🚉🚦🚩De Runa a Óbidos: uma curta viagem de comboio pela Linha do Oeste.

✒📷Crónicas Oestinas. Viagem pela Linha do Oeste. Viajar de Comboio, hoje em dia, nunca fez tanto sentido. Optamos por percorrer e fotografar as inúmeras estações dos concelhos de Torres Vedras, Lourinhã, Bombarral e Óbidos. Podemos contemplar a paisagem, dialogar com outros passageiros ou ter as leituras em dia. Esta centenária linha percorre, desde 1887, toda a Estremadura Portuguesa entre o concelho de Sintra e a Figueira da Foz, tendo sido idealizada com a promessa de impulsionar o desenvolvimento económico da região mais a Oeste da Europa e de Portugal. Com mais de 200 km, a Linha do Oeste é uma das linhas ferroviárias mais antigas dos caminhos-de-ferro do nosso país. Apesar de ter perdido a magia de outros tempos, esta linha de bitola ibérica encontra-se, desde 2021, em modernização e renovação das suas infraestruturas e correção do traçado, entre Sintra-Meleças e Caldas da Rainhas, para receber a tão aguardada eletrificação e, por sua vez, o novo material circulante. Desde a inauguração, há 136 anos, que esta linha não via uma requalificação de fundo…para melhorar o tempo de serviço e conforto dos seus passageiros!

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Conteúdos do Artigo (Índice)

  1. A viagem.
  2. Próxima paragem: apeadeiro de Runa.
  3. Um apeadeiro “real”: em estado de abandono.
  4. Torres Vedras: a capital histórica do Oeste.
  5. Outeiro da Cabeça: uma típica estação oestina.
  6. Bombarral: os azulejos com tradição vinícola.
  7. Óbidos: o secular castelo medieval altaneiro.
  8. Fim da Jornada: anotações de viagem.

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1 | A viagem: os motivos.

Tinha chegado o ameno Outono [de 2020] e com ele um convite para passarmos mais tempo ao ar livre. Uma visita sustentável (e diferente) à Lagoa de Óbidos, a convite da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), no âmbito da divulgação do futuro Centro Interpretativo da Lagoa de Óbidos (CILO). Trata-se de um projeto dos Municípios de Óbidos e das Caldas da Rainha e do Conselho da Cidade – Associação para a Cidadania, com coordenação da LPN, onde o objetivo é “abordar, divulgar e estudar diversas áreas do conhecimento como a ecologia, biologia, história, sociologia e etnologia da Lagoa de Óbidos”, refere a guia Rita Martins, uma das responsáveis do acompanhamento das atividades do futuro CILO.

Foi um feliz e sugestivo convite para conhecer um espaço natural e um postal turístico da região Oeste. Para mim, a Lagoa de Óbidos resumia-se sempre a uma fugaz visita às praias da Foz do Arelho para efetuar rápidos registos fotográficos e apreciar a vista para o maior sistema lagunar, com a companhia de um boa chávena de café, desde o INATEL. Gostamos de boas causas. E se forem causas sustentáveis ainda melhor. Aceitamos, assim, o repto para percorrer as silenciosas margens e as águas calmas da Lagoa de Óbidos.

2 | Próxima paragem: apeadeiro de Runa.

Logo de manhã, numa manhã húmida e fresca, como são as manhãs típicas da região Oeste, faço-me à estrada pela centenária Linha do Oeste. Aguardo, imparcialmente, na antiga Estação de Runa, hoje apeadeiro, a chegada da barulhenta automotora diesel da Série 592 da CP, conhecidas na gíria ferroviária como as “Camelo”. Estas automotoras, alugadas a Espanha (RENFE) percorrem o troço ferroviário do Serviço Regional da CP, entre as estações de Sintra-Meleças e a Figueira da Foz, substituíram as antigas automotoras a diesel (Série: 0451-0469) da CP que insistiam em parar no apeadeiro de Runa!

