⛏ À descoberta da Rota do Mármore: uma viagem fotográfica pela indústria extrativa do Anticlinal de Estremoz.

⟟ O Alentejo é um território com vastas e reconhecidas potencialidades estratégicas,  onde podemos incluir o turismo industrial e cultural. A Rota do Mármore do Anticlinal de Estremoz proporciona uma visita a lugares “invisíveis” que não estão acessíveis às massas turísticas. Trata-se, a meu ver, de um excelente exemplo da dinamização turística, cultural e económica da Indústria extractiva do Mármore e do interior de Portugal, designadamente na região do Alentejo. Nesta visita-guiada pelo núcleo de pedreiras de São Marcos, entre os concelhos de Vila Viçosa do Alandroal, o leitor poderá (re) viver a minha experiência fotográfica e saber um pouco mais sobre a excelência e qualidade do mármore do Anticlinal de Estremoz. Sabia que o “Ouro Branco” é extraído, transformado e exportado para todas as regiões do globo terrestre? Sabia que Portugal é um dos principais e maiores produtores de rochas ornamentais do mundo (Mármore e Granito), a seguir a Itália? Sabia que a residência oficial do antigo líder do Iraque Saddam Hussein tinha mármore alentejano?

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💡 Sabia que…❓⁉️

⛏ Nas pedreiras da região do Alentejo – de Rocha Industrial e Ornamental – “vão-se deixando buracos abertos e morros de desperdício, é um choque visual”: as escombreiras;

⛏ O mármore português foi para o mercado árabe a 20 a 30€ m2 sem acrescentar valor, isto é, não basta a atividade extrativa transformar a matéria-prima em território nacional e, de seguida, exportá-lo. com a conciliação da atividade extrativa e transformadora;

 Originário da cidade de Carrara, na Itália, o mármore italiano tem maior valor económico que o Mármore Português, apesar do último ser único, cristalino e puro; 

A indústria transformadora [do mármore] é 100% sustentável: gera quase 80% da nossa energia, trabalhamos com 95% sempre da mesma água, sempre em circuito;

⛏ O Museu da Tolerância, em Jerusalém, ou o Perelman Performing Arts Center, em Nova Iorque, na zona do World Trade Center têm mármore português.

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Rota do Mármore do Anticlinal de Estremoz, criada pelo Centro de Estudos de Cultura, História, Artes e Património (CECHCAP), é um projecto cultural e de turismo industrial que pretende promover os patrimónios da região alentejana, tendo como ponto de partida o seu recurso endógeno mais abundante: o mármore. Consiste em proporcionar aos visitantes uma experiência invulgar, através de visitas guiadas acompanhadas por uma equipa multidisciplinar (guias-intérpretes, historiadores e investigadores) conhecedores do território, da geologia, da indústria e do património  associado ao mundo do mármore. O objectivo é a promoção de actividades de animação turística, diferenciadora e integradora, através da valorização da história, cultura, arte, a arquitectura, paisagem e gastronomia dos concelhos de Alandroal, Sousel, Borba, Estremoz e Vila Viçosa, visto que a Rota do Mármore AE, está sediada no centro histórico de Vila Viçosa, em plena zona dos Mármores do Alentejo.

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Mármore: o ouro branco da região do Alentejo. A região de Borba, Estremoz e Vila Viçosa constituem o núcleo-base do Anticlinal de Estremoz, uma das mais antigas e produtivas superfícies de extracção de rochas ornamentais em Portugal. As actividades relacionadas com este recurso mineral têm um grande peso na economia regional destes concelhos alentejanos e fomentam a empregabilidade da população local na indústria local, face a uma tradicional ligação ao sector agrícola. O nosso país é o segundo maior exportador mundial desta rocha ornamental, e até a Itália, o maior produtor, compra mármore de origem nacional.  Dai, a importância da certificação desta matéria-prima. Sensivelmente 90 % do Mármore de Portugal é extraído em torno da região de Estremoz: o anticlinal de Estremoz. Esta rocha ornamental é extraída e utilizada há mais de dois mil anos, desde a época romana e islâmica.  O Templo Romano de Évora, a Mesquita de Córdoba ou o Palácio de Vila Viçosa são magníficos exemplos da utilização arquitectónica desta rocha ornamental.

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Um pouco de Geologia…

O Anticlinal de Estremoz situa-se, em Portugal, na região do Alentejo, encerra um um dos principais centros mundiais da indústria extractiva de mármores para fins ornamentais denominado Zona dos Mármores. Localiza-se no sector setentrional da Zona de Ossa – Morena (ZOM), em Portugal, a cerca de 150 quilómetros a leste da cidade de Lisboa. Faz parte de um importante estrutura geológica em que diferentes rochas se distribuem no espaço por acção da deposição de sedimentos e materiais provenientes de antigos vulcões que terão acumulado numa bacia de sedimentação em estratos sensivelmente horizontais. Em virtude da acção das forças tectónicas, todos estes sedimentos foram transformados e deformados, originando, respectivamente, rochas metamórficas e dobras na crosta terrestre, fazendo com que as rochas que se encontravam umas sobre as outras passassem a estar lado a lado.

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No fundo, um Anticlinal é uma estrutura geológica geometricamente simétrica, em que a convexidade está voltada para cima, denomina-se antiformas (o núcleo destas estruturas contém as rochas mais antigas). Que tipo de mármores podemos encontrar no Anticlinal de Estremoz? Podemos encontrar diferentes mármores de inúmeras cores, tais como, os cinzentos e por vezes escuros (mármore azul e ruivina), Mármores claros, cremes e róseos limpos ou de vergada fina castanha e acinzentada e Mármores claros com vergada, róseos e creme com vergada xistenta espessa. 

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A primeira parte da visita-guiada consistiu num percurso pedestre pelo núcleo de pedreiras de São Marcos, nas proximidades de Vila Viçosa (EN 255), onde o visitante é elucidado pela importância geológica, histórica, económica, cultural e ambiental da exploração desta rocha ornamental  no Anticlinal de Estremoz, sempre respeitando as indicações de segurança (uso de capacete e colete reflector) e as normas básicas de civismo, visto que as explorações são propriedades privadas. Comprovamos, através de uma panorâmica do local, que a fisionomia de uma pedreira é ditada pelos seguintes factores: a topografia, pela disposição dos filões e pela adaptação de materiais e técnicas usadas na exploração. Antes de iniciar a lavra, a primeira operação é a limpeza do mato à superfície e a remoção de rochas consideradas inferiores. De seguida, após a instalação da maquinaria de suporte à pedreira, a exploração económica dos recursos poderá ser feita por bancadas ou por fossas.

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No Anticlinal de Estremoz existem cerca de 200 pedreiras em actividade para um total de, aproximadamente, 370 cortas existentes e estas unidades extractivas espalham-se pelos vários núcleos de exploração e transformação. A maioria das pedreiras são a céu aberto e tem uma profundidade que varia entre os 15 e os 50 metros, existindo no entanto explorações com profundidades mais elevadas, possuindo a mais profunda cerca de 110 metros. Aliás, existem explorações que fazem, excepcionalmente, lavra em galeria.

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Para atingir tais profundidades, as firmas e os trabalhadores da indústria do mármore utilizam o fio diamantado para o corte de grandes blocos de mármore. Este fio surgiu para substituir as inconveniências técnicas do fio helicoidal, visto que as rochas ornamentais como os granitos são materiais com grande resistência que os mármores. Dai, a sua aplicação à indústria extrativa do mármore. A escolha de um fio tem sempre em consideração os  factores de produtividade e a tecnologia utilizada no corte (máquina em que irá trabalhar, a pedra que o cliente irá serrar, a maior  durabilidade e a rapidez do corte).

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As gruas tipo Derrick são maquinismos com um grande impacto visual, económico e tecnológico nas explorações de extracção do mármore. Estas começaram a ser montadas e utilizadas a partir do final da década de 60 do século passado, após a finalização da construção da ponte Salazar (actual Ponte 25 de Abril), visto que os equipamentos usados para a construção das infra-estruturas foram vendidas a diversas firmas portuguesas pela responsável da obra, a United States Steel Export Company, incluindo algumas empresas metalomecânicas que adaptaram-nas às pedreiras locais de indústria extrativa do AntiClinal de Estremoz.

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Em virtude de a lavra fazer-se em céu aberto e cada vez a profundidades mais profundas, as gruas tipo Derrick passaram a ser maiores para retirar grandes blocos de pedra, substituindo, assim, o arrastamento com recurso aos Crapauds pela elevação. Trata-se de um dispositivo fixo, constituído por um grande mastro que gira mas não se inclina, que se move para cima e para baixo para elevar ou baixar pesos. Para suportar a distribuição do peso da estrutura de metal, estas gruas eléctricas são munidas de dois ou mais braços laterais fixados ao solo.

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Todavia, a exploração de mármores no Anticlinal de Estremoz apresenta alguns problemas relacionados com a evolução da actividade da lavra intensiva. Sabia que num século extraiu-se mais mármore que em dezanove séculos? Estas alterações resultam da evolução do processo extrativo e inovação tecnológica  proporcionada ao longo do século XX, promovendo uma rápida exploração esgotamento da matéria-prima, bem como a degradação e fracturação dos mármores devido à concentração de tensões junto dos taludes. De facto, a maioria das pedreiras são encerradas, pós o corte, arranque e remoção dos blocos de mármore de várias toneladas, e por norma aterrada com recurso à pedra extraída, amontoada nas escombreiras, mas não valorizada economicamente.

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As escombreiras acumulam enormes quantidades de depósitos de material não comercializado e acumulado junto às pedreiras, o que causa grande impacto visual, ambiental e económico na exploração do território envolvente às pedreiras. A Rota do Mármore tem alertado as empresas do sector para esta situação, bem como tem contribuído para a educação e preservação ambiental, através, de um conjunto de percursos distintos que alertam para o reordenamento do sector extractivo e a necessidade de compatibilização da actividade extractiva com a exploração turística sustentável do território do anticlinal de Estremoz.

