos ilustres, da sociedade madeirense, monarcas portugueses e europeus, presidentes ou aventureiros que passavam  por estas latitudes. Para mais informações, poderá ler aqui.

🏡Aldeia Histórica de Portugal – Piodão (Arganil, Coimbra)

Piodão (Arganil)E agora Piodão, a própria Aldeia! Percorra, demoradamente, as ruelas desta aldeia Histórica bem portuguesa e solte a curiosidade de fotógrafo-viajante que há em si! Deixe-se surpreender pelos pormenores das casas de xisto, das janelas azuis e pelas gentes locais. E se gosta de fazer Turismo de Aldeia, pode pernoitar na Casa da Padaria e ficar a conhecer as estórias de uma antiga professora primária que apaixonou-se por um antigo padeiro local. Surpreenda-se pela natureza exuberante e a orografia envolvente desta aldeia  de xisto, encaixada num vale da Serra do Açor. Para mais informações, pode ler aqui.

📌 Passeio pelo rio Tejo com a Tritejo (Tancos, Portugal)

Tritejo copyE se fosse visitar o Castelo de Almourol nas próximas férias? Já conhece um dos maiores bilhetes-postais ilustrados do nosso país? Em Maio, a convite da empresa de animação Turística Tritejo, fomos conhecer o concelho de Vila Nova da Barquinha.  Tivemos a oportunidade de (re) visitar um dos locais que faz parte da nossa história e identidade colectiva: o castelo de Almourol! Aqui, há História Que bela silhueta de pedra! Todos somos recolectores de alguma coisa, no meu caso, dos pequenos instantes do passado! Ah, se houvesse maneira de fixar na alma imagens destas! Deve dar “gozo” ver com frequência esta obra bélica. Apreciá-lo com mais tempo e contemplar a sua fascinante cintura de muralhas. Para mim, este Guerreiro de pedra medieval é a comunhão perfeita entre a Natureza e o Homem. Já conhece o “guerreiro de pedra” Templário?  Sabia que a única forma de chegar, é de barco? A @tritejo.insta é uma boa opção para fazer um passeio pelas serenas águas do rio Tejo e contemplar a paisagem envolvente deste exemplar da arquitetura militar templária. A Tritejo organiza passeios de barco, com recurso a energia solar, entre o cais de Tancos e o Castelo de Almourol. Para mais informações, poderá ler aqui.

✔️Quais os vossos destinos  [de viagem] para 2020?

Não temos destinos escolhidos para o próximo ano, visto que podem surgir outras prioridades. Mas, existe uma lista de destinos exóticos e fora dos roteiros tradicionais de turismo que gostaríamos de ir na próxima década: São Tomé e Príncipe (África), Teerão (Irão), Fez (Marrocos), Goa (Índia), Svaneti (Geórgia), Dubrovnik (Croácia) Londres (Inglaterra), Viena (Áustria), Cracóvia (Polónia) e Toscânia (Itália). Espero concretizar algumas destas viagens. Em Portugal, irei continuar a dar prioridade ao Turismo Militar e a dedicar-me à publicação de artigos sobre a região do Oeste e da Ilha da Madeira. Estou certo que irão surgir novos projectos aliciantes, outros destinos vão ganhar prioridade. Estou certo que irei fazer a melhor escolha para mim e que agradem aos leitores do nosso blogue. Acima de tudo, deixo um conselho: façam poucas viagens, mas que sejam intensas e generosas em experiências. Viagem, mas devagar. Observem bem, com atenção, os pormenores e o ambiente que vos rodeia. E olhem o outro!

Desejo a todos os leitores as maiores felicidades a nível pessoal e profissional. Há sempre uma forma diferente e irreverente de ver Portugal e o Mundo que nos rodeia. Votos de um excelente 2⃣0⃣2⃣0⃣ com realizações pessoais e profissionais, bem como muitas viagens por Portugal e pelo Mundo! Afinal de contas, o importante é ter MUNDO!

Rafael Carvalho de Oliveira

Começa o ano a viajar com o Blogue OLIRAF 🌍 Se não tiver ideias para uma evasão, férias ou escapadinhas de fim-de-semana, o leitor pode sempre procurar um especialista. Na dúvida, escolha o blogue OLIRAF! Temos um país imenso, com lugares imensos para desbravar. Um pouco por todo o país existem lugares e regiões que merecem uma visita mais atenta. Pelo país fora, e pelo estrangeiro, há muito património histórico-cultural para visitar ao longo da nova década. Meta-se à estrada e siga as nossas sugestões fotográficas que inspiram a alma de viajante adormecida que há em cada um de nós!

📝Nota Informativa:

O Blogue OLIRAF agradece os convites que chegaram por parte de parceiros, empresas de animação turística e entidades de turismo para conhecer as suas experiências e o património histórico-cultural a eles associado, de acordo com os nossos critérios editoriais. Foi um gosto colaborar e dar a conhecer um pouco da vossa paixão e divulgação do melhor que se faz em Portugal, ao nível da promoção do turismo de experiências.

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Nota importante [👤]

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. As recomendações de produtos turísticos baseiam-se nas experiências [reais] de viagem e o conteúdo editorial é independente de terceiros.  Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

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💻 Texto: Rafael Oliveira 📷 Fotografia: Oliraf Fotografia 🌎

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FOTOGRAFIA✈︎VIAGENS✈︎PORTUGAL © OLIRAF (2019)

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👨🏻‍🏫Porque sou um apaixonado por Turismo Militar: a minha conferência [como blogger] na Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos.

📷 A convite da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos (APAC) realizei, no passado dia 2 de Dezembro, uma comunicação “O Turismo Militar como forma de preservação e salvaguarda do património histórico-militar: o caso do blogue OLIRAF” no âmbito do Ciclo de Conferências subordinado à temática: Novos Meios de Divulgação Patrimonial. Os Blogs, que decorreram no secretariado da APAC, respectivamente, entre 7 e 21 de Outubro, 4 e 18 de Novembro e 2 de Dezembro de 2019. Agradecemos a oportunidade por falar sobre o nosso projecto de escrita e fotografia de viagens e dar a conhecer a um público mais alargado.

📝Em 2007, a Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos (APAC) iniciou um conjunto de Ciclos de Conferências Trimestrais, relativos a temas vários de interesse histórico e cultural. Dando continuidade à iniciativa, o secretariado da APAC voltou a acolher um grupo de conferencistas, entre os quais o autor do blogue Ruinarte para falar sobre a sua perspectiva e experiência na utilização dos Blogues como plataformas online para divulgação e salvaguarda do património em Portugal. Este Ciclo de Conferências teve lugar no Secretariado dos Amigos dos Castelos, localizado na Rua Barros Queirós, n.º 20 em Lisboa. Para público não especializado e com entrada livre. Eram sessões individuais, sempre às Segundas-feiras pelas 18h. As comunicações tinham a duração, de aproximadamente, uma hora, seguida de cerca de 20 minutos dedicados a perguntas, oriundas da plateia.

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Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos © Créditos fotográficos: Carina Palma

Os blogues não morreram. Ainda hoje, estes são fontes de inspiração e de informação, bem como contribuem para a divulgação e consciencialização da importância da preservação e divulgação do património histórico-militar [em ruínas] existente um pouco pelo nosso país, junto de um público mais abrangente. Na sequência do trabalho que temos vindo a desenvolver no blogue OLIRAF, a APAC considerou que seria interessante falar sobre a temática  do Turismo Militar, em especial, a que foca o edificado militar. Assim, aceitamos o convite para expor um pouco o nosso projeto e falar sobre o património militar com relevância histórica e patrimonial. O tema era livre. Como tal, a minha escolha recaiu sobre o Turismo Militar no Blogue OLIRAF. Afinal, a génese do nosso projeto de escrita e fotografia de viagens começou com a vontade de inventariar visualmente, através da arte fotográfica, o património histórico-militar edificado, em especial, os Castelos de Portugal Continental.

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Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos © Créditos fotográficos: Carina Palma

Ao longo da minha conferência, para além de apresentar o projecto pessoal que deu origem ao blogue de fotografia e escrita de viagens, vulgarmente conhecido como OLIRAF, descrevi também os principais tipos turismo militar existentes no blogue: as recriações históricas oitocentistas, o dia das bases abertas das forças armadas portuguesas, arquitectura militar em ruínas, património histórico-militar de origem portuguesa no Mundo, museus militares portugueses, passeios com empresas de animação turística e roteiros fotográficos pelos castelos e fortalezas de Portugal Continental. Também abordamos, no âmbito de viagens e Fam Trips efectuadas em Portugal, Espanha e Marrocos, locais onde estava estava subjacente a história e cultura militar de Portugal ou do país visitado. Da palestra “O Turismo Militar como forma de preservação e salvaguarda do património histórico-militar: o caso do blogue OLIRAF” realçou-se, ainda, o apoio de diversos parceiros e entidades, tais como, a Mystical Trip,  o Grupo de Amigos da Artilharia de Costa Portuguesa, a Rota Histórica das Linhas de Torres e o Grupo de Recriação Histórica do Município de Almeida.

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Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos © Créditos fotográficos: Carina Palma

Salientamos que o Turismo [Histórico-] Militar não é exclusivamente feito para Militares. É para todos! E Porquê? O Turismo Militar é uma forma de dar conhecer os locais, acontecimentos e o património edificado, de cariz bélico, da História Colectiva de um território, incorporando diversas formas de cultura, história ou arquitectura. O Turismo Militar é uma outra forma de falar da História, através do Turismo Histórico-Cultural. É um mercado e um produto turístico diferenciador e com inúmeras valências e potencialidades com impacto no território e nas suas populações.

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Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos © Créditos fotográficos: Carina Palma

O nosso sincero agradecimento à Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos pelo simpático convite para sermos um dos oradores deste Ciclo de Conferências e a  oportunidade dar a conhecer o nosso projeto de fotografia e escrita de viagens ao público. O interesse do tema abordado, motivou o debate e a troca de impressões, entre o orador e a plateia, ficou bem patente a importância deste tipo de acções na manutenção de uma memória de um povo viva, designadamente no que concerne aos episódios que constituem a sua história colectiva e  cultura militar do nosso país. É o reconhecimento do nosso trabalho [de anos] à descoberta da enorme riqueza histórico-militar que temos dentro do nosso país. Ficamos contentes pelo feedback da plateia e foi um desafio motivador falar sobre o nosso hobbie, que fazemos com gosto e paixão, numa associação que promove a salvaguarda dos “Bellatores de pedra” em Portugal.

Deixo, aqui, o resumo da minha conferência.

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Rafael Carvalho de Oliveira é mestre em Ciências de Informação e Documentação (variante Arquivística), com a tese O Fundo Monsenhor Francisco Esteves de Jesus (1871-1959): descrição arquivística a colecção de álbuns fotográficos da Paróquia de São Vicente de Fora, publicada em 2016. Licenciado em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) e pós-graduado em Ensino da História no 3.ºCiclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário pela mesma instituição. É especialista em tratamento documental de Arquivos Fotográficos, onde trabalhou em diversas instituições e empresas, tais como, o Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no Patriarcado de Lisboa, na Fundação Portuguesa das Comunicações, na Reisswolf e na Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (ex-Diamang). Desenvolve actividades como técnico de documentação fotográfica, onde integra a equipe de investigação que realiza o estudo e tratamento arquivístico do Espólio de José Marques (1924-2012), no âmbito do Projeto Rossio (TNDM II). Nos tempos livres, dedica-se às suas três paixões: a Fotografia, a História e as Viagens. Em 2011, criou o Blogue OLIRAF, um projeto de escrita e fotografia de viagens. Foi finalista dos Discoveries Awards 2019, na categoria de escrita, e nomeado na categoria de Fotografia nos BTL Blogger Awards (2016 e 2017).

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🔗Para mais informações:

A Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos é uma Organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo contribuir para a conservação, proteção, divulgação e salvaguarda do património fortificado português, juntamente com as suas envolventes e sítios históricos. Neste contexto programamos visitas culturais a nível nacional e internacional. Desde 1984 que a Associação celebra o Dia Nacional dos Castelos. Em 2003, esta data foi oficialmente fixada no dia 07 de Outubro, comemorando-se em vários pontos do país.