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Em tempos idos, estes lugares eram agitados. Trata-se uma das cinco estações de caminhos de ferro da Linha do Oeste que passam no concelho de Torres Vedras (Dois Portos, Runa, Torres Vedras, Ramalhal e Outeiro da Cabeça). Situado fora da povoação de Runa, o apeadeiro de Runa servia o histórico e monumental Asilo de Inválidos Militares de Runa. Este edifício monumental, de traça simples e elegante, construído nos finais do XVIII e meados do XIX, foi um sonho de vida da sua mentora, financiadora e fundadora, a real figura Maria Francisca Benedita (1746-1829), filha de Dom José I de Portugal e princesa do Brasil. Em virtude da partida das Invasões Francesas e da fuga da família real para o Brasil, o Real Asilo de Runa foi inaugurado no dia do 81º aniversário da fundadora, a 25 de Julho de 1827. Atualmente, o  Lar dos Veteranos Militares (CASRuna) ainda serve o seu propósito de apoio social ao antigos militares que serviram Portugal e, esporadicamente, abre portas à população local para dar a conhecer o seu interior, as suas obras e o jardim envolvente.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

O outro lado florido da Linha do Oeste. Para a história desta antiga estação ferroviária oestina ficam os prémios ganhos, entre as décadas de 40 e 50 do séc. XX, no âmbito do Concurso “Estações Floridas”, instituído em 1941 pelo Secretariado Nacional da Informação (SNI), A antiga Estação de Runa, em Torres Vedras, arrebatou o 1.ºPrémio no Concurso das Estações Floridas (S.N.I) em 1946,1947 e 1950. Já em 1951 e 1952, recebeu o 2.º e 3.ºPrémio, respetivamente. Quem diria que foi uma das estações floridas mais premiada de sempre…Portugal! Os inúmeros prémios de Runa são reveladores do extremo cuidado pelo espaço envolvente, em particular os jardins, dos seus funcionários e chefes de estação, nada complacente com a falta de zelo que se verifica hoje.

Concurso das Estações Floridas 1950 (SNI) – 1.ºPrémio Estação de Runa | Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Histórias que a marca do tempo não esquece. Na tradição carnavalesca secular torriense, a antiga estação de Runa era palco de um acontecimento simbólico: o embarque da realeza do Carnaval “mais português de Portugal” para a cidade de Torres Vedras.

O cortejo poderá ter sido inspirado pela tradição existente em Lisboa, entre 1904 e cerca de 1930. No entanto, a investigação aponta para que a chegada dos Reis e o cortejo tenha sido inspirado num episódio histórico local: a chegada de comboio de D. Manuel II a Torres Vedras no âmbito da comemoração do centenário da Batalha do Vimeiro, em 1908, que terá sido replicado e encenado satiricamente no período carnavalesco. Os Reis partiam de Runa e chegavam de comboio à estação ferroviária de Torres Vedras, até cerca de 1980. Após alguns anos de interrupção, o ritual voltou a ser encenado a partir da estação ferroviária de Torres Vedras.”, lê-se nesta página web do Carnaval de Torres vedras.”

Fonte: Registo do Carnaval de Torres Vedras no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
 

Atualmente, é um apeadeiro em estado de [total] abandono! Amanhã, quem sabe, poderá ser uma unidade de alojamento rural para fins de turismo ferroviário! Mas, hoje, a Estação de Runa, e a Linha do Oeste, são o espelho de um país desprezado e votado ao abandono pelos seus decisores políticos!