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Na segunda parte da visita-guiada, os visitantes puderem acompanhar o quotidiano de uma unidade industrial de transformação de mármore: a Margrimar – Mármores e Granitos, S.A. Aqui, podemos visualizar diferentes processos industriais que transformam esta rocha ornamental para ser utilizada na construção civil, sejam em grandes obras públicas ou pequenas obras privadas. Verifica-se uma grande utilização de diversas tecnologias  que utilizam discos e láminas diamantadas  nas diversas máquinas de corte desta rocha ornamental o que, por sua vez, revelam um grande consumo de água para evitar a quebra das mesmas durante o processo de corte. Após o corte dos blocos de mármore em diversas dimensões, conforme as necessidades dos clientes, as mesmas são alvo de um processo de embalagem em paletes de madeira aguardando o destino final para outras latitudes.

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Nesta unidade industrial, o visitante pode ainda contactar com um poucos exemplares do guincho diferencial (Crapaud) produzido pela empresa Joaquim José Ramos. Estes “veículos” motorizados de origem belga foram utilizados na extracção do mármore, a partir da década de 40 do século XX, em inúmeras pedreiras da região do Alentejo. Trata-se de uma inovação tecnológica (Arqueologia Industrial) produzida pelas empresas metalomecânicas locais, de que ainda subsiste um exemplar, para a indústria dos Mármores. Importa salientar que estes Crapauds eram cópias de modelos de empresas estrangeiras, adaptadas e melhoradas tecnologicamente em função das necessidades e realidades da indústria de extracção local. Movidos a diesel, com motores Lister de origem inglesa, podiam mover uma carga máxima de 160 kg /mm2, utilizando o método de retirar blocos de pedra através de elevação por arrastamento, dando, assim, uma maior robustez, segurança, força e capacidade para puxar o mármore.

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O transporte rodoviário é essencial para o escoamento do mármore extraído do Anticlinal de Estremoz, visto que a região do Alentejo é parca em transportes ferroviários de mercadorias (o comboio  de passageiros só tem ligação à cidade de Évora). A meu ver, esta situação deve-se à facilidade de ligações rodoviárias (A6 e N255) com o litoral português (Porto de Setúbal, Sines ou Lisboa) e à proximidade geográfica com a fronteira luso-espanhola que permite exportar grandes quantidades de blocos de mármore para o continente Europeu e outras regiões do globo. Aliás, a maioria das pedreiras da região do Anticlinal de Estremoz situam-se junto a estradas nacionais (N4 e N255) e da auto-estrada que faz ligação a Espanha (A6).

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A fachada do Palácio Ducal de Vila Viçosa (remonta aos primeiros anos do século XVI as obras da fachada principal, sob a ordem do Duque de Bragança D.Jaime) é um belo exemplo da aplicação desta rocha ornamental, em virtude da rara qualidade e beleza do mármore alentejano. De facto, a rocha ornamental desta região portuguesa está presente em abundância no património arquitetónico, histórico e artístico da região, mas também no resto do país e em todo o mundo, o que torna este recurso um digno embaixador de Portugal e do Alentejo. Quem diria que, a mais de 100 metros, em Vila Viçosa,são extraídas toneladas de mármore para ornamentar inúmeros edifícios do Mundo inteiro, por exemplo o Palácio de Versalhes  (França), Mosteiro do Escorial (Espanha), Cidade do Vaticano (Vaticano) e Franklin National Memorial (EUA).

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As pedreiras são o exemplo são o resultado da exploração das paisagens naturais que dão lugar a paisagens industriais,isto é, alteradas pela mão do Homem. Para quem faz a Estrada Nacional 255, entre as localidades alentejanas do Alandroal e Vila Viçosa, não fica indiferente à paisagem envolvente, onde emergem as inúmeras escombreiras e as gruas Derrick, que se sucedem-se à medida que nos aproximamos da terra da poetisa Florbela Espanca. Através desta visita-guiada, dotada de uma temática invulgar e específica e, por isso, não familiar à grande maioria do público, a Rota do Mármore proporcionou-me uma oportunidade de conhecer de forma mais aprofundada o sector da indústria extractiva dos mármores da região do Alentejo. Trata-se, na minha opinião, de um bela comunhão entre o património edificado e o turismo industrial. De facto, o Alentejo é actualmente um território pouco explorado, preservado e seguro  das massas turísticas, onde a sua história é marcada pelo património a descobrir e pela cultura popular que lhe (ainda) conferem identidade e autenticidade. A Rota do Mármore do Anticlinal de Estremoz proporciona uma forma diferente de conhecer uma das mais antigas e produtivas superfícies de extração de mármores do nosso país, bem como a promoção do património edificado (material e imaterial), a típica gastronomia local e as belezas naturais que dão cor, forma e conteúdo ao Alentejo.

A Rota do Mármore AE é…uma forma diferente de conhecer o melhor do Alentejo!

Para mais informações:

Esta visita-guiada foi realizada no âmbito das Jornadas Europeias do Património – 22,23,e 24 de Setembro de 2017, subordinadas ao tema “Património e Natureza. Pessoas Lugares e Histórias”. O caliponense, o Dr. Carlos Filipe, um dos mentores do projeto de Turismo Industrial do Anticlinal de Estremoz, foi o nosso guia nesta viagem pela @rota_do_marmore_ae. O Blogue OLIRAF agradece a visita de contemplação de paisagem natural e edificada ao “Mundo dos Mármores” da região do Alentejo.

Alves, Daniel (ed.), Mármore, património para o Alentejo: contributos para a sua história (1850-1986), Vila Viçosa, Centro de Estudos de Cultura, História, Artes e Patrimónios, 2015.

Rota do Mármore do Anticlinal de Estremoz

Coordenadas 38.776871,-7.418105 (ver no mapa)
Largo D. João IV, 40A
7160-254 – Vila Viçosa
Telefone: +351 268 889 186 / 965 087 618

Nota importante

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

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Texto: Rafael Oliveira  | Fotografia: Oliraf Fotografia

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📌 À descoberta de Guimarães: um olhar fotográfico da cidade berço..

“Aqui nasceu Portugal”. Quem chega à Praça do Toural, não pode ficar indiferente a estas palavras. De facto, é a frase que todo o vimaranense tem orgulho de proferir, conta um transeunte local que tive oportunidade de abordar durante a minha “visita-relâmpago” ao Centro Histórico de Guimarães. Há lugares que respiram História. E Guimarães respira…

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O Centro Histórico de Guimarães encontra-se classificado, desde Dezembro de 2001, como património mundial da UNESCO. Ao percorrermos as ruas e as ruelas do centro histórico compreendemos a razão da sua distinção. Trata-se de uma cidade bem conservada, onde os seus edifícios e as ruas reflectem a construção e traça arquitectónica desde os tempos medievais até ao presente, com particular incidência entre os séculos XV e XIX.  Confesso que já tinha saudades de deambular pelas ruelas sem mapa e seguir ao sabor da arquitectura do local.

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A cada passo respiramos História. Afinal, a cidade de Guimarães é conhecida por ser o “berço” fundador da nacionalidade e identidade Portuguesa. De facto, foi aqui que tiveram lugares os principais acontecimentos políticos e militares (a Batalha de São Mamede, em 1128, entre as hostes de D.Afonso Henriques e da sua Mãe, D.Teresa) que, mais tarde, levariam à independência do Condado Portucalense face ao Reino de Leão, ocorrida em 1139. Dai, a cidade de Guimarães ter um rico passado histórico, visto que  esta associada ao estabelecimento da identidade portuguesa e à língua portuguesa no séc. XII.

Para mais informações:

Turismo de Guimarães

Rota do Românico

Turismo do Porto e Região Norte de Portugal

Escapadinha de 3 dias pela Rota do Românico

Nota importante [👤]

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Fotografia✈︎Viagens✈︎Portugal © OLIRAF (2016)

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👤Luís Martins: um olhar fotográfico de uma figura da identidade popular eborense…

📷 Nas nossas cidades, vilas ou aldeias de Portugal, há sempre uma figura que se destaca no meio do reboliço do quotidiano habitual e fazem parte do imaginário popular das mesmas. Postais vivos que identificam um território. São o rosto do imaginário popular.  O “Beato Salú” é um exemplo. Esta figura carismática deambula pelas ruas e vielas do centro histórico da cidade de Évora. Encarnou uma missão divina, diz ele. Na minha opinião, um Santo Popular. Como afirmou Padre António Vieira: “Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros.”

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O que se faz num fim-de-semana em Évora? Ou depois do trabalho? Fotografar a castiça Évora, sem percurso predefinido e ir ao encontro das gentes. Depois de ter conhecido os principais pontos turísticos e menos conhecidas desta cidade alentejana, optei por conversar com Luís Amaral Martins: o “Beato Salú”. Lá arranjei coragem para pedir-lhe umas fotos. Até parece uma fobia falar e fotografar uma pessoa que vive na rua há mais de três décadas por opção (ou por acreditar em algo). Confessa-me que não gosta de tirar fotos, apesar de ser a figura mais carismática da cidade de Évora. Depois alguns minutos de conversa, junto à Praça do Sertório, ganho coragem e peço-lhe algumas fotografias. Após fazer as ditas imagens, Luís Martins confessa-me: “essas suas fotografias têm a minha energia. Já leva uma parte de mim.” E eu, na minha ingenuidade e curiosidade pelo outro, perguntei-lhe a idade: “Tenho três milhões de anos”.  Na sua “loucura”, a meu ver, ele diz muitas verdades sobre os aspectos da nossa sociedade. À medida que íamos falando, inúmeros eborenses vinham cumprimentar o “postal vivo” da sua cidade e os turistas captavam à distância o rosto deste “Gandalf” local. O seu discurso quase profético, a meu ver, demonstrava um Homem culto e informado que, nas minhas surtidas fotográficas no centro histórico de Évora, captava a ler alguns jornais.

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Quem é o “Beato Salú”? 