Além do Turismo Militar no Blogue OLIRAF, recomendo a consulta dos seguintes sítios digitais:

Associação de Turismo Militar Português

Turismo Militar (Marca)

Blogue Operacional

Mystical Trip (Empresa de Animação Turística) 

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⚔️Game of Thrones🐲: sete cenários cinematográficos (entre a realidade e a ficção) que tem mesmo de conhecer!

📷 Sou  fã [nático] da série mediática Game of Thrones. Criada pelo canal de séries norte-americano HBO, baseada nos livros fantásticos do escritor norte-americano George R.R. Martin. Apesar de só ter visto o primeiro episódio, onde o Bran Stark é empurrado da Torre pelo [regicida] Jamie Lannister, corria o ano de 2011. Mais tarde, em 2017, quando vivi e trabalhei na cidade de Évora,  retomei a visualização da mesma. Marrocos e Espanha  são os destinos escolhidos para esta viagem pelo Mundo dos Sete Reinos. De Volantis a Yunkai, o leitor poderá encantar-se por locais com edifícios exóticos e paisagens  grandiosas dignos de uma pintura de Velásquez ou Delacroix! 

⚔️Nesta lista sugerimos sete locais que merecem ser incluídos numa escapadinha citadina a Espanha ou numa road trip até ao Reino de Marrocos, com passagem por Gibraltar. Espanha e Marrocos já eram destinos  obrigatórios para turistas ou viajantes ocasionais. Todavia, a massificação da série Game of Thrones (GOT) deram a conhecer locais desconhecidos para a maioria da população mundial. E ainda bem!

Atenção: contém Spoilers! Conheça alguns dos locais de filmagem mais emblemáticos da série Game of Thrones que tem mesmo de visitar, na fotogaleria abaixo:

📍Old Volantis (Córdoba, Andaluzia)

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Ir a Córdoba é realizar uma viagem no tempo (e com tempo). Um encontro entre o Ocidente e o Oriente. Ao percorrer as suas ruas e bairros históricos,o viajante tem uma noção nitida da convivência e cruzamento de influências milenares entre Judeus, Muçulmanos e Cristãos que habitavam o Al-Andalus. Sabia que a Ponte Romana de Córdoba, atravessa pelo rio Guadalquivir, foi um dos cenários de Game of Thrones em Espanha? Se é um fã (nático) da Série da HBO. Deve recorda-se da “Ponte longa de Volantis”, certo? Esta cidade andaluza contém património histórico-cultural com o selo da UNESCO, nomeadamente o centro histórico, a Mesquita-Catedral,  as ruínas arqueológicas do antigo palácio califal de Madinat al-Zahra e o bairro Judeu. Foi o berço da antiga capital califado Omíada (929-1031), fundada por Abd al-Rahman III. Experimente fazer a Rota Omíada e deixe-se surpreender pelo legado arquitectónico e cultural da civilização islâmica de Espanha: o Al-Andalus. Sabia que Carlos V de Habsburgo, o rei-itinerante, salvou esta obra de arte da civilização islâmica para contemplação de imensos curiosos da História?

📍Kingdom of Dorne (Sevilha, Andaluzia)

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Sevilha é uma autêntica cidade cinematográfica. Os filmes Lawrence of Arabia (1962), a saga Star Wars (2002), Reino dos Céus (2005) e, mas recentemente,a série Game of Thrones (2015) foram imortalizados pela indústria cinematográfica de Hollywood.Com o rio Guadalquivir aos seus pés, a capital da Andaluzia preserva um importante legado patrimonial-cultural do Reino de Espanha. Sabia que Carlos V de Habsburgo e Isabel de Portugal, filha de D. Manuel I, casaram-se nestas latitudes? E que a descoberta do Novo Mundo fomentou o crescimento da cidade, em virtude do seu porto ser servido pelo rio Guadalquivir? Afinal, esta cidade andaluza não é apenas o berço do Flamenco. O seu património histórico-cultural revela-nos a importância e a sua beleza secular. Edifícios como a Torre del Oro, o Archivo General de las Indias, a Catedral e a Giralda de Sevilha, o Palácio real de Sevilha, a Plaza de Espanã  e, mais recentemente, o Metropol Parasol são visitas obrigatórias. Todavia, o Archivo Geral das Índias, construído na 2.ª metade do séc. XVI, impressionou-me pela sua dimensão. Afinal, uma boa parte da documentação histórica – “burocrática” – do Império Espanhol encontra-se aqui.

📍The Water Gardens of Dorne (Sevilha, Andaluzia)

Sevilha-3 copyReal Alcázar de Sevilha é um dos mais antigos complexos palacianos do continente europeu. Construído no séc. VIII, sob alicerces romanos, pelos descendentes do profeta Maomé e, posteriormente, aumentado pelos reis cristãos de Castela. Foi declarado Património Mundial da UNESCO em 1987. Nas 5.ª e 6.ª temporadas de GOT, é o cenário da exótica e exuberante Casa Martell. Os salões, os pátios e os jardins dão cor e forma à residência palaciana dos governantes do reino de Dorne: a cidade de Sunspear. O Patio de las Doncellas, a Sala de los Embajadores, Baños de Maria Padilla e os jardins são locais cinematográficos que nos transportam para a época do al-Andalus e para a beleza arquitectónica  da Civilização Islâmica na Península Ibérica. Um exemplo da mescla cultural entre muçulmanos e cristãos que deu origem a um estilo artístico: a arte mudéjar.

📍The DragonPit (Santiponce, Andaluzia)

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Nas proximidades de Sevilha, a antiga cidade romana de Itálica é um enorme complexo arqueológico de 10 ha. Foi a primeira cidade romana fundada na Península Ibérica pelos Romanos, no ano 206 a.C. Aqui nasceram os Imperadores Adriano e Trajano. Mas, o seu ex-libris é o antigo anfiteatro romano. Tinha uma capacidade para 25 mil espectadores, além dos dez a quinze mil habitantes de Itálica. A plateia deliciava-se com as gloriosas e sanguinárias lutas de gladiadores na arena. Ainda bem que as mentalidades mudaram. Todavia, as pedras ficaram para contar as estórias da História.  Durante a 7.ª temporada de GOT,  a “DragonPit” foi o local de encontro entre a rainha-mãe Cersei e a mãe dos Dragões Daenerys Targaryen, após uma entrada de assustadora beleza do grandioso Drogon. A escolha para visitar este local não foi feita ao acaso. Trata-se do terceiro maior anfiteatro da Roma Antiga, fora da Península Itálica. 

📍Casterly Rock (Gibraltar,Reino Unido) 

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Tendo o complexo portuário de Algeciras  como pano de fundo, o rochedo de Gibraltar emerge majestosamente num ponto estratégico do continente europeu: o estreito de Gibraltar. O ponto mais curto do mar mediterrâneo foi, ao longo de milénios, local de contactos e invasões de inúmeras civilizações, por exemplo, os romanos e muçulmanos. Na série GOT, o rochedo de Gibraltar foi usado como inspiração para o castelo-fortaleza de Casterly Rock,  a casa-mãe da família Lannister. Em menos de uma hora de viagem de ferry-boat, o viajante encontra um novo continente: o africano.

📍Astapor Slaver’s Bay (Essaouira, Marrocos) 

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A Scala du Port e as suas muralhas são o principal motivo fotográfico da atlântica Essaouira. A cidade portuária de Essaouira, situada entre Safi e El Jadida, foi no séc.XVI uma antiga possessão portuguesa denominada de Mogador (1506-1526). O Castelo de Mogador, construído em 1506, por Diogo de Azambuja, já não existe. Se visitarmos a Medina, as muralhas e o porto da «cidade do vento» podemos constatar a antiga presença lusitana, apesar das actuais fortificações, de origem marroquina, terem sido construídas durante o Século XVIII por ordem do sultão alauita Bem Abbala, quando pretendeu fazer deste local um importante porto exportador do ouro trazido pelas caravanas atravessavam o Saara desde Tombuctu (Mali). No ano 2001, esta cidade costeira foi considerada Património Mundial da UNESCO. No primeiro episódio da 3.ª temporada de GOT, Daenerys chega, com Jorah Mormont, para comprar um exército de eunucos – os Imaculados – a um negociante escravocrata de Astapor.

📍Cidade de Yunkai (Ouarzazate, Marrocos) 

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O prólogo das areias do deserto do Saara. Ksar Ait-Ben-Haddou ficava na antiga rota das caravanas que atravessaram o deserto do Saara e Marrakech. É património Mundial da  UNESCO, desde 1987, em virtude ser uma das mais bem conservadas cidades-fortificadas ( Ksar ), onde as torres e as muralhas que a circundam foram construídas com recurso ao adobe e barro. Daí, os tons acastanhados. Fica localizada nas proximidades da “Hollywood marroquina“: os estúdios Atlas de Ouarzazate. Passe o tempo a deambular pelas ruelas de adobe da cidade esclavagista de Yunkai, onde na 3.ª temporada de GOT, Daenerys chega com o seu exército de soldados eunucos,os Imaculados, após o saque de Astapor, na sua epopeia pela libertação da sociedade escravocrata de Essos. Sabia que os filmes Lawrence da Arábia, A Múmia, O Príncipe da Pérsia ou Gladiador foram aqui rodados? Trata-se de um poderoso “Drakarys” fotográfico esta cidade-fortificada marroquina.

E algumas frases (que achamos) marcantes ao longo das temporadas de Game of Thrones:

“O que une as pessoas? Exércitos, ouro, bandeiras? Histórias. Não há nada mais poderoso”, persuade Tyrion Lannister (Peter Dinklage), agrilhoado, durante o último episódio da Série Televisiva Game of Thrones.

“Different roads sometimes lead to the same castle.”
― George R.R. Martin, A Game of Thrones

“Old stories are like old friends, she used to say. You have to visit them from time to time.”
― George R.R. Martin, A Storm of Swords

“A mind needs books like a sword needs a whetstone, if it is to keep its edge. That is why I read so much”― Tyrion Lannister, A Game of Thrones

🔗Para mais informações:

Uma escapadinha a Espanha (ou uma roadtrip até Marrocos) está nos seus planos? Se não, é melhor fazer uma lista de destinos exóticos que tem de conhecer e organizar a agenda para descobrir estes países verdadeiramente exóticos e cenários deslumbrantes. Poderá encontrar, por exemplo,  alguns artigos escritos por nós com dicas sobre o património material e imaterial  dos reinos de Marrocos e de Espanha.

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 FOTOGRAFIA✈︎VIAGENS✈︎PORTUGAL©OLIRAF (2019)

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🍷 Enoturismo em Portugal: oito propostas para viajar pela história de grandes vinhos.

🍇Portugal é sinónimo de excelentes vinhos. Um pequeno país com uma grande diversidade geográfica de vinhos. Afinal, este património imaterial é um verdadeiro embaixador do nosso país no Mundo. Sabia que os portugueses são os maiores consumidores de vinho, per capita, a nível Mundial? E que está no TOP 10 dos maiores exportadores de vinhos do Mundo? O Enoturismo em Portugal vem da procura crescente das salas de provas por turistas-enófilos de todas as latitudes do globo terrestre. Existem inúmeras sugestões e experiências para deliciar-se com o néctar de Baco. Uma viagem por sete produtores de vinho de Portugal, acompanhados, pelo aprendiz de enófilo OLIRAF, com visita às regiões vinícolas do Alentejo, Lisboa, Península de Setúbal e dos Vinhos Verdes. O blogue OLIRAF selecionou 8 quintas vinícolas  de paragem obrigatória para descobrir a harmonia perfeita entre a História, a Paisagem e o Vinho.

O Enoturismo está na moda. Há cada vez mais produtores e empresas vinícolas a apostar forte neste segmento de mercado. Através das nossas experiências e provas de vinhos, temos verificado o rápido crescimento e sucesso deste segmento de mercado na área dos vinhos e do turismo em Portugal. Não podemos negar que o desenvolvimento do enoturismo numa determina da região, permite dar a conhecer o sector vitivinícola,os respectivos vinhos DOC (Denominação de Origem Controlada) e,acima de tudo, captar internacionalmente turistas-viajantes enófilos para percorrer a imensa paisagem vinícola portuguesa. A História de inúmeras gerações familiares que passaram o segredo da arte de bem produzir um vinho. Provar, e acima de tudo, saborear os aromas e os paladares de um vinho é viajar pela História secular, por exemplo, de uma Quinta. Por detrás de grandes vinhos, há sempre uma grande história.