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

A Linha do Oeste serpenteia vales e colinas, mas atravessa planuras com extensas terras de vinhas e de pomares. Sente-se, nestas latitudes, a maresia atlântica e o terroir dos vinhos DOC de Torres Vedras. Para os amantes da arte fotográfica e do Trainspotting, o traçado é de puro regalo para os olhos. As paisagens bucólicas e cénicas, uma das características da ruralidade, são uma constante para quem viaja nestas latitudes, particularmente, nos concelhos de Torres Vedras e do Bombarral.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Entre as estações da Sapataria e de Torres Vedras, aproximadamente aos quilómetros Pk 49,0 e 65,0, o curso fluvial do rio Sizandro acompanha o traçado ferroviário da centenária linha do Oeste. Para vencer os limites impostos pela natureza, foi necessário recorrer a este tipo de estruturas metálicas: as pontes. Estas estruturas metálicas são vitais para os comboios vencerem os inúmeros cursos de água da Linha do Oeste. A maioria destas “obras de arte” foi fabricada em Portugal pelo Serviço de Obras Metálicas da CP, nas Oficinas de Ovar, sendo que a maioria está datada da déc. de 30 do século XX.

3 | Um apeadeiro “real”: em estado de abandono.

“(…) Na década de 70 do século XIX surgem vários estudos sobre as águas minerais do reino e de propaganda ao termalismo, então em plena expansão. É dessa altura a publicação de uma obra fundamental de divulgação, da autoria de Ramalho Ortigão, publicada em 1875 e intitulada “Banhos de Caldas e Água Minerais”, onde tece grandes elogios às qualidades terapêuticas das águas dos Cucos, chamando a atenção para a necessidade de melhorar as condições de alojamento deste lugar.”

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

O Apeadeiro da Macheia, por situar-se nos terrenos agrícolas de um antigo proprietário rural da Quinta da Machêa, servia para exportação da produção agrícola e, também, para a comunidade burguesa e aristocracia que se deslocava para às antigas Termas dos Cucos para tratamentos médicos e lazer. Foi o caso da família real, das reais majestades D. Carlos e o próprio D. Manuel II. dai a denominação de «Apeadeiro Real» pela população local.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

“Quem viaje pela Linha do Oeste, de Lisboa para as Caldas da Rainha, encontra, cerca de 2,3 quilómetros antes da Estação de Torres Vedras, nas proximidades do viaduto da A8, (…), uma estranha construção, em ruínas e coberta de silvas, sobranceira à via”. “Dizem os velhos habitantes da zona que o apeadeiro foi também conhecido por «Apeadeiro Real», já que familiares de D. Carlos e o próprio D. Manuel II o utilizavam nas suas deslocações a tratamentos nas Termas dos Cucos”, lê-se num artigo, publicado em 2008 na revista Bastão Piloto, órgão oficial da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro (APAC).

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

As ruínas têm tempo útil de vida? Sim. Como os seres vivos. Antes só, e entregue ao tempo, do que ser esquecido pelo Homem. Há inúmeras pessoas que são ruínas da tempo. Só interessam quando têm tempo útil de vida. Esquecidas, elas vivem nas horas boas e nas más. Eu não sou contra as autoridades, eu sou contra a crueldade do abandono! O tempo passa, as pedras ficam. A degradação contrastante com a dignidade e a nobreza do lugar. Cada lugar tem a sua História e muitas estórias anónimas…que ficam para contar! Ah, o fado de ser uma ruína…do tempo [e da vida]!

4 | Torres Vedras: a capital histórica do Oeste.

A chegada do caminho de ferro a Torres Vedras colocou definitivamente esta vila histórica na época contemporânea e na rota do progresso civilizacional. O transporte ferroviário contribuiu para o alargamento dos seus mercados agrícola, produção industrial e com o desenvolvimento do comércio local. Com o tempo, as atividades turísticas ligadas ao turismo balnear e termal começaram a florescer.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