Luís Martins é talvez o eborense mais conhecido de Portugal e, talvez, do Mundo. Com mais de sete décadas de vida, fez os seus estudos primários e aos 12 anos tornou-se grumo no café mais emblemático da cidade de Évora: o Arcada. Foi casado e teve um filho, tal como a maioria dos “comuns mortais” desta sociedade. Mais tarde, tornou-se caixeiro viajante, vendendo electrodomésticos pela região do Alentejo. Todavia, houve um momento em que mudou o destino da sua vida. Nos anos 70, numa ida a Fátima, teve uma revelação. Abdicar de tudo, até da família, em nome da sua missão divina. Ainda hoje, não fala com a família. Por opção. Acredita nas energias da natureza e acredita ser uma espécie de “Profeta” de salvar a cidade de Évora das más energias, sejam elas naturais e humanas. Há mais de trinta anos que é fiel a este compromisso divino. Quando toma conhecimento de algum presságio ou calamidade, caminha os dias inteiros entre as arcadas da Praça do Giraldo e da Drogaria Azul, com a sua icónica trolley de viagem, a salvar o mundo local de Évora. É este o seu trabalho, apesar de negar que está sempre a passear ou a descansar num banco de jardim. Há que recarregar energias no seu “O“. Na década de 80 do século XX, o povo de  Évora decidiu meter a alcunha de “Beato Salú”, personificando como o vidente da novela brasileira Roque Santeiro (1975). Acima de tudo, pude comprovar que esta pessoa é uma simpatia, muito culto, informado e sempre disposto a contar as suas estórias de vida.

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Para mim, as imagens têm vários poderes: o de transformar, convencer e comover. A fotografia de rua, de facto, permite ao fotógrafo captar a agitação diária de uma urbe, mostrando os sujeitos, os territórios e as realidades que lhe dão corpo. Por vezes, é ela que nos ensina a olhar e a reflectir para assuntos que a nossa mente nem se atreve a imaginar. Mas é esta realidade cruel, e ao mesmo tempo bela, do mundo que me faz apreciar tanto este género fotográfico. Nunca mundo onde cada vez temos menos tempo para sentir e ver, é necessário, a meu ver, parar e olhar para aquilo que nos rodeia. Ah, a eterna máxima de Robert Capa: “Se uma foto não está boa o suficiente , então é porque você não se aproximou o suficiente“. É caso para dizer: aproximem-se!

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Luís Martins é, sobretudo, um ser humano.  Um “monumento vivo” de Évora (sem o selo da UNESCO). São estas pessoas que fazem parte da memória popular e urbana de uma cidade. Quem disse que é preciso ir ao outro lado do Globo, captar olhares diferentes e genuínos? No Alentejo, e no interior de Portugal, podemos captar a essência das gentes humildes que dão rosto, corpo e alma a um território. Apesar da sua loucura, esta não deixa de ter alguma razão. Como afirmou a poetisa Florbela Espanca: “Afinal, quem é que tem a pretensão de não ser louca? Loucos somos todos, e livre-me Deus dos verdadeiros ajuizados, que esses são piores que o diabo!“. Dá vontade de ir a Évora, e nunca mais sair!

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📌 À descoberta de Silves: um olhar fotográfico da “Alhambra Portuguesa”…

Silves ou a Xilb de Al-Mu’tamid. Outrora a mais importante cidade do Algarve, tanto na época islâmica (aqui era a capital do Al-Gharb) e, depois da conquista cristã, do Reino do Algarve. Mais tarde, Silves iria perder importância para Faro. Não é por mero acaso que estamos no maior e no mais peculiar castelo do Algarve (desde a época muçulmana), edificado com a pedra da região envolvente: o grés vermelho. Atrevo-me a chamar-lhe a “Alhambra Portuguesa”,mas em formato miniatura. Trata-se da jóia da arquitectura militar da época islâmica em Portugal.  Já tinha cá estado em 2008 durante a minha viagem de ferry-boat entre a Ilha da Madeira (Funchal) e Portugal Continental (Portimão). Sim, quando havia ligação marítima entre o Arquipélago da Madeira e Portugal Continental. Não vamos falar de politica, certo? Nessa época,  não tinha a ideia de criar um blogue pessoal,mas tinha o gosto de fotografar os belos exemplares do nosso património histórico-militar: os Castelos. Quem diria que iria voltar aqui, desta vez, oito anos numa blogger trip. A vida dá muitas voltas e, em muitos casos, 180º.

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Atravessamos a antiga ponte medieval do rio Arade e dirigimos-nos para o centro histórico desta cidade algarvia, onde iríamos ter uma visita-guiada ao Museu Municipal de Arqueologia de Silves. É o resultado das escavações arqueológicas desenvolvidas ao longo do séc.XX. No centro do espaço, podemos visualizar um Poço-Cisterna da época Almóada (séculos XII-XIII), descoberto após escavações arqueológicas decorridas nos anos 80 do séc. XX . Esta hoje classificado como Monumento Nacional. É apartir dela – o ex-libris do discurso expositivo – que fazemos o percurso  desta visita guiada com a Dr.ª Dr.ª Maria José Gonçalves, actualmente arqueóloga do Município de Silves. Trata-se de uma académica especializada em cidades medievais islâmicas, nos campos da arqueologia e da história. E isso denota-se no seu discurso. Levei, literalmente, uma lição de História e de Arqueologia.

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Prato de Mesa  da Época Omíada (séculos VIII-IX)

Apresenta-me, passo-a-passo, o acervo do Museu, na sua maioria proveniente das escavações arqueológicas efectuadas na cidade e concelho. O acervo reúne um conjunto de objetos desde o Paleolítico até ao período Medieval. Constato que há imensos achados arqueológicos em quantidade, mas que valem pela sua qualidade e excepção de ornamentos e pictóricos. E como Silves era a principal cidade do Gharb Al-Andalus, este museu tem no seu acervo um grande destaque para o Período Islâmico – Omíada, Califal, Taifa, Almorávida e Almóada, desde o século VIII ao século XIII, ou seja, ao período cronológico da ocupação árabe ao que hoje corresponde ao território algarvio. O visitante que percorrer este espaço museológico irá compreender a importância da cidade de Silves no período islâmico. Silves é legado mais vivo e duradouro do património islâmico em Portugal. Dai, ter-me demorado mais por esta cidade emblemática.

Depois da visita ao espaço museológico, inserido na antiga medina de Silves, fomos visitar o antigo alcácer islâmico: o actual Castelo Silves. A sua pedra avermelhada – grés de Silves – dá outra cor e magnificência a este antigo complexo bélico. Digo actual, visto que, nas décadas de 30 e 40 do Século XX, a Direção de Monumentos Nacionais uniformizou a traça dos Castelos Medievais Portugueses, muitos deles em estado de ruína, à imagem do Castelo de Guimarães. Como Portugal fez-se da conquista de território aos Mouriscos, não interessava para o Estado Novo – regime ditatorial – manter esse legado, mas sim o papel fundador de Guimarães na construção  e formação da identidade Portuguesa. O que diria  Al-Mu’tamid se visse a sua amada Xilb nos dias hoje? Apesar de tudo, dedicaria-lhe um poema…do seu declínio.

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Os Muçulmanos aproveitaram muitas técnicas de construção romanas para a construção das suas muralhas defensivas, por exemplo, sob a forma de silharia de tipologia romana redisposta num padrão regular, a soga e tição. Actualmente, este é um dos poucos exemplares existentes nas muralhas de Silves que, ao longo dos séculos, foi sofrendo inúmeras alterações efectuadas pelo Homem e pelo tempo.

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Durante a descoberta da Rota Omíada, Abderramán I, Al-Mutamid, Al-Idrisi e,Ibn Darraj al-Qastalli, foram excelentes companheiros de viagem…interior. Shukran. Mais do que uma viagem pela história, foi uma “panóplia” de experiências pessoais e colectivas que podem ser partilhadas digitalmente,mas que devem ser vividas na primeira pessoa. É isso que convido o leitor do blogue OLIRAF a fazer: viver estas experiências. Não haverá melhor sensação do que sair da nossa “zona de conforto”?  👌

Como chegar

A partir de Lisboa optei por reservar uma viagem em Alfa pendular, através da Comboios de Portugal. Faro era a minha base para efectuar a Rota Omíada do Algarve. Para tal, optei por alugar uma viatura rent-a-car para fazer a ligação entre os diversos pontos histórico-culturais desta rota. Na maioria dos casos, utilizei a via do Infante (A22) e a Nacional 125. No caso da ida para Alcoutim, optei pela A22 até Castro Marim e depois o IC27 (Beja) até Alcoutim (N122-1).

Onde ficar

Restaurante Ria Formosa

Praça D. Francisco Gomes, Nº2 8000-168 Faro Portugal
+351 289 830 830

✉️ Email: reservas@hotelfaro.pt

Para mais informações:

Região de Turismo do Algarve

Direcção Regional de Cultura do Algarve

Blog Turismo do Algarve

Projecto Umayyad Route 

Turismo do Algarve – Rota Omíada do Algarve (Folheto + App)

Nota importante

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Texto: Rafael Oliveira  | Fotografia: Oliraf Fotografia

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Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2016)

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📌 À descoberta do Cais palafítico da Carrasqueira: um olhar fotográfico das vivências do Alentejo Litoral…

É uma viagem constante (re)descobrir o estuário do Sado e uma parte do Alentejo que se abre ao oceano Atlântico: o Alentejo Litoral. Aqui, o viajante ou o turista poderá avistar uma imensa faixa de costa que, desde a Península de Tróia até ao Cabo de Sines, proporciona exuberantes e convidativas praias com um ininterrupto areal. Trata-se de uma das mais calmas, genuínas e tradicionais regiões de Portugal, onde o património natural e edificado continua bem preservado, e onde encontramos gentes que tornam a experiência de viagem mais enriquecedora.

O Cais Palafítico da Carrasqueira é uma engenhosa e criativa solução da comunidade piscatória da Carrasqueira (Comporta, Alcácer do Sal) para resolver o problema de acesso aos barcos durante a baixa-mar. As estacas de madeira penetram no sapal e estendem-se como os “tentáculos de um polvo” até ao estuário do Sado. Neste porto piscatório, os barcos atracam e no passadiço circulam as redes, os apetrechos, pescado e, mais recentemente, inúmeros turistas e curiosos para captar fotograficamente o espaço e o meio envolvente. Trata-se de um dos ex-líbris turisticos do concelho de Alcácer do Sal.