Disse, e com razão, o poeta-pensador Fernando Pessoa que “Pessoa: “Boa é a vida, mas melhor é o vinho (…).” O Blogue OLIRAF convida-o a conhecer os vinhos nobres das regiões do Lisboa, Alentejo, Península de Setúbal e dos Vinhos Verdes, acompanhados por marcos históricos-culturais. Sem Pressas. Hoje falamos do vicio de Dionísio Baco. Eu chamava-lhe virtudes de um Deus pagão que amava saborear uma bela taça de vinho. Seja um Enófilo por um dia. Descubra os cinco sentidos do prazer. Saborear um vinho é, no fundo, viajar pelos paladares da região que o produz.

Atenção: Beba com Moderação. Afinal, já dizia o Tyrion Lannister (Game of Thrones): “I Drink And I Know Things’. 🇵🇹

A produção de vinho em Portugal…

Foram os Romanos que introduziram o vinho em Portugal? Não. Segundo fontes arqueológicas, a plantação e cultivo de vinho remonta ao tempo dos Fenícios. Estávamos no séc.X a.C., quando este povo introduziu algumas castas de videiras na antiga Lusitânia, em especial no vale do Tejo e do Sado. Aproveitaram,assim, o legado comercial dos Tartessos da Península Ibérica. Mais tarde, no século VII a.Cos Gregos deram um novo incremento à arte de produzir vinhos: a viticultura. Os Lusitanos, um povo descendente dos Celtiberos, promove o cultivo de diversas variedades de videira e,sendo provável, algumas técnicas de tanoaria. Definitivamente, os Romanos dão um incremento considerável à produção de vinho na Península Ibérica (Hispânia), em virtude das necessidades de procura da capital imperial Roma. Após a pacificação da Lusitânia, entre 194 a 15 a.C., a romanização introduz novas variedades e técnicas de cultivo (a poda) que contribuíram para a modernização da cultura da vinha. Com as invasões bárbaras (séculos VI e VII d.C) – Visigodos e Suevos – adoptam os costumes romanos e a religião cristã, onde o vinho faz parte do ritual sagrado da comunhão. Com a ocupação Mourisca, nos séc.VIII a XIII,a produção de vinho continua apesar dos preceitos rigorosos religiosos da civilização islâmica.  Com a fundação do Reino de Portugal, em 1143, ocorre um aumento exponencial da cultura da vinha nas regiões povoadas pelas Ordens Religiosas, Monásticas e Militares. Durante os Descobrimentos Portugueses, o vinho faz parte da dieta alimentar das tripulações dos galeões, naus e caravelas portugueses, constituindo lastro nas embarcações referidas anteriormente. Os vinhos de “torna viagem” melhoravam com as condições exigentes no oceano, em virtude do envelhecimento causado pelo balancear das ondas, exposição solar ou o calor dos porões (Linha do Equador). Na segunda metade do séc.XVIII, o Marquês de Pombal cria,  por alvará régio de 10 de Setembro de 1756, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, para regular a produção e comércio de vinhos na região do Douro, em virtude da imensa procura de vinhos do Porto, por parte de comerciantes ingleses, resultante do Tratado de Methwen (1703). Tratou-se da primeira região demarcada do mundo vitivinícola. O século XIX foi marcado pela doença provocada na videira por um insecto: a filoxera. Devastou a maior das regiões vinícolas portuguesas, à excepção do vinho de Colares. E porquê? Esta doença não se desenvolve em terrenos de areia. Actualmente, no território português, existem 33 Denominações de Origem e 8 Indicações Geográficas.

Mapa Regioes
Créditos Imagem ©️ Instituto da Vinha e do Vinho I.P.

Algumas curiosidades históricas…

Portugal já exportava uma grande parte da produção do vinho Moscatel de Setúbal, no séc.XIV, para o Reino de Inglaterra. Sabia como era conhecido o vinho de Bucelas em Inglaterra? “Lisbon Hock”. William Shakespeare faz referência ao Vinho da Madeira, como uma “essência preciosa”, na sua sua peça “Henrique IV”. Mais tarde, em 1703, com o Tratado de Methwen, assinado entre Portugal e a Grã-Bretanha, contribui para um incremento da cultura vinícola e da divulgação do Vinho do Porto nesse país. Os vinhos portugueses, em especial os licorosos, eram considerados de maior requinte nas sociedades cortesãs do continente Europeu. Por exemplo, o vinho Madeira era considerado, pelo Arquiduque Francisco I (1708/1765) da Áustria, “o mais rico e delicioso de todos os vinhos da Europa”. Na América do Norte, em especial nas cidades de Boston, Nova Iorque e Filadélfia, o vinho Madeira era muito apreciado pelas famílias proeminentes do futuro Estados Unidos da América. Durante as Invasões Francesas (1807-1811), as tropas inglesas, e em especial Sir Arthur Wellesley, apreciavam as qualidades dos vinhos brancos da região de Lisboa, em especial, os de Carcavelos e de Bucelas. No caso do último, o futuro Duque de Wellington levou de presente ao futuro Jorge III de Inglaterra.

Como vê, motivos não faltam para uma viagem pela história de quintas e vinhos. Parta à descoberta…dos melhores vinhos e regiões vinícolas nacionais! Faça Enoturismo, cá dentro! Deixo-lhe sete sugestões para fazer Enoturismo, em Portugal Continental:

📍Quinta da Bacalhôa (Azeitão, Península de Setúbal)

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Palácio da Nobreza. Nobreza de Palácio. O Palácio/Quinta da Bacalhôa, o nome originário de uma mulher – a “Bacalhôa” – do antigo proprietário quinhentista – o “Bacalhau” – que enriqueceu com a pesca de Bacalhau no século XVI, situa-se em plena região vitivinícola da Península de Setúbal. É uma excelente desculpa para um passeio ao sabor da História. Afinal, são mais de cinco séculos de Histórias. Deixe-se deslumbrar pela singular Casa do Lago, datada do século XVI, e por 90 minutos, senti-se um “Albuquerque” das índias. Azeitão tem tanto para ver,conhecer e saborear. De facto, esta vila não é só conhecida pelas suas famosas Tortas de Azeitão e pelo seu afamado vinho moscatel. Na Adega/Museu da Bacalhôa, situada em Vila Nogueira de Azeitão, poderá  encontrar um espaço acolhedor onde cruzamos a arte de produção de um vinho Bacalhôa e as coleções de Art Deco, Art Nouveau e Cultura Africana. Poderá apreciar ainda, a enorme sala onde estão acondicionadas as barricas de estágio do vinho tinto e moscatel acompanhadas pela maior colecção de Azulejos Portugueses  dos séc. XVI ao séc. XX. Tudo isto, com a companhia de um  canto gregoriano que serve para “acalmar o vinho”,segundo a Guia Carlota, e a nossa alma. No final, o enófilo poderá realizar uma prova de vinhos e deliciar-se com o Bacalhôa Moscatel de Setúbal.. Importa referir que a Bacalhôa Vinhos de Portugal, foi criada em 1922, é um grupo de empresas vinícolas, da qual fazem parte a Aliança, Bacalhôa Buddha Eden e a Quinta do Carmo.

📍Quinta da Boavista (Alenquer, Lisboa)

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Os concelhos de Torres Vedras e Alenquer, em 2018, foram a Cidade Europeia do Vinho, uma distinção atribuída pela rede europeia das cidades do vinho (RECEVIN). Com duas Denominações de Origem (DOC) da região de Lisboa, estes dois concelhos da região Oeste possuem uma forte identidade cultural na produção de vinho e na manutenção da paisagem agrícola associada à vinha. No caso particular do concelho de Alenquer, a Quinta da Boavista, localizada na Aldeia Galega da Merceana, mantêm viva esta tradição.  Esta centenária empresa, a Casa Santos Lima, é uma verdadeira embaixadora deste legado, sendo o maior produtor de vinhos da região de Lisboa (40% do total de vendas de Vinho Regional de Lisboa e DOC de Alenquer)Poderá fazer uma visita guiada pela extensa área de produção,através de um passeio de  buggy, e uma prova de três vinhos – “Lisboa” – comentada na loja. A nossa sugestão recaiu nos aromas frutados do “Tinto Leão” 2014. Deixe-se levar pelo bom vinho, pela adega renovada e pelas privilegiadas vistas desta quinta centenária do concelho de Alenquer.

📍Quinta do Soalheiro (Melgaço, Vinhos Verdes)

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Quinta do Soalheiro fica situada na região dos Vinhos Verdes, mais concretamente, na sub-região de Monção e Melgaço. Estamos no coração da mais apreciada e reputada casta de vinho verde: o Alvarinho. A casta de vinho mais a norte de Portugal Continental. A Soalheiro, fundada em 1982, foi a primeira marca de vinho da casta Alvarinho do concelho de Melgaço. Todavia, a primeira vinha com casta Alvarinho foi plantada no ano da Revolução de Abril (1974). Deixe-se contagiar pela essência do enoturismo e pelos aromas dos vinhos da casta Alvarinho. Nada como um belo espumante refrescante e vibrante. A sala de prova de vinhos proporciona uma excelente vista “soalheira” para a região espanhola da Galiza e o curso natural do Rio Minho. No ponto mais a norte de Portugal Continental, as condições climáticas e naturais (Chuva, temperatura e exposição solar) criaram um micro-clima único que favorece um maior amadurecimento das uvas. Faça um passeio pela vinha em produção biológica e às diferentes secções da adega, tias como, a cave do espumante, a sala de estágio das barricas de carvalho, o envelhecimento da aguardente, entre outras. Se pretende aprofundar mais sobre o vinho Alvarinho poderá visitar a Rota do Vinho Verde Alvarinho, o visitante poderá visitar o Solar do Alvarinho , no centro histórico de Melgaço, e ser recebido para degustar uma prova gratuita de três vinhos por um dos embaixadores locais: o Senhor Sabino (Adega Regional Sabino). E, se tiver tempo, aproveite para comprar produtos locais melgacenses.

📍Adega de Vila Santa (Estremoz, Alentejo)

Estremoz_JPR-1 copyTem nome de uma rainha-santa: a rainha Isabel de Aragão, mulher de D.Dinis, que faleceu na vila de Estremoz no século XIV. A Adega Vila Santa, no concelho de Estremoz, foi o local eleito para materializar um projecto pessoal, idealizado em 1988, por João Portugal Ramos: a produção dos seus próprios vinhos. É o resultado da longa experiência acumulada de um dos maiores enólogos e consultor na criação de vinhos nas principais regiões vitivinícolas portuguesas. Estávamos em 1997, após sete anos  da plantação dos primeiros cinco hectares de vinha em redor da fortaleza-abaluartada de Estremoz, dá-se a construção de uma moderna Adega – Vila Santa – para acolher modernas instalações de vinificação, sala de engarrafamento e caves para o estágio das barricas de carvalho francês, americano e português, não esquecendo a harmonia paisagística e a arte de fazer vinhos portuguesa. Ainda hoje, uma parte das uvas é destinada aos lagares para ser pisada. Por exemplo, os vinhos tintos mais sofisticados da gama do Grupo João Portugal Ramos. Actualmente,a área de vinha no Alentejo perfaz, aproximadamente, 600 ha.  Há paisagens que puxam por uma fotografia. Venha passar um dia diferente a Estremoz. Faça uma experiência de Enoturismo, descobrindo os contornos da arquitectura tradicional alentejana da Quinta de Vila Santa,através de uma visita guiada pelas vinhas, adega e caves, onde pode optar por uma programa didáctico e dinâmico: “Seja Enólogo por um dia”. Esta actividade permite ao aprendiz de enófilo criar o o seu próprio vinho, com base em três castas tintas (Aragonez, Alicante Bouschet e Touriga Nacional),e levá-lo para casa para mais tarde saborear em família ou com os amigos.  De seguida, poderá optar por um almoço de gastronomia típica alentejana, uma aula de culinária, ou uma prova de vinhos acompanhado de queijos e outros petiscos da região alentejana. A nossa preferência recaiu para um vinho branco, com um perfil nobre, fresco e com uma grande mineral idade: o Marquês de Borba. Sob o pretexto de descobrir a região vitivinícola do Alentejo, o viajante-enófilo poderá optar por “mergulhar” no centro histórico e nas muralhas do Castelos de Estremoz. Afinal, já diz a citação na Loja de Vinhos: “Life is too short to drink cheap Wine”. Um brinde ao melhor que o Alentejo oferece.