𝕷𝖎𝖓𝖍𝖆𝖘 𝖉𝖊 𝕿𝖔𝖗𝖗𝖊𝖘: uma aula de História a céu aberto! Chegados às fortificadas e discretas Linhas de Torres, o “Armée du Portugal” punha fim à sua correria desde Ciudad Rodrigo (Espanha). As águias imperiais de Bonaparte ansiavam pelos celeiros e pomares da Península de Lisboa, face à pobreza da planura castelhana, da dureza das beiras e dos constantes ataques da guerrilha campesina espanhola e portuguesa. Com uma imaginação fértil, imagino um diálogo entre os comandantes inimigos: “Que fazer. que fazer, “l’Enfant chéri de la Victoire”? Dizia o irrequieto Ney para Massena. Lamento, Ney. Infelizmente, os teus valorosos cavaleiros hussardos não irão ser úteis nestas paragens. E tu, Bravo dos Bravos, não poderás usar a tua valente cavalaria pesada. Retirarmos-nos? Dizia Junot. Sem Soult e os reforços prometidos pelo arcanjo da vitória de Austerlitz não poderemos continuar em Portugal. Creio que sobreviver é, neste país, a única coisa razoável. Afinal, temos uma “cidade em movimento” para alimentar, constatava o marechal André Massena. A vitória, dificilmente, seria favorável aos franceses.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Na imagem temos a réplica de uma peça de artilharia, instalada sobre a muralha nordeste, da Bateria do Castelo de Torres Vedras. Estava, em 1810, integrada na 1.ª Linha das Obras Militares pertencentes às Linhas de Defesa de Lisboa ou Linhas de Torres. No total, a posição do Castelo (reduto n.º 27 do 1.º Distrito), contava com treze peças de artilharia e uma guarnição de 500 homens. Permitia, conjuntamente, com os fortes de São Vicente (Obras militares N.º20, 21 e 22) e da Forca (Obra militar N.º24), o fogo cruzado sobre as estradas que circundavam o Castelo. O sistema defensivo das Linhas de Torres, constituído por fortes, redutos e baterias, encontrava-se munido de peças de artilharia de campanha e naval, fornecidas pelos arsenais portugueses e ingleses respetivamente, que submetiam a fogo de flanco todas as entradas e desfiladeiros de aproximação do inimigo.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Anualmente, no dia 20 de Outubro, assinala-se o Dia Nacional das Linhas de Torres Vedras. Esta efeméride foi criada, em 2014, para perpetuar a memória e homenagear o espirito de resistência do povo português aliada à estratégia e engenharia militar de todos aqueles que lutaram contra um dos melhores e maiores exércitos do Mundo – o Napoleónico – durante a 3.ª Invasão Francesa a Portugal (1810-1811), procurando manter a independência do país, com a ajuda dos britânicos.

5 | Outeiro da Cabeça: uma típica estação oestina.

Na outra metade da Linha do Oeste existem estações que pararam no tempo, como é o caso da Estação de Outeiro da Cabeça. Situada no concelho de Torres Vedras, esta estação ferroviária serve o concelho vizinho da Lourinhã. Nesta estação destacamos, os quatro magníficos painéis de azulejos alusivos ao ex-libris do património histórico-cultural do concelho da Lourinhã, tendo como destaque, a Igreja de Santa Maria do Castelo e o Padrão Histórico da Batalha do Vimeiro (1808).

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

O interior da estação também é digno de uma visita atenta. As antigas instalações apresentam uma antiga bilheteira e um antigo espaço para despacho e pesagem de mercadorias. Tal como a maioria das estações e espaços envolventes deste troço da Linha do Oeste, o Comboio foi fundamental para escoar a produção agrícola e industrial nos finais do século XIX e XX. Ainda hoje, continua a ser muito utilizada passageiros da região, como no transporte de mercadorias como, telhas e tijolos que são a principal fonte de rendimento da região. 

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Nas imediações, o olhar mais atento poderá focar-se num antigo ramal ferroviário, com túnel, que ligava a Estação Ferroviária à Quinta de São Francisco para escoar a produção vinícola por comboio, Esta quinta vinícola era uma das muitas propriedades agrícolas na região do Bombarral do empresário vitivinícola Abel Pereira da Fonseca, ainda hoje na posse da família detentora da Quinta do Sanguinhal. Espero que a lenta modernização e eletrificação da Linha do Oeste não destrua um património secular. Uma viagem no tempo!

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

6 | Bombarral: os azulejos com tradição vinícola.