Quem visita a Comporta, a meu ver, não pode deixar de conhecer o cais palafítico da Aldeia Piscatória da Carrasqueira, único no continente europeu. Para quem navega nas tempestuosas águas da World Wide Web, verifica que é um dos locais mais procurados por fotógrafos amadores e profissionais para testar as suas técnicas e capturar genuínas imagens de paisagem e da comunidade piscatória local. E para quem gosta de fotografia documental, este local é de visita obrigatória para ir com tempo e com calma.

Ao percorrer os passadiços de madeira, os barcos e as casas que abrigam os utensílios usados na faina sucedem-se, tais como, as cores e as formas das últimas. Trata-se de um belo testemunho da arquitectura popular e das vivências das comunidades locais de pescadores e mariscadores que se estabeleceram na segunda metade do século XX, nesta área do estuário do Sado.

Aqui, no extremo norte do Baixo Alentejo, na margens da reserva natural do estuário do Sado, o viajante poderá encontrar uma outra noção de paisagem: a aquática. Além disso, o viajante pode adquirir pescado e bivalves aos pescadores locais. Note-se que uma parte do choco serve às inúmeras ementas e iguarias desta região. Uma experiência inesquecível para qualquer pessoa que visite esta terra muito peculiar.

wp-image-1673209097Durante a minha descoberta deste pitoresco local, algo captou a minha atenção quando vagueava pelos passadiços do Porto Palafitico da Carrasqueira: um casal de pescadores manuseando as redes. De repente, veio à cabeça, a eterna máxima de Robert Capa: “Se uma foto não está boa o suficiente , então é porque você não se aproximou o suficiente”. É caso para dizer: aproximem-se!

 

wp-image-622814112A região de Alcácer do Sal, desde a época muçulmana, foi um grande centro industrial de construção naval. Ao percorrermos a N253, entre a praia da comporta e Alcácer do Sal, verificamos a existência de inúmeras matas de pinho, vitais para a reparação e construção naval de pequenas e grandes embarcações.Hoje em dia, ao fundo, verificamos a presença da unidade industrial de reparação naval a Setenave da Mitrena (ex-Lisnave), bem como de navios aguardando a sua vez no estuário do Sado.

wp-image--140368371No vale do rio Sado, perto de Alcácer do Sal, a rizicultura (arroz) tornou-se muito mais rentável do que a cultura do trigo. O sapal da Carrasqueira é um bom exemplo do aproveitamento dos terrenos para fins agrícolas, tendo um pequeno dique para impedir as inundações. Actualmente, no Alentejo, a cultura do regadio sobrepõe-se , pouco a pouco, à cultura de sequeiro…

 

Após a visita ao Porto Palafítico, volto para a Aldeia da Carrasqueira onde, por mero acaso, deparou-me com uma habitação tradicional destas paragens: uma antiga dos pescadores que assentaram vida na segunda metade do século XX. Os habitantes locais dizem-me que existem mais casas tradicionais para os “lados de Grândola”, designadamente na freguesia do Carvalhal. Ao despedir-me desta castiça aldeia Alentejana, vêm-me à cabeça o seguinte pensamento: “Quando o engenho do Homem caminha em comunhão com a Natureza, a obra nasce. Aqui, o Homem adaptou-se ao meio.”

 

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O que pode fazer:

1. Se gosta de fotografar o pôr-do-sol, as  águas calmas do Sado atingem o seu nível mais elevado proporcionando imagens singulares do espelho de água envolvente;

2. Se gosta de turismo de natureza e observação de aves, o Estuário do Sado apresenta um circuito de caminhada e uma das maiores concentrações de aves limícolas do país;

3. Compre pescado e bivalves aos pescadores e mariscadores locais;

4. Saborear num restaurante local da Aldeia da Carrasqueira, um belo choco frito.

Como chegar:

De Alcácer do Sal, poderá aceder à área sul da reserva do Estuário do Sado, devendo utilizar a N253 na direção da praia da Comporta, e junto ao km 4 desta estrada, voltar à direita na direção da aldeia da Carrasqueira. De seguida, terá de atravessar uma estrada de terra batida, que conduz ao Porto Palafitico da Carrasqueira.

Para mais informações:

Câmara Municipal de Alcácer do Sal (Turismo)

Herdade da Comporta

Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)

Visit Alentejo (Litoral Alentejano)

Nota importante [👤]

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📷 “Alentejo – Olhares Fotográficos”: o Álbum Fotográfico da Saal Digital Portugal…

Entre Março e Setembro de 2017, tive oportunidade de viver, trabalhar e viajar pelo Alentejo. Visitei inúmeras cidades, vilas e aldeias desta região bem portuguesa, com a minha pequena máquina fotográfica Fujifilm X-T10. Contactei com o imenso património natural, edificado e, acima de tudo, com as gentes, igualmente com os seus problemas.
À série de fotografias que resultou da minha experiência, todas a cores, optei por criar um Álbum Fotográfico Alentejo – Olhares Fotográficos“.
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Trata-se de uma retrospectiva pessoal, como fotógrafo amador, composto por uma selecção de 30 fotografias da minha conta do Instagram, referente as minhas itinerâncias na região do Alentejo, no sul de Portugal. Cada fotografia deste álbum fotográfico procura captar a memória do passado, a contemplação da paisagem natural e das gentes que dão vida a esta região bem portuguesa. Aliás, o meu primeiro “devaneio fotográfico” ocorreu durante uma visita ao castelo de Montemor-o-Novo, “corria o ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2006″. A partir desse momento, nunca perdi a ligação afectiva à região do Alentejo. E, claro, à arte fotográfica.
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Porquê a escolha do Alentejo?
Trata-se de uma das mais calmas, genuínas e tradicionais regiões de Portugal, onde o património natural e edificado continua bem preservado, e onde encontramos gentes que tornam a experiência de viagem mais enriquecedora. Eis alguns pontos fortes desta região portuguesa:
  •  Paisagem natural (Serra de São Mamede, Alqueva e Serra de Ossa);
  •  Gastronomia tradicional;
  •  Património Mundial UNESCO (Évora e Elvas);
  •  Praias (Comporta, Zambujeira do Mar e Vila Nova de Mil Fontes);
  •  Turismo Industrial (Rota do Mármore);
  •  Enoturismo (Ervideira, Cartuxa e João Portugal Ramos);
  •  Gente afável, próximo,  simpático e sempre a ajudar os “forasteiros”.

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O que é Saal Digital?

Tomei conhecimento desta empresa, e do respectivo produto, através da rede social Instagram. Notei que a Saal Digital está a fazer um forte investimento e captação de público e clientes para testar os seus serviços e produtos digitais relacionados com a impressão de material fotográfico. Foi a primeira vez que pedi a impressão de um álbum digital. E não fiquei arrependido. De uma forma geral, a qualidade do produto, do serviço e software de edição deixou-me com uma boa  impressão.

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"A Saal Digital Portugal permite tornar a tua paixão em algo palpável e para a posterioridade"
Os Álbuns digitais e produtos fotográficos são personalizados com uma qualidade profissional. Eu fiquei impressionado com a qualidade de impressão das minhas fotografias, mesmo não tendo a melhor qualidade gráfica. Já imaginou não ter o logo do fabricante. Fantástico. Optei por Álbum digital 15 x 21 – e pela encadernação panorâmica, visto que permite ao utilizador inserir fotografias em páginas duplas sem perder qualquer detalhe gráfico. A meu ver, a abertura 180º é ideal para colocar imagens de grande tamanho, neste caso, panoramas. A qualidade é suberba! Tanto das imagens como do material. É uma sensação maravilhosa folhear as minhas aventuras fotográficas  Para além disso, eles oferecem um software próprio para instalar no computador para fazer o projecto fotográfico. Em relação ao prazo de entrega, a meu ver, foi rápido e a embalagem vinha devidamente acondicionada.
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Se és amante da fotografia…

Se ficou curioso, visite a página oficial e o Instagram da Saal Digital Portugal ou caso tenha alguma questão relativamente à Saal Digital, pode entrar em contacto com o serviço de apoio ao cliente: suporte@saal-digital.pt 
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Um pouco de História…sobre a origem dos Álbuns Fotográficos!
Luís Pavão, um dos maiores conservador de colecções fotográficas em Portugal, afirma que os Álbuns Fotográficos constituem um “universo muito particular (…), onde as fotografias complementam-se mutuamente estabelecendo inter-relações que as enriquecem, não só individualmente como no conjunto. A existência de eventuais legendas, notas acrescentadas à mão, recortes de jornais e outro tipo de anotações ajudam a compreender o todo.Um álbum é no fundo um livro destinado a mostrar fotografias. No início os álbuns eram realizadas pelo próprio fotógrafo ou comprados como um livro em branco a um encadernador. As provas fotográficas eram presas às páginas pelos cantos ou coladas na sua totalidade (Suporte Secundário). Com o passar do tempo os álbuns foram-se tornando mais simples até ao aparecimento dos álbuns digitais em que houve uma fusão entre a escolha de um layout, o design e as imagens fotográficas.
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Para a investigadora Paula Figueiredo Cunca (Arquivo Municipal de Lisboa – Fotográfico), o “álbum de fotografias surge na década de 1860, no enquadramento da cultura vitoriana. A atribuição álbum vitoriano foi dada àquele que se conhece como o primeiro livro/álbum a guardar as fotografias de família.” Acima de tudo, são formas de vida que retratam episódios felizes das estórias da História Familiar. Uma espécie de percurso de vida ilustrado em pequenos instantes. Haverá outra forma de recordar os nossos antepassados? E tudo começou com os franceses Niépce e Daguerre, os pais da fotografia…
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O acto de fotografar é…arquivar!
Os álbuns fotográficos, desde a segunda metade do século XIX,  “(…) encerram igualmente uma seleção fotográfica. Esta é feita tendo em conta o significado da imagem, mas também a relação entre as várias imagens de uma página“, afirma Paula Figueiredo Cunca Desta forma, a fotografia ganha mais valor: acresce ao seu valor intrínseco, o significado relacional e com o espaço representado. A fotografia de um familiar em frente ao Coliseu de Roma é incomensuravelmente registada, dando prova da sua presença e da experiência de viagem. Folhear as páginas e revelar as imagens encerradas num álbum pode ser o impulso para histórias, que alguém já contou, mas que ganham outras formas  e outros olhares quando passam para outras mãos.