📍Quinta da Aveleda (Penafiel, Vinhos Verdes)

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Os Vinhos Verdes dominam a região norte de Portugal, desde o rio Minho até ao Douro.Afinal, a paisagem que predomina é verde, tal como o nome do vinho.  Trata-se de uma região propicia a escapadinhas culturais e para realizar turismo em ambiente rural. Cidades Históricas, solares e quintas senhoriais são uma constante. Durante a minha viagem pela Rota do Românico, em 2016, optei por conhecer a Quinta da Aveleda e,claro, saborear os paladares e aromas dos seus icónicos vinhos verdes. Se já conhece o vinho, porque não visitar a Quinta que lhe dá o nome? É,assim, desde 1870, os Guedes da Aveleda (os mesmos familiares no grupo Sogrape) têm uma longa tradição familiar na produção de vinho na região dos Vinhos Verdes. Uma excelente sugestão para fazer Enoturismo nas proximidades da urbe portuense e para percorrer a Rota dos Vinhos Verdes Para muitos amantes de Baco, o vinho da Aveleda encontra-se entre os melhores vinhos verdes de Portugal e do Mundo, com castas que dão origem a vinhos leves, jovens e frescos.  A marca Aveleda tem sedimentado a sua presença nas regiões vinícolas do vinho Verde, Douro e da Bairrada. Não se esqueça de saborear, também, os queijos e as compotas produzidas na Quinta da Aveleda. Afinal, uma Quinta não produz apenas vinho. Perca-se no seu exuberante e icónico jardim, em estilo inglês, que apaixona qualquer visitante. Uma Quinta Vintage com vinhos leves, jovens e frescos. Ah, a frescura do Norte de Portugal!

📍Adega da Cartuxa (Évora, Alentejo)

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Uma viagem no tempo. Nas proximidades da cidade de Évora, a cerca de 2 Km, o viajante-enófilo mais entusiasta poderá visitar a Quinta do Valbom e ficar a conhecer a vasta gama de vinhos da Fundação Eugénio de Almeida. Surpreenda-se com a história secular de uma Quinta que pertenceu ao Jesuítas, expulsos em 1759 pelo Marquês de Pombal. Já deve ter ouvido falar do Mosteiro da Cartuxa? O nome da comunidade religiosa que inspirou a família Eugénio de Almeida a criar esta marca-ícone do Alentejo. Ou do vinho Pêra-Manca? Um dos vinhos mais conhecidos do Brasil. Alie o melhor do património histórico-cultural e vitivinícola eborense, através de uma visita guiada à Adega com uma prova de cinco vinhos – Sto. Inácio de Loyola – de toda a gama Adega da Cartuxa. No Centro Histórico de Évora, junto ao Templo Romano, poderá conhecer a Enoteca Cartuxa e ter um “casamento perfeito” entre cozinha regional alentejana e os vinhos da Adega Cartuxa. As visitas guiadas e os almoços são realizados mediante marcação prévia. A nossa sugestão vai para um prato de polvo à lagareiro com batatas a murro acompanhado de um EA Reserva Tinto. Para sobremesa, a nossa recomendação vai para um Pudim de Azeite. Antes de deixar esta cidade-monumento, uma visita ao Paço de São Miguel poderá ser uma bela despedida de uma das cidades mais belas e singulares de Portugal.

📍Quinta do Gradil (Cadaval, Lisboa)

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Quer passar um dia rodeado de História e de vinho? Ou um local tranquilo e ideal para escapar à rotina citadina? A uma hora de Lisboa, no coração da região Oeste de Portugal,a encontrámos uma antiga quinta rural que pertenceu ao Marquês de Pombal (1760). É a Quinta do Gradil. A arquitectura barroca e a cor amarela desta antiga residência nobre destacam-se, ao longo da EN115. na paisagem vitivinícola e rural.  A produção de vinho, segundo fontes documentais, remonta ao ano de 1854. A Quinta do Gradil conta com 120 hectares de vinha, tornando-a uma das maiores produtoras vitivinícolas da região de Lisboa. Com um clima fresco e temperado, a escassos 20 Km do Atlântico e a menos de 5 Km da bucólica Serra de Montejunto, é um bom mote para partir à descoberta dos seus Vinhos Brancos e Tintos. Tem como embaixadores os vinhos “Quinta do Gradil”, “Mula Velha” e “Castelo do Sulco”. Adquirida à família Sampaio de Oliveira, descendentes dos Marqueses de Pombal, em 1999, o CEO do Grupo “Parras Wines”, Luís Vieira, pretendeu dar uma uma nova vida à monumentalidade desta secular quinta. Afinal, estamos numa das mais antigas propriedades agrícolas e dos principais marcos histórico-culturais do concelho do Cadaval. A visita guiada, realizada durante o Open Day da Quinta do Gradil (2019), foi efectuada pelo actual responsável pelo Wine Tourismo & Events Manager da Parras Wine, o Chef Bruno Gomes, que nos elucidou sobre os encantos e os recantos desta Quinta com História. Num futuro próximo, o objectivo é a realização de casamentos na Capela e de eventos para 1200 pessoas no Salão dos Marqueses. É possível, por exemplo, realizar refeições vínicas, programa de vindimas, degustações de vinhos com enólogos, visitas de grupos, passeios de charrete, corridas de Trail Run e de Bicicletas são algumas das experiências de Enoturismo à disposição. E está incluido um chapéu de palha, uma t-shirt e uma garrafa de vinho. Na vertente enoturística, o restaurante da Quinta do Gradil, situado no antigo celeiro de armazenamento de cereais, é um bom casamento entre a produção de vinhos e a cozinha regional. Com capacidade para 30 lugares nos dias habituais (60 para grupos), o chef Daniel Sequeira coordena o menu de degustação Quinta do Gradil  com a harmonia deliciosa dos vinhos da Quinta do Gradil. Com uma forte tradição vitivinícola secular, a Quinta do Gradil é um dos ex-libris da região Oeste, só superada pela majestosa e deslumbrante beleza da Serra de Montejunto. Por trás de um grande produtor, há sempre uma grande vinho. E uma Quinta com História! Brindemos a isso!

📍Adega da Ervideira (Monsaraz, Alentejo)

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Os solos desta sub-região vitivinícola – Reguengos de Monsaraz – são caracterizados pelos granitos e xistos, bem como pela continentalidade do seu clima. Os seus vinhos, em virtude das condições edafo-climáticas, têm características distintas de qualidade e tipicidade. Os castas tintas (Trincadeira) e brancas (Roupeiro) predominam nesta sub-região vitivinícola. Para conhecer mais sobre a história desta marca familiar de vinhos alentejanos, o viajante-enófilo terá de deslocar-se à Herdade da Herdadinha (ou ao Monte da Ribeira). É na primeira que se encontra o “coração” da Adega Ervideira, tendo uma área de produção de vinho com 160 hectares divididos pelos concelhos da Vidigueira (110 ha) e de Reguengos de Monsaraz (50 ha). Foi neste local que, em 1880, o Conde D’Ervideira plantou as primeiras vinhas para produzir um dos mais satisfatórios e famosos néctares de Baco da região do Alentejo. Ainda hoje, a família Leal da Costa é descendente directa deste agricultor de sucesso dos séc. XIX e XX. Sabia que foi nos seus 50 hectares que foi plantada, pela primeira vez, a casta Touriga Nacional no Alentejo? E que as águas frias do maior lago europeu – o Alqueva – são utilizadas para estagiar os seus vinhos a 30 metros de profundidade? Poderá fazer uma visita guiada e uma prova de vinhos pela essência da Adega Ervideira para compreender o processo produtivo, desde a apanha da uva até à expedição final. Poderá optar por fazer a prova de vinhos, por exemplo, na “aldeia-monumento” de Monsaraz. Imagine fazer saborear os vinhos Ervideira numa antiga Escola Primária?  Deixe-se deliciar-se pelos aromas e sentidos de um vinho frutado, enquanto desfrutar de uma vista exuberante para a planície [infinita] alentejana e para o azul da Albufeira do Alqueva. Um brinde, com um vinho “Invisível, ao Alentejo…será a cereja no topo do bolo. Saboreie a tradição e o património. Saboreia o Alentejo. Perca-se e encontre-se nele! Uma visita sugestiva para os  amantes de enoturismo e entusiastas da fotografia de paisagem.

📝Nota Informativa:

As empresas vitivinícolas (e os vinhos) aqui apresentados são, na sua maioria, convites que chegaram ao Blogue OLIRAF por parte de produtores para conhecer a essência da produção vinícola e o património histórico-cultural a eles associado, de acordo com os nossos critérios editoriais.

Não deixe de fazer…

  • conhecer a Rota História das Linhas de Torres Vedras;
  • observar um belo pôr-do-sol no Arquipélago das Berlengas;
  • explorar os encantos e recantos de cidades e vilas históricas da região do Alentejo: Évora, Monsaraz e Estremoz;
  • fazer rafting no rio Minho e saborear uma garrafa de vinho Alvarinho, no Solar do Alvarinho, no concelho de Melgaço;
  • visitar a cidade do Porto e realizar uma prova de vinhos nas inúmeras caves de Vila Nova de Gaia;
  • petiscar, na cidade de Évora, os melhores vinhos alentejanos (e portugueses) no Vinarium (Évora) Tapas & Wine bar;
  • descobrir os inúmeros vinhos dedicados ao vinho, por exemplo, o Museu do Vinho e da Vinha de Bucelas (Loures).
  • realizar ruma viagem num barco tradicional varino nas águas do Rio Tejo;
  • visitar, em Setúbal, as ruínas militares de uma Bataria de Artilharia de Costa (Outão);
  • participar, entre Setembro e Outubro, nas vindimas na Quinta do Gradil;
  • conhecer a Península de Tróia e banhar-se nos extensos areais da Comporta;
  • mergulhar nas águas tranquilas do maior lago artificial da Europa: o Alqueva.
NÃO PERCA AS MINHAS AVENTURAS E OLHARES FOTOGRÁFICOS NO INSTAGRAM! UM ENCONTRO COM A HISTÓRIA, AO SABOR DAS IMAGENS…

🔗Para mais informações:

Aqui poderá encontrar, por exemplo, extensa documentação e dicas sobre o património material e imaterial  nos seguintes links:

O  Instituto da Vinha e do Vinho, I.P., um organismo tutelado pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural,dá-nos uma perspectiva da evolução temporal  da produção, produtores e regiões vinícolas de Portugal.  A Rota dos Vinhos de Portugal oferece informação actualizada sobre as imensas experiências nas diversas regiões vinícolas em Portugal, sendo a melhor opção para começar a planear uma viagem à região. Se for um enófilo mais exigente, deixo-lhe uma sugestão de leitura de uma publicação de referência, a Revista de Vinhos, sobre vinhos e gastronomia em Portugal Continental e Ilhas.. Recomendo, também, a consulta do sitio digital do Turismo de Portugal, visto que permite descarregar mapas e um conjunto de informações sobre os transportes públicos, rotas, pontos de interesse, museus e gastronomia associado aos vinhos portugueses.

Nota importante [👤]

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. As recomendações de produtos turísticos baseiam-se nas experiências [reais] de viagem e o conteúdo editorial é independente de terceiros.  Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

linhagraficaALL-oliraf-03💻  Texto: Rafael Oliveira  📷 Fotografia: Oliraf Fotografia 🌎

Follow me: @oliraffotografia on Instagram | Oliraf Fotografia on Facebook

 Fotografia✈︎Viagens✈︎Portugal©OLIRAF (2019)

📩 Contact: oliraf89@gmail.com

📌À descoberta do Forte de São João Baptista: sentinela de Peniche, guardiã da Berlenga.