Inaugurada em 1887, foi ponto de desenvolvimento para o concelho do Bombarral, pois por ela, se faziam as transações de mercadorias e passageiros, de e para as povoações vizinhas. Durante muitos anos o mais importante polo de desenvolvimento local, transportando os afamados produtos agrícolas locais: o vinho e a pêra-rocha. Ainda hoje, existe um depósito de água do século XIX, o mais antigo da linha do Oeste.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Durante a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, a estação ferroviário foi palco de uma intensa atividade. A 3 de Outubro, os republicanos bombarralenses cortaram a linha férrea para impedir a passagem de eventuais reforços militares de apoio à monarquia constitucional (1834-1910). A vitória do golpe de estado, de cariz republicano, na capital do reino foi festejada com entusiasmo pela população na vila. A região Oeste tinha uma forte presença das elites politicas republicanas na comunidade local.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Os painéis de azulejos das estações da Linha do Oeste também merecem o nosso [particular] destaque. A Estação Ferroviária do Bombarral é uma das paragens obrigatórias. Com um património azulejar riquíssimo da autoria de Jorge Pinto, azulejos da fábrica Arcolena Lisboa (1930) e com elementos imagéticos que retratam paisagens bucólicas deste concelho oestino: camponeses, bestas de carga, tradições e trabalhos rurais, representando cenas do quotidiano vitivinícola da região Oeste. Consideradas um magnifico cartão de boas vindas para os passageiros e visitantes que chegam ao Bombarral por transporte ferroviário. A maioria do património ferroviário azulejar da Linha do Oeste é de visita obrigatória mesmo para quem não vai apanhar o comboio, visto que estão integrados nos roteiros turísticos,

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Não deixe de ir à antiga estação de São Mamede, entre o Bombarral e Óbidos, hoje em profunda mudança em virtude das demoradas obras de renovação da Linha do Oeste. Nas proximidades, visite a aldeia da Roliça. Foi na planície da Roliça e nas colinas da Columbeira, a 17 de Agosto de 1808, que ocorreu a conhecida Batalha da Roliça (1808), tendo como protagonistas os Britânicos (🇬🇧), de Wellesley, e milícias portuguesas contra uma divisão do Grand Armée de Bonaparte, comandado pelo General Delaborde (🇫🇷). Tratou-se do primeiro confronto militar entre o exército britânico e o exército francês em Portugal que, a 21 de Agosto de 1808, iria culminar na derrota das hostes franceses de Junot nas colinas do Vimeiro. O princípio do fim da I Invasão Francesa (1807-1808) era uma questão de tempo.

7 | Óbidos: o secular castelo medieval altaneiro.

Chego ao meu destino: Óbidos. Antes de entrar pela  muy nobre e sempre leal Vila de Óbidos adentro, subindo a vertente escarpada do Castelo, opto por fazer uma pequena caminhada até à Ermida de Santo Antão para contemplar a paisagem envolvente da centenária Estação e a vastidão da Várzea da Rainha. Hoje, a hortofloricultura e fruticultura florescem no lugar onde, em tempos idos, os baixios lagunares chegavam ao sopé da vila medieval de Óbidos.  