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Fotografia✈︎Viagens✈︎Portugal © OLIRAF (2017)

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📌 À descoberta de Olivença: um ponto de (re)encontro da cultura portuguesa e espanhola…

 Olivença é uma agradável e pitoresca cidade fronteiriça da raia luso-espanhola. Para quem percorre o seu “casco histórico”, como referem os “nuestros hermanos” aos seus centros históricos, o viajante não fica indiferente à escala do seu património edificado de origem portuguesa. Com quase doze mil habitantes (2016), esta vila da Extremadura Espanhola, nas proximidades de Badajoz, é um ponto de (re) encontro entre as culturas portuguesa e espanhola. Afinal de contas, Olivença personifica duas faces da mesma moeda. Para muitos, “Olivença é filha de Espanha, neta de Portugal”.

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Por facilidade geográfica, vou ao Reino de Espanha uma ou duas vezes por ano, fazer uma “visita de estudo”, encher o depósito do carro, comprar caramelos, realizar uma blogger trip, etc. A “minha” Espanha é sobretudo a Andaluzia, com raras incursões pela Galiza, Extremadura e raríssimos desvios por Castela. Ir a Espanha,tornou-se um hábito como ir passear ao Porto. Nunca fez parte dos meus planos visitar Olivença. Após realizar a Rota do Mármore (Vila Viçosa), no âmbito das Jornadas Europeias do Património, decidi fazer uma incursão a Espanha. Antes de entrar no território de “nuestros hermanos”, vindo de Elvas, opto por fazer uma paragem num peculiar marco de fronteira: a histórica Ponte da Ajuda.

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Este exemplar da arquitectura manuelina – militar e civil – era o único meio de comunicação, no rio Guadiana, entre Elvas e Olivença. Dai, a sua destruição no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714). Há projectos para a sua reconstrução, mas em virtude das querelas fronteiriças entre Portugueses e Espanhóis, tal não foi possível ainda. Assim, entre 1709 a 2001, quem quisesse visitar Olivenza, teria de passar a fronteira do Caia em Badajoz. Actualmente, o viajante pode transpor, sem qualquer dificuldade, o território português, graças à nova ponte da Ajuda, em betão armado e sem qualidade estética da anterior, construída e financiada integralmente pelo Governo de Portugal.

Porquê a escolha da (des)conhecida vila de Olivenza? 

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São muitos, e todos eles merecedores de atenção, os “Castillos” existentes ao longo da fronteira luso-espanhola, bem como em todo o Reino de Espanha. Há centenas deles. Isto se acrescentarmos também as fortalezas que entretanto se fundiram no seio da arquitectura militar medieval, nomeadamente Ciudad Rodrigo, Badajoz, entre outras. A vila de Olivença está próxima das cidades de Badajoz e de Elvas, bem no centro da antiga província romana da Lusitânia, na actual comunidade autónoma espanhola da Extremadura. Não vem nos roteiros  turísticos ou guias de viagem tradicionais, como a cidade de Badajoz, mas não precisava de tal distinção para merecer uma visita. É aqui que encontramos um dos maiores e preservados “Castillos” da região fronteiriça luso-espanhola. Todavia, a riqueza não é apenas histórica e arquitectónica, mas também paisagística. Dentro do seu acolhedor centro histórico, começamos logo por descobrir histórias, pedras e símbolos familiares, de origem portuguesa.

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Sem recurso a mapas,  uma vez que o posto do Turismo estava fechado (a famosa siesta de nuestros hermanos), aproveitei para “mergulhar” em pleno coração da vila e nas artérias do “Casco Histórico”, onde, no meio do mesmo, ergue-se a silhueta do imponente Castillo de Olivenza. Ao percorrermos as ruas encontramos vários edifícios com arquitectura manuelina e placas toponímicas, em azulejo, com os nomes em português e castelhano, inúmeras chaminés alentejanas misturadas com portas e janelas cobertas de grades de ferro forjado espanhol. Constatamos, através destes exemplos, que Olivenza é fusão de cultura luso-espanhola, fruto de uma longa história secular de ocupação portuguesa e espanhola.  De facto, este é um  lugar para (re) encontrar-se.

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A vida quotidiana, nestas pitorescas vilas, apesar de ficar tão perto da nossa fronteira é completamente diferente do que se vive em Portugal. Durante o percurso pedonal no centro histórico e nos arrabaldes da vila,  apercebo-me da importância histórico-militar desta localidade fronteiriça. De facto, o Castillo de Olivenza revela a razão da sua existência: praça fortificada para as constantes guerras, querelas politicas e escaramuças travadas ao longo da História entre o Reino de Portugal e de Castela e Leão (posteriormente Reino de Espanha).

Um pouco de História…

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O Castelo Medieval de Olivença, vulgo “Ciudadella”, é um excelente testemunho da herança do património edificado pelos portugueses. A meu ver, o que mais impressiona é a monumentalidade e a escala da sua “Ciudadela”. Mandado construir, em 1306, pelo rei D.Dinis (1279-1325), no seguimento da afirmação fronteiriça face ao reino de Castela com a assinatura do Tratado de Alcanises (1297), que, em 1298, outorgou foral à povoação portuguesa. Mais tarde, em 1335, no reinado de D.Afonso IV (1325-1357), as obras foram retomadas com a exporpiração de casas em redor da povoação, tendo em vista a sua edificação do conjunto fortificado constituído por um traçado rectangular e dotado de uma imponente torre de menagem de planta quadrada, seguindo o modelo dos antigos acampamentos romanos (quadrilátero). No fim de cada eixo, abriam-se as portas de São Sebastião (Norte), dos Anjos (Sul), da Graça (Poente) e de Alconchel (Leste). As portas de Sul e Lestes possuem torres semi-circulares, conservando, ainda hoje, os apoios de matacão e os buracos para a tranca para fechar a porta. Ao todo, o castelo era constituído por 14 torres com 3 metros de largura e 12 de altura. É obra!

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Gravura do Castelo e vila de Olivença, Livro das Fortalezas, Duarte d`Armas, c.1509, ANTT

Através da gravura de Duarte d`Armas, um escudeiro da Casa Real que ao serviço de D. Manuel I (1495-1521) registou as inúmeras fortalezas da fronteira luso-espanhola, entre Castro Marim e Caminha, munido de papel e pena (podemos afirmar, sem cometer anacronismos, que era uma espécie de “urban sketcher” do século XVI). O Castelo de Olivença não foi excepção. Através da gravura de podemos comprovar a existência da muralha medieval que envolve a vila e no centro, em grande plano, o castelo e a torre de menagem. Note-se, ao fundo, a cidade de Badajoz e as diversas atalaias que completavam o sistema defensivo de Olivença. No canto da muralha, à esquerda, encobertas pelo terreno, o leitor poderá ver as figuras de Duarte d` Armas e do seu ajudante, respectivamente a cavalo e a pé.

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Todavia, o que realmente impressiona ao viajante é a Torre e Menagem de Olivença mandada construir por Dom João II (1481-1495), em 1488, para afirmar a  autoridade do “Príncipe Perfeito” face aos Reis Católicos de Castela, Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Com uma carga simbólica, esta é a torre medieval mais alta da fronteira, com cerca de 40 metros, sendo acessível por 17 rampas até ao topo. Segundo o arquiteto João de Sousa Campos (2013, pp.66), o “acesso ao adarve da torre em Olivença é feito, à maneira da Giralda de Sevilha, com rampas que eram também praticáveis por muares. Para além da mesquita/catedral andaluza, conhecemos esta solução árabe em alguns outros minaretes, como é o caso do de Safi, em Marrocos.” Daqui, contemplamos a  paisagem em redor e a monumentalidade da vila de Olivença, o que demonstra a sua importância histórica, política e militar para o antigo Reino de Portugal, face a Castela. Afinal, foram mais de cinco séculos como território de Portugal. Através deste exemplo, podemos comprovar que as fortalezas medievais eram formas de ostentação social, económica,militar e de autoridade dos seus senhores.

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Durante a Guerra da Restauração (1640-1668) ,a vila de Olivença foi palco de diversas escaramuças e cercos durante os 28 anos em que durou esta guerra de independência. As muralhas medievais foram reforçadas por revelins e baluartes adaptados às novas exigências e estratégias de combate, obras desenhadas pelo padre jesuíta Cosmander. Em caso de assédio ao território nacional, Olivença estava na primeira linha das operações contra os Castelhanos, mas estava num plano secundário face à importância das fortificações abaluartadas de Juromenha e Elvas. Em 1657, as tropas castelhanas comandadas pelo Duque de San Germán conquistaram a vila ao Reino de Portugal. Mais tarde, em 1668, Olivença foi devolvida a Portugal com a assinatura das Pazes de Lisboa (1668).

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Durante a Guerra de Sucessão Espanhola, em 1709, Olivença foi novamente palco de escaramuças, um facto comprovado pela destruição da Ponte da Ajuda pelas tropas de Felipe V de Bourbon. Em Maio de 1801, o exército espanhol conquista “pacificamente” a vila fronteiriça de Olivença. Conhecida como a “Guerra das Laranjas”, como afirmou o historiador e comunicador José Hermano Saraiva, um simples ramo de uma laranjeira foi única vitima desta Guerra, visto que o “primeiro-ministro” Manuel de Godoy ofereceu à rainha Maria Sofia. Perdia-se, para sempre, a Vila de Olivença. Todas as outras vilas conquistadas foram devolvidas ao Reino de Portugal. E foi, assim, que começou a “eterna” Questão de Olivença. Sabia que Manuel de Godoy (1767-1851), o príncipe da paz, era Conde de Évora-Monte em Portugal? Uma das muitas curiosidades da nossa História que tive oportunidade de comprovar ao visitar o património edificado na vila fronteiriça de Olivença.