📷 A região Oeste de Portugal presenteia-nos com paisagens bucólicas verdejantes, areais dourados a perder de vista e locais com monumentos singelos. Situada a escassas sete milhas do Cabo Carvoeiro, cerca de dez quilómetros, o Arquipélago das Berlengas destaca-se como um dos paraísos perdidos da costa portuguesa. É um bom mote para passar uma jornada diferente que contemple actividades de lazer pela natureza e património edificado da Ilha Grande da Berlenga. Deixo-vos, assim, as impressões pessoais e olhares fotográficos de um antigo exemplar fortificado da costa marítima portuguesa. Vamos embarcar nesta viagem?

“É necessário sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.”, afirmou o escritor José Saramago. Seguindo a velha máxima da entidade que promove o destino Portugal, “Vá para fora, cá dentro” , optei por realizar uma incursão fotográfica à Ilha da Berlenga. Trata-se de um dos mais conhecidos e concorridos destinos turísticos na região Oeste de Portugal durante a época de veraneio. Situada numa região de intenso tráfego marítimo, o arquipélago das Berlengas sempre foi um local apelativo e ao mesmo tempo perigoso para a navegação marítima. A ocupação humana da Ilha da Berlenga tem mais de dois mil anos como comprova a investigação arqueológica levada a cabo por Jacinta Bugalhão e Susana Lourenço. Comprovou-se, segundo o estudo citado anteriormente, que a Ilha da Berlenga era utilizada como fundeadouro para embarcações comerciais de médio e longo curso, nomeadamente aquelas que percorriam as rotas de ligação entre o Mediterrâneo e os territórios romanos atlânticos.

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Créditos da Imagem ©️ Projecto LIFE Berlengas

O Forte de São João Baptista ao longo da História…

A ocupação humana da Ilha da Berlenga, ao largo da costa da península de Peniche, remonta à primeira metade do século XVI, mais concretamente, ao ano de 1513. Todavia, alguns arqueólogos e historiadores, admitem a presença humana possa remontar à época Romana (século I a.C.). A ocupação efectiva do território da Ilha Berlenga foi feita por uma  pequena [e corajosa] comunidade de monges Jerónimos (movimento eremítico inspirado em São Jerónimo), com edificação de um espaço monástico – o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga (1513-1548) – para auxiliar os pescadores locais e as vitimas de naufrágio. Governava, então, El-Rei Dom Manuel I (1495-1521), à época Mestre da Ordem de Cristo e  um grande devoto desta ordem religiosa. Em 1449, o rei D.Afonso V cedeu o senhorio das Berlengas e do Baleal ao Infante D.Henrique, Mestre da Ordem de Cristo. Ao todo, o “Venturoso” mandou fundar, também, os Mosteiros de Santa Maria de Belém (Lisboa) e de Nossa Senhora da Pena (Sintra). A Ilha da Berlenga, seguindo os princípios da Ordem dos Jerónimos, promovia a tranquilidade, a contemplação, o silêncio e o recolhimento.  Em 1548, o espaço religioso foi abandonado pelos monges Jerónimos por motivos de força maior: a fome, as doenças e os constantes ataques de piratas e corsários, em particular, os “mouriscos” que raptavam os monges para vender nos mercados do Norte de África.

RumoBerlenga (43)Na segunda metade do século XVI, em 1557, Dom Luís de Ataíde, 3.ºConde de Atouguia, escrevia uma carta ao rei [D.Sebastião?] de Portugal a expor a situação de fragilidade costeira no seu senhorio de Atouguia da Baleia e Peniche, face aos ataques dos corsários e franceses que faziam aguadas e roubavam embarcações na área envolvente do Arquipélago das Berlengas. O nobre fidalgo, um dos futuros Vice-reis da Índia durante o século XVI, chega a referir que os corsários franceses iam “vender trigos a Lisboa”, fruto dessas pilhagens. Face à importância nevrálgica da região costeira de Peniche, e após sugestão do mesmo, a Coroa Portuguesa, em 1557, incube D. Luís de Ataíde de materializar a edificação de uma fortificação marítima na península de Peniche: o Baluarte Redondo (1557-1558). Entre os anos de 1557 e 1562, o 3.ºConde de Atouguia esteve envolvido em diversos combates navais contra piratas e corsários para defender a jurisdição do seu senhorio, visto que à época a pacata aldeia de Peniche, ligada à actividade piscatória, agrícola e comercial, era alvo de cobiça e constantes desembarques de aventureiros europeus e magrebinos.

Panorama ForteBerlenga (2)Os primórdios da construção da Guardiã da Ilha da Berlenga…

No contexto da Guerra da Restauração, o monarca D.João IV (1640-1654) ordenou a construção de uma estrutura militar para complementar a defesa da costa e da cidadela abaluartada de Peniche. Após a visita de João Rodrigues de Sá, entre 1651 e 1654, sobre um dos ilhéus da enseada da Muxinga, na vertente sudeste da Ilha da Berlenga, decorreram as obras de construção, com recurso a cantarias calcárias e reaproveitamento de pedras do antigo Mosteiro da Ordem dos Jerónimos, do único exemplar bélico do Arquipélago das Belengas: o Forte de São João Batista da Berlenga. Com uma planta octogonal irregular, adaptado à morfologia, estava guarnecida com nove peças de artilharias (Canhoiras). Contém um pátio interior, junto as muralhas exteriores foram edificadas o paiol e as casamatas. A ligação entre o ilhéu e a Berlenga é feito através de uma ponte em alvenaria, e um conjunto de arcos,  com um pequeno ancoradouro.

ForteSJBaptista2015BerlengaCabo Avelar Pessoa: um herói da restauração…

Esta fortificação militar do século XVII, do ponto de vista histórico, ganha um maior destaque na defesa de costa em Portugal no papel que desempenhou ao longo da Guerra da Restauração, considerada o seu expoente bélico. Um dos mais conhecidos episódios e marcantes nos anais da História de Portugal foi ataque de uma armada castelhana de 14 navios, comandada pelo almirante Don Diogo Ibarra, que tinha por objetivo raptar a rainha D. Maria Francisca de Sabóia na sua chegada a Portugal, à época do seu casamento com D. Afonso VI. Logrado o objectivo principal, em Junho de 1666, a armada espanhola decidiu atacar o Forte de São João Baptista, tendo efectuado um intenso bombardeado. Ao longo de dois dias,  a guarnição portuguesa, cerca de trinta soldados e oficiais, comandada pelo Cabo Avelar Pessoa, rendeu-se aos castelhanos por falta de comida, de pólvora e pela traição de um dos soldados que, após uma operação anfíbia, abriu as portas às forças sitiantes. Apesar das baixas castelhanas (cerca de 500 mortos, uma nau afundada e duas danificadas), os combatentes portugueses foram capturados e levados para Espanha pelas forças sitiantes. Hoje em dia, a maior embarcação que faz a ligação Peniche-Berlenga, construída em 1993,  tem o nome deste valoroso herói português.

RumoBerlenga (19)O impacto das Guerras Peninsulares (1807-1814)…

Após um restauro na terceira metade do século XVII, após o ataque de 1666, o forte adquiriu funções de presídio politico e militar. Durante as Guerras Peninsulares, em especial durante a 1.ª Invasão Francesa (1807-1808),  o forte serviu de base de apoio para a Royal Navy (à época era “dona e senhora dos mares” após a vitória de Trafalgar em 1805) para realizar assédios constantes à guarnição francesa da cidadela de Peniche. Com a retirada destes, foi pilhada pelos franceses. A capela e o forte foram, novamente, restaurados em 1821. No decorrer das lutas entre liberais e absolutistas (1828-1834) foi utilizada de base às tropas de D. Pedro IV para a conquista da fortaleza de Peniche, ocupada por forças miguelistas. Em 1847, esta fortificação militar do século XVII acabou por ser abandonada, visto que já não cumpria as necessidades bélicas. Posteriormente, foi ocupado por um destacamento da Guarda Fiscal até 1889.

RumoBerlenga (16)A visita do Presidente do Conselho  de Ministros no século XX…

Durante a década de 50 do séc. XX, entre 1952 e 1953, a Fortaleza de São João Baptista foi restaurada pela então Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais para uma posterior adaptação do espaço a pousada, servindo de abrigo a quem aí desejasse pernoitar. Aliás, são estas as funções que hoje apresenta. No Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) – Arquivo Oliveira  Salazar (1908-1974) – podemos encontrar documentação referente à situação da Pousada das Berlengas, bem como algumas fotografias (Jornal O Século) desta fortificação marítima na década de 30 do século XX. O “mentor” do Estado Novo (1933-1974), o Dr. Oliveira Salazar, na companhia do então Ministro da Marinha Almirante Américo Tomás, a 9 de Julho de 1952, fez uma das raras deslocações fora do seu quotidiano habitual: uma visita para acompanhar as obras de adaptação a Pousada do Forte de São João Baptista. Quem diria, não é?

RumoBerlenga (17)Da Revolução dos Cravos até aos dias de hoje…

A sua missão já não é a defesa da Ilha da Berlenga. Após a Revolução dos Cravos (1974), este bastião de defesa costeira foi cedido, e bem,  pelo  Estado Português à Associação de Amigos da Berlenga (AAB), com vista à sua reabilitação e, mais tarde, para adaptação a alojamento turístico. Funciona, assim, como Casa-abrigo para os inúmeros visitantes que escolhem ficar nas suas celas seculares. Infelizmente, o aspecto histórico do monumento militar e da pousada histórica estão pouco explorados e desenvolvidos. Se ficou interessado neste exemplar de arquitectura militar português, recomendo a leitura da seguinte tese académica Forte de São João Baptista da Berlenga:um plano de gestão integrada da investigadora Raquel Carteiro (2017).

Um Até já…

Solitário. Isolado. Mágico. Mas, Forte. É este o Forte de São João Baptista da Ilha Berlenga. O guardião desta Ilha. A Berlenga. Uma Memória de Pedra que resta de outros tempos, de outras guerras. Saudades de pedra. A sensação de ver surgir a silhueta das suas muralhas na proa de uma embarcação causa espanto e comoção ao visitante da Ilha da Berlenga. Um verdadeiro “guerreiro de pedra” que combateu ao serviço da nação portuguesa. Iremos voltar, certamente.

Não deixe de fazer…

  • realizar uma visita de barco às inúmeras grutas (Flandres, Azul, Muxinga, Lagosteira, entre outras) do Arquipélago das Berlengas;
  • observar um belo pôr-do-sol no atlântico;
  • explorar os diversos trilhos pedestres da Ilha Velha e da Berlenga;
  • fotografar um dos ícones naturais da Berlenga: a cabeça do Elefante;
  • visitar o Farol Duque de Bragança;
  • observar a fauna e a flora única em Portugal, em especial, as gaivotas de pata amarela, os airos, o corvo-marinho-de-crista, a galheta e a cagarra (Birdwatching);
  • efectuar diversas actividades lúdicas ligadas à natureza e desporto, tais como,  o  snorkeling e canoagem;
  • realizar mergulho nos destroços de navios a vapor nas águas agitadas do Arquipélago das Berlengas, tais como, o SS Primavera e o SS Andrios;
  • conhecer o espaço do projeto LIFE Berlengas que visa contribuir para a gestão sustentável da Zona de Proteção Especial (ZPE) deste Arquipélago Atlântico;
  • mergulhar nas águas tranquilas e transparentes da praia do Carreiro do Mosteiro.
NÃO PERCA AS MINHAS AVENTURAS E OLHARES FOTOGRÁFICOS NO INSTAGRAM! UM ENCONTRO COM A HISTÓRIA, AO SABOR DAS IMAGENS…

Para mais informações:

Aqui poderá encontrar, por exemplo, extensa documentação e dicas sobre o património material e imaterial desta Ilha Atlântica nos seguintes links:

Antes de viajar para a Berlenga, segundo a CM Peniche, é recomendável consultar algumas particularidades desta ilha para planear a sua viagem. Por exemplo, o visitante deve efetuar a reserva do transporte e/ou do alojamento antecipadamente. O website do Turismo do Centro oferece informação atualizada sobre a região Centro de Portugal. É a melhor opção para começar a planear uma viagem à região Oeste. Já o Município de Peniche permite descarregar mapas e um conjunto de informações sobre os transportes públicos, locais de interesse, museus, gastronomia, entre outros. Importa salientar que poderá encontrar o posto de turismo para saber mais informações e dicas para fazer e planear o seu roteiro pela Reserva Natural das Berlengas (RNB).