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Decorada, como grande parte das estações de caminhos-de-ferro do nosso país, com belos e simples azulejos (da autoria de José Vitória Pereira, datados de 1943 e saídos dos fornos da fábrica da Viúva Lamego), que mostram os diversos ex-libris do concelho de Óbidos, onde se inclui, claro, o burgo medieval, as muralhas circundantes, a porta da vila, o pelourinho e, claro, o Castelo. Infelizmente, a Lagoa não tem lugar de destaque na arte azulejar.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Viajar, na Linha do Oeste, permite-nos imaginar como seriam estas antigas estações ferroviárias no final do Século XIX e XX. A Estação de Óbidos, apesar do seu estado de abandonado e degradação, é uma poucas que detêm um antigo armazém e cais de mercadorias de madeira e telha. É um poucos existentes na Linha do Oeste (a estação de Dois Portos, em Torres Vedras, também tem um armazém da mesma tipologia, mas um pouco mais longo) e que resiste ao abandono do homem e à degradação natural da passagem do tempo.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Na Idade Média reinava a lei do mais [castelo] forte! Óbidos é senhora e rainha de um longo e majestoso Castelo Medieval e de abundante casario intra-muros, típico da antiga província histórica da Estremadura! É uma das 7 maravilhas de Portugal (Património Monumental) e considerada a jóia turística da região Oeste. Ainda hoje, centenas de milhares de pessoas visitam e caminham na sua icónica e colorida Rua Direita. O imaginário medieval ainda resiste e persiste, tal como estes “Guerreiros de Pedra” resistiram a inúmeros cercos, batalhas e escaramuças ao longo da sua milenar História.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Esta vila medieval que nutre um grande amor pelos livros. Óbidos é um belo Castelo com muralhas de livros. Perca-se nas ruas e becos desta Vila Literária. Desde 2015, o FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos movimenta milhares de pessoas pelas sinuosas e estreitas ruas desta vila à descoberta das melhores livrarias, palestras e encontros com escritores literários. Foi considerada, em 2015, uma cidade literária da UNESCO! Um dos muitos atrativos de Óbidos são as suas livrarias que combinam com o espaço envolvente. É a simbiose perfeita entre livros e o património. A nossa sugestão vai para a Livraria do Mercado e para a Livraria Santiago, localizada na antiga Igreja de São Tiago.

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Atravesso a rua Direita, uma das belas ruas de casario secular do nosso imaginário medieval, onde impera o azul e o amarelo, rumo ao ponto de encontro que me levará para um passeio responsável e sustentável pelas margens e interior do maior sistema lagunar de Portugal: a Lagoa de óbidos É sempre gratificante voltar a esta bela vila medieval da região Oeste e uma das mais procuradas por turistas nacionais e estrangeiros que visitam Portugal. Somos uns privilegiados!

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

8 | Fim da jornada: anotações de viagem.

✎. . . ❝Viajar, também, é contemplar.❞

É gratificante contemplar uma paisagem, com base nas leituras [históricas] que efetuamos. A curiosidade é o “motor” do conhecimento! Na “proa” de um Castelo Medieval Oestino, com o horizonte como companhia do meu olhar, escrevo a seguinte frase: “Ir, desfrutar, voltar…para mais tarde recordar!”. 

Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2023)

Quem disse que a Linha do Oeste não é fotogénica? Não deixem morrer esta linha centenária. Não faltam razões para visitar a região Oeste. Tem paisagens campestres , vinhos de excelente qualidade, uma boa gastronomia, uma riqueza histórica ímpar e uma moldura humana amistosa. Só falta uma ferrovia que sirva os interesses da população região bem portuguesa e daqueles que nos visitam! Afinal, o transporte ferroviário é o mais eficiente em termos energéticos e ambientais. Mais do que ligar lugares e destinos, o Comboio permite ligar pessoas! Porque viajar de comboio é sinónimo de viagem!

De volta a casa. Próxima Estação…Runa.

Viva o comboio!

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📝 ℹ️ Nota Informativa:

Publicado a 31 de Dezembro de 2023. Este artigo foi o resultado de uma viagem efetuada à Lagoa de Óbidos no final do mês de Setembro de 2020 no terreno. Foram usados excertos de uma crónica de viagem que integra o Livro #EuFicoEmPortugal: 25 Bloggers de viagem portugueses, escrita em Março de 2021 durante o confinamento da Covid-19. Para ilustrar o artigo, a maioria das imagens estão datadas entre os anos 2018 e 2023. Para mais informações, poderá consultar o seguinte link.

📎👩🏻‍💻 Este artigo não foi escrito pelo ChatGPT.

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💻  Texto: Rafael Oliveira  📷 Fotografia: Oliraf Fotografia 🌎

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