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A Igreja de Santa Maria Madalena é um dos testemunhos vivos de um dos períodos mais fascinantes e ricos da História de Portugal: os descobrimentos. Segundo o Turismo de Olivença, a Igreja de Santa Maria Madalena é considerada o ex-libris da vila de Olivenza. E, pelo exterior, apercebemos-nos desta atribuição. Trata-se de uma das mais belas obras arquitectónicas e estéticas da arte manuelina, tipicamente portuguesa, logo a seguir ao Mosteiro dos Jerónimos. Datada da primeira metade do séc. XVI, foi mandada construir para servir de residência e local de culto aos Bispos da praça norte-africana de Ceuta. Em 2012, foi eleita “O Melhor Recanto de Espanha 2012” num passatempo promovido pela petrolífera espanhola Repsol.

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No exterior, destacam-se falsas ameias, pináculos, gárgulas e a porta principal, com uma portada atribuída a Nicolau de Chanterene, artista francês que em Portugal, além de outras obras, notabilizou-se ao serviço dos monarcas lusitanos, por exemplo, na criação da sublime porta do Mosteiro dos Jerónimos. O interior, rico em azulejos e motivos decorativos marítimos, divide-se por três naves com oito colunas que parecem evocar as amarras de uma embarcação e remeter para a época dos Descobrimentos Portugueses. Infelizmente, não pude visitar o interior, uma vez que estava fechada. Ainda hoje, este edifício religioso secular é visitado por centenas de curiosos que deslocam-se propositadamente a esta vila da extremadura espanhola para contemplar o seu interior.

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Deambulando pelas ruas, o viajante depara-se com um portal invulgar. Trata-se do singular portal em estilo manuelino do Palácio dos Duques do Cadaval, localizado no actual edifício do Ayuntamento. Ainda hoje, este portal é o símbolo identificativo desta vila extremenha. Num olhar mais atento, o viajante pode identificar a Esfera Armilar e Cruz de Cristo, ambas símbolos das aventuras ultramarinas dos Portugueses durante os séc. XV e XVI. Ainda nas proximidades, a Praça de Espanha é um locais onde podemos encontrar e usufruir de um belo espaço de lazer e convívio, onde existe calçada típica portuguesa a dar forma e cor. Quem disse que só existe calçada portuguesa no Rio de Janeiro?

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Confesso que já tinha saudades de realizar uma incursão pela raia luso-espanhola. Infelizmente, gostava de ter tido mais tempo e mais calma. E, claro, meditar sobre o que vi e vivi. Acima de tudo, o acto de viajar, como sempre, é olhar e (re)encontrar-se com a História. Ao sair deste marco fronteiriço, vem-me à cabeça a seguinte questão: Olivença é de Portugal ou de Espanha? Olivença sempre foi alvo de muita incompreensão e discussões,  opiniões e vontades, mas também sempre nela, se detiveram olhares, gostos e admiração. Amiúde a questão de quem pertence, o viajante ao percorrer as suas artérias constata que os monumentos são portugueses. Mas, as gentes são espanholas. E agora? Dizem que o tempo resolve tudo. Embora às vezes não se resolva de acordo com os nossos interesses. Olivenza mantém a essência de Olivença. Estórias da História que o tempo apagou…ou teima em não apagar. Urge, nos dias de hoje, encontrar as semelhanças e não as diferenças, procurando um diálogo de culturas e de convivência.  Olivenza mantém a identidade de cinco séculos de História ligados ao Reino de Portugal. Acima de tudo, esta vila é sentimentalmente portuguesa. Sempre.

O que pode fazer:

1. Se gosta de fotografia de paisagem, o melhor será subir ao topo da Torre de Menagem e contemplar o meio envolvente. Daqui poderá avistar Elvas, Juromenha e Alconchel;

2. Comprar caramelos nas inúmeras lojas locais;

3. A caminho de Olivença poderá visitar as ruínas da ponte manuelina da Ajuda;

4. Visitar o Castelo de Alconchel, a poucos quilómetros de Olivença;

5. Sugerimos uma visita ao Museu Papercraft, junto à Ciudadela, o único museu de papel de Espanha e da Europa.

✈︎ Como ir:

Desde Portugal chega-se a Olivenza, através de Elvas (A6) até à fronteira da Ponte da Ajuda, já em Espanha, opta pela EX-105. Se quiser ir a Badajoz, poderá optar pela EX-107e de seguida ir a Olivenza. De uma forma geral, de Elvas a Olivenza são, sensivelmente, 25 minutos para percorrer uma média de 30 quilómetros em estradas regionais luso-espanholas. Durante esta viagem, optamos por realizar uma paragem técnica na Ponte da Ajuda para fotografar o belo exemplar edificado e a natureza envolvente.

🌏 Para mais informações:

Página Oficial do Turismo de Espanha (Spain.info)

Página Oficial do Turismo Extremadura

Página Oficial do Ayuntamiento de Olivenza

MARTINS, Miguel Gomes (2016). Guerreiros de Pedra: castelos, muralhas e guerra de cerco em Portugal na Idade Média. Lisboa: Esfera dos Livros.

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📌 À descoberta da Ponte da Ajuda: um belo exemplar da arquitetura civil manuelina…

📝Se Elvas destaca-se pela geometria e pela monumentalidade da arquitetura militar barroca dos séculos XVII e XVIII, a Ponte da Ajuda, a 10 km, é um perfeito exemplar da arquitetura civil manuelina do século XVI. Situada na margem direita do rio Guadiana, esta obra notável da engenharia lusitana tinha como missão  a circulação viária de bens, mercadorias e tropas entre as localidades de Elvas e Olivença. Era, assim, a única via de comunicação entre a fronteira portuguesa e a praça-forte de Olivenza em caso de socorro bélico a um assédio das hostes castelhanas. 

O rio Guadiana é o marco de fronteira natural que separa, desde tempos milenares, os povos que ocuparam a Península Ibérica. Lusitanos, Romanos, Visigodos, Árabes, Cristãos, entre outros, recreavam-se no curso de água mais importante e navegável da região Sul de Portugal. Os árabes chamavam-lhe “Uadiana”, “Uádi”, em árabe significa rio, e “Ana”, um antigo nome que dado pelos romanos. É neste afluente natural que ficada edificada a Ponte de Nossa Senhora da Ajuda. Construída, em 1509, no reinado de El- Rei D. Manuel I (1495-1521),  ficando para a posterioridade com o cognome do  “Venturoso“, encontra-se, actualmente, em ruínas. Originalmente, era constituída por dezanove arcos, com uma torre militar ao centro. Ao todo,  tinha cerca de 400 metros de comprimento. É uma obra notável da engenharia que ainda resiste ao tempo e ao Homem!

Em virtude dos aluviões e das cheias constantes foi parcialmente destruída no final do século XVI. Mais tarde, no contexto da Guerra da Restauração, foi reconstruída para permitir o socorro de tropas, equipamento bélico e víveres aos constantes assédios militares dos exércitos castelhanos de Felipe IV. Olhando a História, compreende-mos a razão da sua reconstrução: o fim da Monarquia Dual (1580-1640) e o início da luta pela restauração da independência nacional. 

No contexto da Guerra da Sucessão de Espanha (1701-1714), em 1709, esta ponte foi destruída parcialmente pelo exército Bourbon de Felipe V, neto de Louis XIV de França. Era o pronúncio antigo da ocupação efectiva de um território reclamado pelos castelhanos e, mais tarde, Espanhóis desde a época da Reconquista Cristã, aquando do assédio português à Taifa de Badajoz, na segunda metade do século XII, pelas forças do nosso primeiro rei D.Afonso Henriques.

Desde então, ficou impedida a passagem directa do território português para Olivença. Em 1801, no contexto da Guerra das Laranjas, dá-se a ocupação pelas forças espanholas de Godoy da vila portuguesa, cujos direitos portugueses foram reconhecidos pelos tratados de Alcanizes (1297) e de Viena (1815), mas nunca pelas autoridades espanholas. E na minha opinião, as autoridades portuguesas nunca souberam, ou não têm interesse, em valer os seus “reais e justos” direitos. Desculpem um aprendiz de viajante andarilho tem de ter opiniões, certo?

Há projectos para a sua reconstrução, mas em virtude das querelas fronteiriças entre Portugueses e Espanhóis, tal não foi possível ainda. Assim, entre 1709 a 2001, quem quisesse visitar Olivenza, teria de passar a fronteira do Caia em Badajoz. Actualmente, o viajante pode transpor, sem qualquer dificuldade, o território português, graças à nova ponte da Ajuda, em betão armado e sem qualidade estética, construída e financiada integralmente pelo Governo de Portugal.

Hoje em dia, os Portugueses e os Espanhóis são duas faces da mesma moeda: a Península Ibérica. Ao contemplar a ponte da Ajuda, o viajante fica ciente que a sua história foi feita ao ritmo dos confrontos bélicos entre os dois lados da fronteira. Daí, as sucessivas destruições e construções ao longo de mais dois séculos. Infelizmente, desde a primeira metade do século XVIII, que está em ruínas. Falar da ponte da ajuda, a meu ver, é falar estórias que fizeram a História de Portugal. 

Deixo-vos um olhar fotográfico desta icónica e histórica ponte do rio Guadiana. Quem disse que a silhueta das ruínas não é fotogénica? 