Sabia que…

O acesso terrestre à ilha da Berlenga está condicionado pela sua capacidade de carga, estipulada em 550 visitantes/dia (através da Portaria n.º 355/2019, de 22 de maio) a permanecer em simultâneo na área terrestre da ilha da Berlenga, minimizando os efeitos da visitação sobre os habitats e as espécies em presença. Em virtude deste facto, o Ministério do Ambiente decretou, a partir de Abril de 2022, a cobrança de uma taxa diária para os turistas que queiram conhecer a Ilha da Berlenga. A taxa turística tem um custo de três euros por dia e por pessoa e dá acesso à área terrestre da ilha da Berlenga (Portaria n.º 19/2022, de 5 de janeiro, Diário da República). Os visitantes maiores de 6 anos e menores de 18 anos e os visitantes a partir de 65 anos pagam 50 % do valor da taxa, ou seja, 1,5 €. Os habitantes da Ilha (e trabalhadores) e de Peniche estão isentos.

✈ Como chegar:

A ligação marítima, entre o Porto de Peniche e a Ilha da Berlenga, têm uma duração aproximada de uma hora. As embarcações de passageiros funcionam entre os meses de Maio e Setembro, fora desse período não existe transporte regular para a Ilha da Berlenga, à excepção dos faroleiros e dos pescadores locais. O “Cabo Avelar Pessoa”, embarcação da empresa VIAMAR, é o transporte marítimo regular com maior capacidade de carga e para o transporte de passageiros. Há também diversas embarcações marítimo-turísticas (Barco Julius, Rumo ao Golfinho, TGV, etc) que levam entre 10 a 40 passageiros, permitindo o acesso à ilha de uma forma cómoda e mais rápida, bem como a organização de passeios às grutas do Arquipélago das Ilhas Berlengas.

🏠 Onde ficar:

Em virtude de ser uma Reserva Natural (Reserva Natural da Biosfera da UNESCO), a Ilha da Berlenga tem três [e únicas] possibilidades de pernoitar para os visitantes: o apoio de campismo (Município de Peniche – Posto de Turismo), na Pousada do Forte São Julião Baptista da Associação de Amigos das Berlengas (AAB) ou no Restaurante Mar e Sol. Aconselha-se a quem quiser pernoitar na ilha a levar lanternas e mantimentos, água doce incluída. No Castelinho existe um pequeno bar e um minimercado com produtos essenciais para a estadia na Ilha. Importa referir que a electricidade é cortada à uma hora da manhã. A torneira de água doce comunitária está aberta entre às 9 e 11 h da manhã todos os dias, visto que é transportada por via marítima pela embarcação “Cabo Avelar Pessoa”.

  • Área de campismo: as reservas são feitas no Posto de Turismo de Peniche (telefone: 262 789 571; email: turismo@cm-peniche.pt)
  • Casa Abrigo do Forte de São João Baptista: reservas feitas junto da Associação Amigos das Berlengas (telefone: 912 631 426; email: berlengareservasforte@gmail.com)
  • Pavilhão Mar e Sol: reservas feita pelo telefone 91 954 31 05

🍜 Onde comer:

Em virtude da Ilha da Berlenga ser um santuário natural, a oferta e diversidade de espaços gastronómicos é [muito] reduzida. A principal área de restauração localiza-se na Berlenga Grande. Trata-se do Restaurante e Alojamento Mar & Sol, localizado no bairro dos Pescadores. Um convite a uma tertúlia pelos sentidos e sabores da cultura gastronómica da região Oeste, em especial, o paladar de uma caldeira de marisco ou um prato de sardinhas com sabor à maresia atlântica. Na minha opinião, a opção mais correta é levar, como se dizia nos escuteiros, “almoço-volante”, isto é, o típico farnel. Nada como uma bela “sandocha” e uma “cervejinha” para desfrutar do descanso de uma caminha pelos trilhos da Berlenga. No Forte da Berlenga, com entrada gratuita, existe também um pequeno bar-restaurante, explorado pela Associação dos Amigos da Berlenga (AAB), que poderá visitar.

Nota importante [👤]

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📌À descoberta do Alto Minho: um périplo fotográfico pela região mais a norte de Portugal.

📷 A região do Alto Minho. O troço de fronteira mais antigo de Portugal Continental: o rio Minho. Paisagens que parecem bilhetes-postais, Terra de gentes afáveis, de bom vinho Alvarinho, gastronomia farta, o Parque Nacional Peneda-Gerês e de inúmeros Castelos que fazem parte das estórias da História de Portugal.  Afinal, o Minho definiu os limites geográficos do Condado Portucalense face à Galiza.

Região raiana, o Alto Minho tem um património edificado, natural e geológico único. É um belo prelúdio da diversidade do nosso país. Paisagens bucólicas que parecem bilhetes-postais, lugares que contam estórias da nossa História e uma gastronomia farta e à minhota. O Parque Nacional da Peneda-Gerês não é o único motivo para visitar esta região bem portuguesa. Recordamos algumas imagens fotográficas e impressões pessoais de um viajante andarilho pela essência e singularidade desta região mais a norte de Portugal. Acompanhe-nos neste périplo fotográfico pela região do Alto Minho e conheça locais repletos de história.

📍Rafting no rio Minho (Melgaço)

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Uma das razões para visitar o Alto Minho: o Rafting. Esta actividade radical realizada, entre a barragem da Frieira (Espanha) e a Ponte do Peso (Melgaço), no rio Minho, foi uma das razões para visitar o concelho de Melgaço. Tratou-se de uma experiência fantástica e com muita adrenalina ao longo de quase 14 Km. Os monitores da Melgaço Radical (e da Melgaço WhiteWater) são excelentes pessoas que nos proporcionam uma experiência fantásticas que desperta os nossos sentidos. A cereja no topo do bolo é a oferta de uma garrafinha de vinho Alvarinho aos clientes. Nunca tinha feito Rafting e confesso que superou as minhas expectativas sobre esta actividade de turismo de aventura e radical. Um dia, irei voltar para fazer esta experiência com os meus alunos! Há que promover o “currículo oculto”. Trata-se de uma forma divertida (e exigente) de cimentar o espírito de união de um grupo.

📍Santuário de Nossa Senhora da Peneda (Arcos de Valdevez)

img_20190215_143036_998-1371465966.jpgO Santuário de Nossa Senhora da Peneda é um lugar recôndito e de rara beleza. A sua escadaria é um regalo arquitectónico para os nossos olhos. A Igreja, dedica ao culto da Nossa Senhora da Peneda, foi construída entre os finais do século XVIII e os primórdios do século XIX. Trata-se de um dos santuários católicos mais concorridos pelos romeiros do Norte de Portugal, em especial, na região do Alto Minho. Aprecie a bela cascata que cai, abruptamente, dos penedos graníticos que dão forma, cor e impacto visual à Serra da Peneda.

📍Praça-forte de Valença do Minho (Valença)

img_20190216_233813_934569004936.jpgPraça-forte de Valença do Minho, a sentinela da fronteira raiana do Alto Minho. Durante o século XII, El-rei Dom Sancho I, através de Valença, por inúmeras vezes tentou expandir a fronteira lusa com o assédio às localidades galegas de Tui e Pontevedra. Valença, à época denominada Contrasta, afirmou-se como um local estratégico, visto que estava entre o Rio Minho e a velha estrada romana.  É a mais importante fortaleza do Alto Minho e um dos notáveis exemplos da Arquitectura Bélica da História de Portugal (só equiparada a Almeida e Elvas). Esta impressionante fortificação abaluartada, construída no contexto da Guerra da Restauração (1640-1668), é um belo exemplo do aproveitamento das condições do meio envolvente: os patamares sobrepostos à orografia do terreno. Um projecto militar com escala para fazer face às ameaças de “nuestros hermanos”. Hoje em dia, esta cidade minhota é um ponto de confluência entre peregrinos de Santiago e de viajantes de todos os cantos da Peninsula Ibérica. Uma História feita de [Portugueses] Fortes!

📍Aldeia do Sistelo (Arcos de Valdevez)

img_20190214_195641_517-828808577.jpgEm Portugal existem lugares encantadores para descobrir. Sistelo é um deles. uma aldeia singela e bela. Trata-se de uma paisagem monumento-nacional e uma das 7 maravilhas de Portugal. Esta aldeia minhota, localizada no relevo acidentado da Serra da Peneda, é conhecida (turisticamente) pelo “Tibete Português”. E porquê? A paisagem envolvente é caracterizada pelos socalcos, que variam entre os 180 metros e os 1360 metros, onde se cultiva o milho e pasta o gado autóctone: as vacas cachenas. Apesar não estarmos na Ásia, a paisagem verdejante transmite uma paz espiritual e uma harmonia secular entre o homem e o meio. Um belo poema paisagístico escrito pelo Homem.

📍Vila de Ponte de Lima (Ponte de Lima)

2018_0606_12301000650701230.jpgSabia que Ponte de Lima é a vila mais antiga de Portugal? A capital da canoagem portuguesa é uma verdadeira embaixadora da região do Alto Minho. O rio Lima, que dá nome a esta vila, era denominado pelos romanos de Lethes: o rio do esquecimento. Quem o atravessasse, acreditava eles, perderia [para sempre] a memória. Era, assim, há mais de dois milénios. Além da beleza natural que envolve esta peculiar vila de Portugal, o património edificado aumenta singularmente o seu valor histórico, cultural e arquitectónico como, por exemplo, a icónica ponte romana sobre o rio Lima e os vestígios da cerca e torres muralhadas, construídas durante o reinado do “Justiceiro” D. Pedro I de Portugal, que cercavam o antigo burgo medieval. Não deixe de percorrer a “Avenida dos Plátanos”, bem como ver a bela Capela do Anjo da Guarda.

📍Espigueiros do Soajo (Arcos de Valdevez)

2018_0606_15531600-419566512.jpgA simpática vila do Soajo. Aqui, o viajante poderá encontrar um conjunto de espigueiros erigidos sobre uma majestosa laje granítica. Ainda hoje, são utilizados para secar o milho pelas gentes desta aldeia minhota. Os Espigueiros do Soajo são um excelente exemplo da tradição da arquitectura popular do Minho. O percurso turístico de Automóvel pelas estradas e caminhos, entre as Serras Amarela e do Soajo, o viajante tem, por vezes, a companhia das [singelas] vacas Barrosãs. Máxima atenção!

📍Torre de Lapela (Monção)

img_20190216_234946_166-297228575.jpgHá locais repletos de História, como o caso da Torre de Lapela. Incógnita na paisagem, esta Torre de Menagem impõe a sua presença junto às margens do rio Minho. Datada do século XIV, esta Torre Medieval é uma imponente, robusta e sólida construção bélica. É visível a grande distância e eleva-se a cerca de 35 metros sobre o leito do rio Minho. No reinado de D. Manuel I  (1495-1521),o castelo foi desenhado pela pena do escudeiro Duarte D`Armas no seu “Livro das Fortalezas” (ANTT: 1509).  Durante o reinado de D.João V (1705-1750), o antigo castelo de Lapela foi desmantelado, à excepcão da Torre, para que as suas sólidas pedras fossem utilizadas na construção da moderna fortaleza abaluartada da vila de Monção. Exigências bélicas (e dos tempos). Sugerimos uma visita ao  Núcleo Museológico, aberto desde 2016,  para compreender as estórias desta sublime torre fortificada. No final, o viajante poderá desfrutar de uma vista arrebatadora para o leito do rio Minho e para o conjunto da aldeia. A “Torre de Belém do Minho”, segundo é apelidada pelas gentes regionais, vale mesmo a pena visitar e perder um bocado de tempo.

📍Aldeia de Castro Laboreiro (Melgaço)

img_20190216_154225_0171232351829.jpgIncógnito e recôndito. Duas palavras para descrever este “guerreiro de pedra” da aldeia de Castro Laboreiro. Localizado a cerca de 1000 metros de altitude, o castelo de Castro Laboreiro é um forte motivo para visitar a genuína aldeia de Castro Laboreiro. Trata-se de um antigo castro romanizado que, na minha opinião, vale pela sua localização geográfica e, acima de tudo, pela seu conjunto fortificado preservado da intervenção do Estado Novo na década de 40 do século XX. Após uma caminhada de cerca de 900 metros, com sinalética um pouco degradada, é possível contemplar uma das melhores vistas para a aldeia de Castro Laboreiro e para as fragas/penedos da Serra da Peneda. A Just Natur organiza visitas e caminhadas temáticas para apreciar o património natural e edificado desta aldeia típica castreja.

📍Castelo de Lindoso (Ponte da Barca)

img_20190207_095202_393-202276086.jpgÉ na freguesia de Lindo(so) que existe a maior concentração de Espigueiros da Peninsula Ibérica. São, sensivelmente, 120 exemplares. Esta aldeia minhota tem um belo nome e, na minha subjectiva opinião, é  bela de aspecto. Trata-se da sentinela [de pedra] das Serras da Peneda e do Gerês.  Em virtude da sua situação estratégica, sobre o curso do rio Lima, é um dos mais importantes monumentos portugueses da arquitectura militar medieval, datada do reinado de D.Afonso III (1248-1279),  foi alvo de inúmeros assédios bélicos durante a Guerra da Restauração (1640-1668), visto que está próxima da fronteira raiana com Espanha. Poderá, no interior da fortaleza, visita um pequena exposição permanente sobre a sua emblemática história em defesa do escudo real de Portugal. Na envolvência desta fortificação bélica, o viajante fica impressionado com a enorme quantidade dos “pequenos celeiros” da região minhota: os Espigueiros. O mais antigo está datado do século XVIII. São o exemplo da vivência comunitária das gentes desta aldeia do Alto Minho.

📍Mosteiro de Sanfins de Friestas (Valença)

img_20190223_084033_356137124943.jpgA Igreja do Mosteiro de Sanfins de Friestas sobressai na bucólica paisagem onde se insere.  Aqui, o viajante viaja pelo legado secular da arquitectura religiosa românica do Alto Minho. É como estar às portas [da História de Arte] do primeiro românico Português. Com amplas vistas sobre o vale do rio Minho, o antigo Mosteiro [Masculino] Beneditino, fundado no fim do século XI, tem um extenso aglomerado de ruínas que revelam as seculares estruturas religiosas: o aqueduto, o muro e as respectivas dependências monacais.  Este lugar é um verdadeiro convite ao recolhimento espiritual no seio de uma monumental mata de Carvalhos (os verdadeiros guardiões deste lugar peculiar).

📍Castelo de Melgaço (Melgaço)

FAM TRIP_Melgaço--4Castelo de Melgaço é um belo exemplo da arquitectura militar românica. Uma das características é a sua Torre de Menagem, situar-se no centro da Alcáçova, em vez de ficar junto à cintura de muralhas. Por momentos, senti-me na pele do escudeiro Duarte D’Armas que desenhou este “guerreiro de pedra” para El`Rei D.Manuel I nos principios do século XVI. Todavia, uma das razões para visitar o concelho mais radical de Portugal é o Rafting. Esta actividade radical realizada, entre a barragem da Frieira (Espanha) e a Ponte do Peso (Melgaço), no rio Minho, foi uma das razões para sair da minha zona de conforto e fazer quase 500 km até ao concelho mais a Norte de Portugal. Tratou-se de uma experiência fantástica e com muita adrenalina ao longo de quase 14 Km. Os monitores da Melgaço Radical (e da Melgaço WhiteWater) são excelentes embaixadores do rafting, em Portugal, que nos proporcionam experiência fantásticas que despertam o lado radical escondido que há em cada pessoa.

📍Parque Nacional Peneda-Gerês (Melgaço)

FAM TRIP_Melgaço--16Parque Nacional Peneda-Gerês proporciona-nos um contacto mais próximo com a Natureza. Aliás, a vila de Melgaço situa-se, a sensivelmente, 30 Km de umas das entradas: as Portas de Lamas de Mouro. Ao longo da estrada, o viajante poderá apreciar a dimensão física, a fauna e a flora deste lugar mágico. Podemos ver cavalos selvagens (os garranos) e as vacas da raça cachenas guiadas por cães da raça Castro Laboreiro que pastam livremente, entre o principio da primavera e o fim de outono, nos inúmeros prados na zona montanhosa da região minhota. Porque não captar a fauna e a flora de um dos mais importantes parques naturais de Portugal Continental?

Como dizia o escritor José Saramago, o “viajante [Oliraf] volta já.”

Não deixe de fazer…

  • realizar uma prova de vinhos (até três vinhos) gratuita no Solar do Alvarinho;
  • observar as vacas cachenas, os cavalos selvagens (garranos) entre as Portas de Lamas de Mouro e a aldeia da Branda da Aveleira;
  • dar um mergulho em Caminha;
  • conhecer o Navio Gil Eanes na cidade de Viana do Castelo;
  • visitar o único SPA para cabras em Portugal Continental: a queijaria Prados de Melgaço;
  • fazer uma “Grand Tour” pela região vinícola da casta Alvarinho através da Rota do Alvarinho;
  • visitar o canil onde se cria os cães da raça Castro Laboreiro;
  • explorar os inúmeros trilhos pedestres do Parque Nacional Peneda-Gerês.
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Para mais informações:

Aqui poderá encontrar, por exemplo, extensa documentação e dicas sobre o património material e imaterial desta vila do Alto Minho nos seguintes links:

O website do Turismo Porto e Norte oferece informação atualizada sobre a região Norte de Portugal. É a melhor opção para começar a planear uma viagem à região do Alto Minho. Já o Município de Melgaço permite descarregar mapas e um conjunto de informações sobre os transportes públicos, locais de interesse, museus, gastronomia, entre outros. Importa salientar que poderá encontrar o posto de turismo para saber mais informações e dicas para fazer e planear o seu roteiro pela vila. Para mim, esta é a melhor forma de começar a visita a Melgaço: a Praça da República.

✈ Como chegar:

Em virtude de querer conhecer um pouco a região do Alto Minho, visto que ia fazer uma viagem de quase 500 km, optei por ir de avião numa companhia low-cost para o Aeroporto do Porto. É a melhor opção relação custo-tempo. De seguida, optei por alugar uma viatura para ir para o concelho de Melgaço. A partir do Aeroporto do Porto (Maia), deve seguir pela A41 (IC24) até à saída para a A3 (Parede), em direcção a Braga (via Valença). De seguida, opte pela N101 que liga Valença a Monção. Deverá prosseguir pela N202 até à vila de Melgaço. Se quiser prosseguir para a aldeia de Castro Laboreiro, desde a vila de Melgaço, opte pela N202 em direcção a Lamas de Mouro. De seguida, opte pela N202-3 rumo à aldeia serrana. Tenha atenção às vacas cachenas e ao nevoeiro denso que costuma aparecer ao longo do trajecto rodoviário.

🏠 Onde ficar:

No concelho de Melgaço existem inúmeras opções económicas de alojamentos, consoante o número de dias que irá ficar para conhecer a região do Alto Minho e do Parque Peneda-Gerês. Nas proximidades das Termas de Melgaço, o Hotel Boavista II (3 Estrelas) é uma excelente ideia para quem queira ficar na vila de Melgaço. Já na aldeia de Castro Laboreirorecomendo duas opções distintas: uma unidade Hoteleira (Hotel Castrum Villae) e um alojamento local (Moinhos do Poço Verde). Na minha opinião, ambas as escolhas são recomendáveis. Todavia, se gosta de um ambiente tranquilo e longe da confusão, os Moinhos do Poço Verde são a melhor opção para “meditar” na natureza envolvente do Parque Nacional Peneda-Gerês. Este turismo rural é ideal para quem queira ficar um fim-de-semana.

🍜 Onde comer:

Na vila e nos arredores do concelho de Melgaço existe uma diversidade de espaços gastronómicos que são um convite a uma tertúlia pelos sentidos e sabores da cultura gastronómica melgacense. Vejamos, a Adega Sabino é um dos melhores espaços para saborear a gastronomia local e regional do Alto Minho. Afinal, o “Sabino” é um verdadeiro “embaixador” da cultura gastronómica melgacense. Na minha opinião, a sua simplicidade em acolher no seu espaço gastronómico, torna-o especial. A sua adega conquistou-me pelo paladar e pelos aromas do alvarinho, bem as indicações para fazer uma prova de vinhos no Solar do Alvarinho. Recomendo as pataniscas, os nacos de vitela, o bucho doce e o vinho Alvarinho Torre de Menagem. Nas proximidades do Mosteiro de Paderne, optei por jantar na Tasquinha da Portela. Na minha opinião, um dos melhores restaurantes do concelho de Melgaço. Recomendo o pão de alho, o Polvo à lagareiro, o vinho branco da casa (mistura de alvarinho), bem como os licores da casa. E a simpatia da gerência são bons motivos para voltar. Para quem quer lanchar, a pastelaria e salão de chã Aromas & Caprichos é um excelente motivo para deliciar-se com a mistura da pastelaria francesa com produtos regionais. Nas proximidades de Castro Laboreiro, o Brandeiro é um dos melhores restaurantes do concelho de Melgaço. Trata-se de boa sugestão gastronómica para visitar a castiça aldeia da Branda da AveleiraSupera pela sua localização geográfica e variedade gastronómica os restaurantes de Castro Laboreiro: o Miradouro do Castelo e o Miracastro. A nivel gastronómico, recomendo os nacos de carne chacena. Infelizmente, não se apanha muita rede de telemóvel no restaurante. Optamos por saborear o momento a solo. A vida sabe melhor.

Nota importante [👤]

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📌 À descoberta de Monsanto: um olhar fotográfico da “Aldeia mais portuguesa de Portugal”.

📷 Majestosa, forte e alta. São três adjectivos que utilizo para descrever esta aldeia-monumento da região Centro de Portugal. Para mim, a aldeia histórica de Monsanto é a aldeia-rainha do Turismo Português.  Afinal, não há terra igual no nosso país! Trata-se da aldeia com maior consagração nacional, a comprovar estão os prémios de “Aldeia mais Portuguesa de Portugal” (1938), uma das doze Aldeias Históricas de Portugal e, mais recentemente, uma das finalistas da categoria de aldeia-monumento das 7 Maravilhas de Portugal® – Aldeias. Sabia que o  seu castelo medieval foi eleito, em 2007, uma das 7 maravilhas de Portugal?

📍Monsanto, Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Portugal.

As Aldeias Históricas de Portugal são, na sua grande maioria, antigas povoações fortificadas localizadas junto à raia, isto é, junto à fronteira luso-espanhola. Monsanto, na ciência geográfica, é um Icelbergue, ou seja, um “monte-ilha” resultante dos agentes erosivos. Esta aldeia portuguesa é conhecida e apreciada pelas suas características singulares histórico-culturais e geográficas. Uma viagem curta, mas vivida intensamente. Monsanto é sempre uma boa surpresa para um viajante ocasional.

Monsanto
Gravura do Castelo de Monsanto in Livro das Fortalezas, Duarte d`Armas, c.1509, ANTT

Localizada no Municipio de Idanha-a-Nova, situada a meio caminho entre Penha Garcia e Castelo Branco, esta é uma das doze Aldeias Históricas de Portugal🇵🇹.  Há lugares que despertam o nosso espírito de viajante andarilho existente em cada um de nós. Ícone turístico da região da Beira Baixa, a Aldeia Histórica de Monsanto é uma experiência pelo património edificado e natural, bem como da autenticidade das suas gentes locais. Era uma ambição antiga que nunca se satisfazia como se aquela vontade [de viajar] acumulada por muitos anos nunca mais se fartasse  Monsanto mais do que uma aldeia, a meu ver, é um geomonumento.