Alguns dos pontos de interesse nas proximidades da ponte da ajuda

• Fortaleza de Juromenha • Vila de Olivença • Praça-forte de Elvas • Rio Guadiana • Cidade de Badajoz (Espanha) • Forte de Nossa Senhora da Graça (Elvas) • Castelo de Campo Maior •

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Sabia que…❓❓❓

Nos mapas da Península Ibérica, a linha de fronteira que separa Portugal de Espanha está interrompida entre o Caia, em Elvas e a ribeira de Cuncos em Mourão. Ao longo de quase cem quilómetros, não foram colocados os marcos 802 a 899. No “meio”, entre uma extensa planície rodeada de azinheiras e banhada pelo rio Guadiana (Albufeira do Alqueva), emerge a vila de Olivença. A paisagem envolvente assemelha-se à região do Alentejo, com estruturas arquitetónicas à semelhança das localidades alentejanas.

▸Uma velha controvérsia ainda tem consequências reais. A designada “questão de Olivença” é há mais de 200 anos motivo de incómodo diplomático entre Lisboa e Madrid. Portugal não reconhece a soberania espanhola sobre o território de Olivença baseado numa interpretação diferente do Congresso de Viena de 1815 e do Tratado de Badajoz de 1801. Na atualidade, Portugal não reclama abertamente a restituição de Olivença, mas também não renuncia à sua pretensão.

▸Olivença, com cerca de 11 quilómetros da fronteira luso-espanhola, é uma cidade na zona raiana com um território de cerca de 750 km² e cerca de 12 mil habitantes. Este município fica situado a 11 quilómetros da fronteira luso-espanhola, a sul de Badajoz e Elvas, na região da Extremadura Espanhola. Reivindicada por direito por Portugal, desde o tratado de Alcanizes, em 1297, mas que Espanha anexou e mantém integrada na província de Badajoz, na comunidade autónoma da Extremadura, apesar de ter reconhecido a soberania portuguesa sobre a cidade quando subscreveu o Congresso de Viena, em 1817.

▸Muitos oliventinos, descendentes de portugueses, sentem-se filhos dos dois países calcula-se que serão quase três mil as pessoas com dupla nacionalidade. A maioria está plenamente satisfeita e orgulhosa do seu passado e da sua história, o que os torna únicos e [com uma identidade única] em toda a Península Ibérica.

▸O bicentenário contencioso sobre Olivença não deixa de pairar como uma sombra no relacionamento dos dois países vizinhos, se bem que politicamente silenciada. Ainda hoje, os marcos de fronteira não estão delimitados…e a Igreja de Santa Maria Madalena denuncia o legado da presença portuguesa em Olivença!

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Bibliografia

As fronteiras luso-espanholas : das questões de soberania aos fatores de união. Org. Francisco Pereira Coutinho, Mateus Kowalski; design José Brandão, Susana Brito. [Lisboa] : Instituto Diplomático : Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2014. 200, [3] p. : il. ; 26 cm. ISBN 978-989-8140-20-3 Disponível em https://research.unl.pt/ws/portalfiles/portal/36263112/AS_FRONTEIRAS_LUSO_ESPANHOLAS_DAS_QUEST_ES_DE_SOBERANIA_AOS_FATORES_DE_UNI_O.pdf

COSTA, João Paulo Oliveira e – O cavaleiro de Olivença : romance histórico. Rev. Pedro Ernesto Ferreira. 2ª ed. [Lisboa] : Temas e Debates, cop. 2012. 548, [2] p. : il. ; 24 cm. ISBN 978-989-644-184-5

Direção-Geral do Património Cultural. (n.d.). Ponte de Nossa Senhora da Ajuda. SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitetónico. Recuperado em [16 de setembro 2024], de http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3241

FITAS, Ana Paula – Olivença e Juromenha : uma história por contar. 1ª ed. Lisboa : Colibri, 2007. 387, [1] p., [16] p. il. : il. ; 23 cm. (Extra-colecção). Bibliografia, p. 367-387. ISBN 978-972-772-730-8

PEDREIRA, Jorge Miguel ; COSTA, Fernando Dores – D. João VI : o clemente. Coord. cient. Artur Teodoro de Matos, João Paulo Oliveira e Costa; colab. Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa. 6ª ed., reimp. [Lisboa] : Círculo de Leitores, 2014. 360 p., [16] p. il. : il. ; 25 cm. (Reis de Portugal. 4ª Dinastia ; 27). Bibliografia, p. 343-348. ISBN 978-972-42-3900-2

Porto Editora – Ponte da Ajuda na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-16 15:41:32]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$ponte-da-ajuda

Olivença na história. Org., coord. Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. 2ª ed. Lisboa : Assembleia da República, 2023. 388 p. : il. ; 25 cm. ISBN 978-972-556-784-5

Olivença : 1801 : Portugal em guerra do Guadiana ao Paraguai / Manuel Amaral. – Lisboa : Tribuna da História, 2004. – 112 p a 2 colns : il. ; 27 cm. – (Batalhas de Portugal). – Bibliografia, p. 111. – ISBN 972-8799-19-5

OLIVEIRA, José Fernando Reis de – A ponte velha da Ajuda : uma ruína, entre Elvas e Olivença. [S.l. : s.n], 2012 ([Loures] : Vigaprintes). 159 p. : il. ; 30 cm. Bibliografia, p. 139-153

OLIVEIRA, Humberto Nuno de – Crer e querer para vencer : 75 anos a servir Portugal : os orgãos sociais do “Grupo dos Amigos de Olivença”. Lisboa : Grupo dos Amigos de Olivença, 2021. 148 p. : il. ; 22 cm. ISBN 978-1-105-83437-0

VENTURA, António – A Guerra das Laranjas : a perda de Olivença 1796-1801. Lisboa : Prefácio, 2004. 159 p. : il. ; 27 cm. (História militar. Batalhas e campanhas). Bibliografia, p. 157-159. ISBN 972-8816-26-X

Nota importante [👤]

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

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💻  Texto: Rafael Oliveira 🌎 Fotografia: Oliraf Fotografia 📷

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📌 À descoberta de Alcoutim e Salúncar do Guadiana: duas irmãs “gémeas” separadas por um rio…

📌 São experiências amenas, algumas ainda por revelar. Fomos em busca da Rota Omíada do Algarve – inserida no projecto Umayyad Route – e descobrimos o legado material e imaterial desta Dinastia Árabe em Portugal, mas também as vistas sobre o oceano, a natureza, a gastronomia, os museus e experiências de aventura para viver na extremidade sul de Portugal e da Europa. Quem disse que o Algarve é quente só no Verão?

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👤 Um pouco de História…

Os Omíadas foram uma Dinastia Islâmica a implementar o sistema hereditário do califado, após a morte do profeta Maomé. Eram oriundos da mesmo clã do profeta, a tribo dos Coraixitas, oriunda da cidade de Medina na Península Arábica. Daqui, transferiram a seu do seu poder para Damasco, na actual Síria. O califado Omíada de Damasco (661-750) expande a sua influência religiosa, cultural e militar para o Norte de África (Magrebe) e para a Península Ibérica (Al-Andalus), conquistada na primeira metade século VIII, sendo administrados pelo Emir de Cairuão (Tunisía), sob dependência directa do poder califal da Damasco. Em 750, os Abássidas assassinam a Dinastia Omíada, à excepção do Abderramão I que foge para a capital do Al-Andalus. Este, em 756,  funda o Emirato Omíada de Córdova (756-929), independente do poder califal abássida de Bagdad. O apogeu do poder omíada no Al-Andalus dá-se entre 929 e 1031, com a fundação do Califado Omíada de Córdova, em 929, por Abderramão III (891-961).

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Vista parcial do Castelo de Alcoutim

Alcoutim. Terra de Fronteira. O Algarve Natural. São os slogan(s) do Município de Alcoutim para promover esta singela vila nas margens do Guadiana. Tal como José Saramago, o nosso Nobel da Literatura (1998), esteve nestas paragens, em 1980, no âmbito da sua Viagem a Portugal. Deixo-me surpreender pela singularidade do casario branco de Salúncar do Guadiana e do seu “Guerreiro de Pedra” – o Castillo de San Marcos – que domina a paisagem em redor. Esta pequena urbe nasceu da necessidade do controlo e vigilância do transporte de bens alimentares (trigo, azeite e mel) e de minério (ouro,prata e cobre), através do rio Guadiana, pelas  ocupações humanas sucessivas que a usavam na transição entre as rotas comerciais do Mediterrâneo e do Atlântico.

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Vista parcial da vila de Salúncar do Guadiana (Huelva,Andaluzia)

Depois de fotografar as vistas (e que vistas), dirigi-me para a experiência do slide fronteiriço agendada para a parte de manhã, com a limitezero do inglês David Jarman, radicado à treze anos nesta zona da raia luso-espanhola. Contacto com o responsável da empresa de animação turística Fun River, o Dr.José Cavaco, que me informa que o seu funcionário estava em Espanha e que me iria buscar dentro de momentos. A única ligação entre margens no rio Guadiana entre Alcoutim (Algarve) e Salúncar do Guadiana (Andaluzia) é efectuada por esta empresa. A aventura estava prestes a começar. E a adrenalina a aumentar…

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A “Tirolesa” que faz a travessia entre a Andaluzia e o Algarve. Só para os mais aventureiros!

Depois de uma aventura 4×4 num Land Rover até ao local do Slide, onde avistamos a beleza de Salúncar do Guadiana. Do topo, a cerca de 180 metros, temos uma bela vista aérea sobre Alcoutim e o rio Guadiana. O que levamos deste Mundo? Experiências. Aqui, podem ver o video do Slide no YOUTUBE De facto, viajar é descobrir-nos. E,claro, soltar o nosso outro eu. No meu caso, o sentido pela aventura. Já tinha saudades de fazer “Slide”. Nem parece que vamos a 80 Km/h. Em menos de um minuto estamos em Portugal. E o Medo? Esse ficou para segundo plano. E qual a razão? Há sempre uma,certo? A paisagem arrebatadora entre Salúncar do Guadiana e Alcoutim – as duas vilas gémeas do rio Guadiana -, como afirmou José Saramago, permite viver esta experiência devagar e com tempo.

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A pitoresca vila de Alcoutim, do topo do Castillo de San Marcos.

O Homem adapta-se ao meio. A cerca de um 1km para Norte da actual vila de Alcoutim, deparamo-nos com uma das melhores vistas do Algarve sobre o rio Guadiana. Aqui,podemos contemplar as três tipos de paisagem algarvia: o litoral, o barrocal e a serra. Do topo do castelo velho de Alcoutim – antigo Alcácer fortificado – do período Omíada (713-1031) edificado com as pedras com maior abundância na região:o xisto e o grauvaque. As suas origens remontam ao Século IX, segundo escavações arqueológicas recentes da Dr.ªHelena Catarino, e é uma das mais importantes estruturas militares islâmicas do Gharb-Al Andaluz. Como se sabe, o domínio muçulmano na Península Ibérica começa a ser ameaçado pela pressão da reconquista cristã, dai a necessidade de criar uma rede de fortificações de vigilância do território. É o caso do Castelo Velho de Alcoutim. Em virtude do seu difícil acesso (utilizado com funções de vigilância e de apoio à mineração), esta estrutura foi abandonada na época dos Almóadas e deu lugar ao actual Castelo Medieval de Alcoutim no Século XIV. A partir daqui, a população foi fixando-se junto ao leito do rio Guadiana.

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Ruínas do antigo alcácer fortificado de Alcoutim  (Época Omíada)

Em busca das vivências desta região castiça do Guadiana, surgiu uma parceria entre dois vizinhos e estrangeiros de Espanha e Portugal para recriar as memórias históricas e etnográficas comuns de outros tempos: o Festival do Contrabando. O objectivo é a promoção de Alcoutim e de Salúncar do Guadiana como destino turístico de experiências (natureza, eventos, património e gastronomia). Segundo a autarquia de Alcoutim, o “Festival do Contrabando é mais que um Festival, é a junção e fusão da homenagem a uma actividade que ao longo da história foi importante para as gentes da fronteira, com as artes e a cultura. A paisagem fronteiriça que desafiava os destemidos na passagem de mercadorias, agora é palco de vários projectos culturais que transportam para o interior das populações e seus visitantes, os sonhos e ambições, trazendo até à Vila Raiana uma oferta cultural que desafia todas as condicionantes existentes”. Durante os dias deste festival – a primeira edição – poderá reviver a arte de “contrabandear” dos anos 30 e 40 do Século XX, atravessar as duas margens do rio Guadiana numa ponte pedonal e  visitar uma região do Baixo Guadiana e do Sotavento Algarvio. Aqui, poderá encontrar um clima mediterrânico e um património edificado e natural genuíno. As praias fluviais – Pego Fundo – e o barrocal  são um convite para (e por) desvendar…o castiço Algarve Natural. Para mim, visitar o Algarve das Pontas…é reencontra-me.

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Como chegar

A partir de Lisboa optei por reservar uma viagem em Alfa pendular, através da Comboios de Portugal. Faro era a minha base para efectuar a Rota Omíada do Algarve. Para tal, optei por alugar uma viatura rent-a-car para fazer a ligação entre os diversos pontos histórico-culturais desta rota. Na maioria dos casos, utilizei a via do Infante (A22) e a Nacional 125. No caso da ida para Alcoutim, optei pela A22 até Castro Marim e depois o IC27 (Beja) até Alcoutim (N122-1).

Onde ficar

Estive uma semana no Hotel Faro. Fui recebido por uma equipe fantástica. A meu ver os pontos fortes deste Hotel são o seu restaurante (comida fantástica), os seus funcionários sempre prestáveis e o rooftop com uma vista fantástica sobre a Ria Formosa. A meu ver, o melhor rooftop de Faro. Já imaginaram almoçar com uma autêntica vista para as silhuetas que dão cor e forma à Ria Formosa?

Restaurante Ria Formosa

Praça D. Francisco Gomes, Nº2 8000-168 Faro Portugal

+351 289 830 830

✉️ Email: reservas@hotelfaro.pt

 

Onde comer:

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Perguntei ao Dr.Júlio Cardoso, técnico de turismo do Município de Alcoutim, um local típico para almoçar em Alcoutim. Estava nos meus planos almoçar no Centro Histórico de Alcoutim ou Salúncar do Guadiana. Persuadiu-me a ir almoçar à  Cantarinha do Guadiana, situada na localidade de Laranjeiras do Guadiana. Não me deixei enganar pelo espaço e pela falta de multibanco. De facto, o paladar conquista-se no prato. E a Senhora Isabel Ribeiros, a singular cozinheira, proporciona verdadeiros petiscos de cozinha regional alentejana e algarvia. Adorei saborear a comida tipicamente caseira e tradicional do interior algarvio, em especial, a sopa de tomate com ovos escalfados e o ensopado de enguias. Uma delicia para os viajantes andarilhos. E para acompanhar o café, nada como um “cheirinho” algarvio: o Medronho. Safa,mas aquece!

Para mais informações:

Região de Turismo do Algarve

Direcção Regional de Cultura do Algarve

Festival do Contrabando (Página Oficial)

Projecto Umayyad Route 

Turismo do Algarve – Rota Omíada do Algarve (Folheto + App)

Turismo da Andaluzia (Oficial)

Ayuntamento de Salúncar do Guadiana (Turismo)

Limite Zero (Slide)

Nota importante

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

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Texto: Rafael Oliveira  | Fotografia: Oliraf Fotografia

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📌 À descoberta de Cacela Velha: o castiço Algarve das pontas…

📌 São experiências amenas, algumas ainda por revelar. Fomos em busca da Rota Omíada do Algarve – inserida no projecto Umayyad Route – e descobrimos o legado material e imaterial desta Dinastia Árabe em Portugal, mas também as vistas sobre o oceano, a natureza, a gastronomia, os museus e experiências de aventura para viver na extremidade sul de Portugal e da Europa. Quem disse que o Algarve é quente só no Verão?

👤 Um pouco de História…

Os Omíadas foram uma Dinastia Islâmica a implementar o sistema hereditário do califado, após a morte do profeta Maomé. Eram oriundos da mesmo clã do profeta, a tribo dos Coraixitas, oriunda da cidade de Medina na Península Arábica. Daqui, transferiram a seu do seu poder para Damasco, na actual Síria. O califado Omíada de Damasco (661-750) expande a sua influência religiosa, cultural e militar para o Norte de África (Magrebe) e para a Península Ibérica (Al-Andalus), conquistada na primeira metade século VIII, sendo administrados pelo Emir de Cairuão (Tunisía), sob dependência directa do poder califal da Damasco. Em 750, os Abássidas assassinam a Dinastia Omíada, à excepção do Abderramão I que foge para a capital do Al-Andalus. Este, em 756,  funda o Emirato Omíada de Córdova (756-929), independente do poder califal abássida de Bagdad. O apogeu do poder omíada no Al-Andalus dá-se entre 929 e 1031, com a fundação do Califado Omíada de Córdova, em 929, por Abderramão III (891-961).

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O Forte e a Igreja de Cacela Velha: são os dois ex-libris desta povoação costeira

Cacela Velha é…um poema de pedra construído pelo Homem. Esta pequena grande povoação costeira do Sotavento Algarvio está localizada no concelho de Vila Real de Santo António. A meu ver, esta localidade é uma bela surpresa pela sua paisagem para a ria formosa, a arquitectura tradicional das casas típicas castiças e pela sua capatez. Além disso, as ruas têm o nome de poetas que fizeram parte da nossa cultura milenar. Chego a uma constatação: começo a gostar de outro Algarve. O Al-Gharb fora dos roteiros turísticos “habitué”: o das pontas.

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As castiças casas típicas desta localidade do litoral algarvio…

O Núcleo Histórico de Cacela Velha presenteia-nos com um pequeno conjunto de casas típicas do litoral algarvio. Todavia, os dois ex-libris desta pequena povoação é a sua fortaleza do Século XVI, reconstruída após o fatídico terramoto de 1755, e a Igreja com o seu portal renascentista. Na época Omíada, Qast´alla, Cacela em árabe, fora conquistada em 713 por forças califais de Abd al-Aziz ibn Musa (714-1715), o primeiro uale do Al-Andalus, isto é, um governador militar dependente do califa omíada de Damasco (661-750). Até à reconquista cristã, em 1240, a povoação ficou na jurisdição da cidade de Ossónoba (Faro) e assumiu o papel de primeiro aglomerado de carácter urbano situado a sudeste do actual território algarvio.

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Paisagem da ria Formosa

 

Uma curiosidade. Sabia que as ruas têm nomes de poetas se inspiraram nesta localidade para os seus poemas, como são os casos de Abû al-‘Abdarî, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Eugénio de Andrade? Um pormenor delicioso. Visitar Cacela Velha é conhecer um outro Algarve: o genuíno e castiço. O Algarve das Pontas. A meu ver, o casario pitoresco, a pequena aldeia, a praia, fortaleza são uma bela harmonia na paisagem. Um belo exemplo do que o Homem consegue criar. Da visita à terra natal do poeta Ibn Darraj al-Qastalli (958-1030), um dos mais influentes do califado Omíada na época do poderoso Almançor,  levo na minha memória o som, ao fundo, do oceano atlântico…

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Pequena habitação para guardar os apetrechos de um pescador

Como chegar

A partir de Lisboa optei por reservar uma viagem em Alfa pendular, através da Comboios de Portugal. Faro era a minha base para efectuar a Rota Omíada do Algarve. Para tal, optei por alugar uma viatura rent-a-car para fazer a ligação entre os diversos pontos histórico-culturais desta rota. Na maioria dos casos, utilizei a via do Infante (A22) e a Nacional 125.

Onde ficar

Restaurante Ria Formosa

Praça D. Francisco Gomes, Nº2 8000-168 Faro Portugal
+351 289 830 830

✉️ Email: reservas@hotelfaro.pt

Para mais informações:

Região de Turismo do Algarve

Direcção Regional de Cultura do Algarve

Blog Turismo do Algarve

Projecto Umayyad Route 

Turismo do Algarve – Rota Omíada do Algarve (Folheto + App)

Nota importante

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

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Texto: Rafael Oliveira  | Fotografia: Oliraf Fotografia

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