A Igreja Matriz (ou de São Salvador) recebe-nos à entrada da “aldeia mais portuguesa” de Portugal. O viajante está em Monsanto. Aqui, o casario  granítico confunde-se com os “caos” de penedos que descem a encosta que observo atentamente. De facto, não é muito diferente do que  o escudeiro  ao serviço de El`Rei D.Manuel I  (1495-1521) desenhou nos princípios do século XVI. Por momentos, senti-me na pele Duarte D’Armas que desenhou este “guerreiro de pedra” na suas errâncias pela fronteira luso-castelhana.

img_20181105_200742_3441062676411.jpgMonsanto, uma aldeia portuguesa. Sabia que foi considerada a “Aldeia mais Portuguesa” de Portugal, em 1938, na vigência do regime Estado Novo? A réplica do Galo de Prata na Torre de Lucano (ou do Relógio) é uma evidência do passado desse concurso, organizado e desenvolvido pelo Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), liderado por António Ferro. Este organismo tinha como objectivo a promoção da coesão nacional e do restauro das “tradições”, através, de concursos, discursos e guias de viagem. Através dos conceitos centrais – popular, o povo, a aldeia e a tradição – o Estado Novo (1933-1974) procurava instituir um universo simbólico que facilitasse a imposição da ideologia política do Salazarismo: a construção de uma identidade nacional.

monsanto (1)A Aldeia era o cenário perfeito para acções de propaganda da raça portuguesa ancestral. Simbolizava o reduto da nação portuguesa – antiga, rural, prestígio do núcleo familiar e da moral, trabalhadora, tradicional, pobre, cristã, honrada e genuína, isto é, o refúgio material e imaterial da conservação, desde tempos remotos, do modo de viver das comunidades, através da história, folclore, artesanato, da religião, sabedoria popular e do património edificado, em oposição ao Portugal cosmopolita e urbano. A política do regime Salazarista, enquanto sistema totalitário e fascista, pretendia evitar, a todo o custo, a “Proleitarização” dos Campos, isto é, defender a coesão nacional face ao massivo êxodo rural para as cidades em busca de novas oportunidades de vida.

 

img_20181107_202518_160-794935924.jpgO miradouro natural, junto ao Forno Comunitário, faz parar curiosos desde a subida do centro da aldeia ao topo da fortificação bélica local. É a parte mais antiga e o ponto mais alto da aldeia. O castelo fica situado num lugar íngreme e de difícil acesso. Nas minhas itinerâncias, a busca da curiosidade dos lugares leva-me sempre a subir a um ponto elevado. Não me fatigo. Nada me emociona que o deslumbramento da revelação de uma paisagem. Após a conquista por D.Afonso Henriques aos Sarracenos, a aldeia de Monsanto foi doada aos Templários. O Castelo de Monsanto foi construído no decurso do século XII pelo mítico Gualdim Pais (1157-1195), grão-mestre da Ordem do Templo em Portugal.

img_20181107_200751_771-2139980262.jpgEste “guerreiro de pedra” foi adaptado à morfologia do meio em que está inserido: as muralhas e a alcáçova fortificada serpenteiam ao sabor das enormes fragas e penedos graníticos. Hoje em dia restam pouco vestígios da torre de menagem. A sua missão era proteger a fronteira leste do Reino de Portugal, em conjunto com os castelos de Penha Garcia e Segura, face às investidas bélicas do Reino de Leão e Castela, visto que, durante a Idade Média, esta zona era muito vulnerável, instável e pouco povoada. Para tal, os primeiros reis da Dinastia Afonsina concederam-lhe Carta de Foral em 1174, 1190 e em 1217. Com um panorama visual 360º, do topo do castelo destacam-se a barragem Marechal Carmona e, ao fundo, o pequeno castelo de Penha Garcia. Para mim, um cenário à medida da Série da HBO “Game of Thrones”!  É difícil transmitir sensações perante esta paisagem singular capaz de deixar qualquer um 💯 fôlego.

monsanto (3)Segundo uma famosa a lenda medieval do cerco ao Castelo de Monsanto, os sitiados enganaram os castelhanos alimentando uma vitela com o pouco cereal que tinham. Julgando que os monsantinos estavam cheios de mantimentos, as tropas castelhanas decidiram levantar o cerco. A Festa de Santa Cruz, em Maio, honra a memória deste episódio da história local. À saída do recinto muralhado, ergue-se o antigo povoado primitivo em redor do Campanário, à esquerda, e da  Capela de São Miguel, à direita. A partir do século XV, os monsantinos instalam-se, progressivamente, na actual aldeia. Trata-se de um belo exemplar da arquitectura românica. Infelizmente, hoje, em ruínas. Mas, estas não deixam de ter o seu mistério. Afinal, as ruínas são o símbolo da passagem do tempo.  Nas proximidades, o viajante curioso poderá visualizar a Torre do Pilão e as respectivas sepulturas antropomórficas. Aqui, o viajante poderá sentir que o tempo não está aprisionado em sólidas muralhas de granito.

img_20181107_202113_845-1045289407.jpgSensivelmente a 758 metros de altitude, a alma de viajante andarilho, tal como o geógrafo Orlando Ribeiro, foi esmagada pelo paisagem envolvente. Monsanto não é apenas uma lição de História. É, também, uma lição de Geografia. De facto, as ciências geográficas e históricas caminham juntas. Ninguém fica indiferente aos inúmeros penedos e blocos graníticos que emergem do planalto da Beira Baixa: são os inselbergue ou montes-ilha. Estas formas de relevo esculpidas com mestria pela acção da natureza, através, dos agentes de erosão (ventos e chuva). A Rocha granítica, neste caso, mais resistente fica à superfície terrestre. Os blocos graníticos exemplificam a força “bruta” da Natureza e a fragilidade do ser humano. Continência aos agentes erosivos! O viajante alarga os horizontes da memória e geográficos. O espanto da novidade a qualquer instante. Natureza exuberante e surpreendente. A experiência directa, e não a leitura de livros, tornou-se no modo de conhecer o mundo real. Uma na forma de olhar o Mundo. É um território de natureza bruta. A largueza dos horizontes abre-nos para a eterna novidade do Mundo.

2018_0428_135837001039201416.jpgMonsanto não se resume ao velho e singelo castelo templário. Após uma prolongada e saborosa visita ao recinto muralhado do Castelo de Monsanto, e pelas vistosas paisagens envolventes, a visita continua numa inocente exploração dos sentidos. Descubro a casa do médico Fernando Namora que, entre 1944 e 1946, praticou medicina na aldeia de Monsanto. Construída em 1931, uma placa assinala a presença deste vulto da cultura literária portuguesa do século XX. Este escritor português amava a autenticidade e a solidão do Mundo Rural, ao contrário das vivências citadinas. O próprio sentia-se um “estrangeiro na cidade”. Estou certo que uma parte da sua obra literária foi inspirada e escrita nesta aldeia bem portuguesa. Veja-se o caso da obra “Nave de Pedra” (1975).

monsanto (2)À porta de uma casa de Monsanto encontro uma idosa tecendo e que saboreava a azáfama quotidiana de forasteiros que vêm visitar a sua singela aldeia. De súbito, ocorro-me a citação de um grande pensador e intelectual da nossa História, o Padre António Vieira (1608-1697):  “Somos o que fazemos. Nos dias em que fazemos, realmente existimos; nos outros, apenas duramos.” Os meus olhos depararam-se num objecto com características e formas peculiares. Perguntei-lhe na minha ignorância o que era. Respondeu-me: uma Marafona. Trata-se de uma Cruz de madeira vestida com aspecto de boneca (sem olhos, sem orelhas e nariz) com os trajes típicos da região de Monsanto, associada a cultos de fertilidade, utilizada para afastar o perigo das trovoadas e participa nos desfiles da festa da Divina Santa Cruz, no dia 3 de Maio. No final, optei por comprar a dita “Marafona” e pedi ainda a autorização para captar uma foto para levar como recordação. Um belo exemplo da tradição, identidade e folclore que faz desta aldeia uma das doze Aldeias Históricas do Centro de Portugal. Será que esta tradição irá perder-se? Interrogo-me. Só o tempo o dirá.

monsanto (4)A singularidade da sua localização num complexo rochoso, e construída no seio de um “caos” imenso de blocos de granito, a aldeia histórica de Monsanto, no concelho de Idanha-a-Nova, ganhou em 1938 o Galo de Prata e a designação da “aldeia mais portuguesa de Portugal”. Gente simples ocuparam penedos graníticos para vincar a dureza da vida quotidiana nestas latitudes. As pedras e o Homem. O Adufe e a Música. Os Horizontes e as suas Histórias. O Coração sentimental de Portugal. Coordenadas do tempo e do espaço em uma extensão sem precedentes. E um museu a céu aberto à História de Portugal e da Geografia Física. Presença e força que ditam a essência e singularidade da sua povoação. O Adufe e a Marafona são exemplo disso. Neste “Monte Santo” houve uma comunidade milenar que, ao longo dos milénios, soube adaptar-se ao meio envolvente.

Nas redondezas da aldeia histórica de Monsanto, não deixe de visitar:

  • a povoação raiana e as minas de Segura;
  • as termas de Monfortinho;
  • o Parque Nacional do Tejo Internacional;
  • o núcleo museológico do Paleozóico;
  • o Castelo e os moinhos etnográficos de Penha Garcia;
  • a povoação espanhola de Alcántara e o seu ex-libris: a Ponte Romana;
  •  o conjunto fortificado da aldeia histórica de Idanha-a-Velha.

Apesar de não ter nascido com passaporte de turista, como dizia o escritor Alves Redol, fui construindo uma paixão pela viagem. Viajar é aprender com o olhar. Estou no Centro de Portugal. Facto. Mas, há um dia da nossa vida que temos de descobrir um “Centro” que nos conduza pelo caminho das nossas fraquezas em busca de certezas. Monsanto é um belo exemplo da adaptação do Homem ao meio. Segundo Ernest Hemingway, a cidade de “Paris é uma Festa”. Já, para mim, Monsanto é uma Evasão. Aqui, existe uma harmonia entre o ser humano e a natureza. Durante as minhas viagens, tal como Fernando Namora, afasto-me da profissão para que o viajante possa emergir dentro de mim.

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Para mais informações:

Aqui poderá encontrar, por exemplo, extensa documentação e dicas sobre o património material e imaterial desta vila do Alto Minho nos seguintes links:

O website do Turismo da Região Centro oferece informação actualizada sobre a imensa do Centro de Portugal, sendo a melhor opção para começar a planear uma viagem à região. Recomendo, também, a consulta do sitio digital das Aldeias Históricas de Portugal, visto que permite descarregar mapas e um conjunto de informações sobre os transportes públicos, locais de interesse, museus, gastronomia, entre outros. Importa salientar que poderá pesquisar no site do Município de Idanha-a-Nova para saber mais informações e dicas para fazer e planear o seu roteiro pela aldeia histórica de Monsanto.

Monsanto está localizada a cerca de 25km a nordeste de Idanha-a-Nova. A estrada nacional N239 faz a ligação de Idanha a Monsanto num percurso com uma duração de cerca de 45m de carro. Se vem de Lisboa ou do Porto pela A1, deverá sair para a A23 na saída de Abrantes/Torres Novas. Na A23 saia pela saída de Alcains/Penamacor e siga as indicações para Idanha-a-Nova.

Coordenadas GPS: 40.0454776, -7.2296209

Ler mais em:

CASTELO-BRANCO, Salwa El-Shawan (ed.) ; BRANCO, Jorge Freitas (ed.). Vozes do Povo: A folclorização em Portugal. New edition [online]. Lisboa: Etnográfica Press, 2003 (generated 24 janvier 2019). Available on the Internet: Capítulo 9. O concurso “A Aldeia Mais Portuguesa de Portugal” (1938) >.

Documentário  “A ALDEIA MAIS PORTUGUESA DE PORTUGAL” realizado por António de Meneses (1938).

NOÉ, Paula – Os castelos da Ordem do Templo em Portugal. Lisboa: SIPA, 2016.

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💻 Texto: Rafael Oliveira 📷 Fotografia: Oliraf Fotografia 🌎

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