📌À descoberta de Marvão: roteiro fotográfico por uma “sentinela” de pedra com muitas estórias da História de Portugal…

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Canhões da Memória. Em tempos idos, estes canhões fustigavam o invasor.

O Alentejo é uma antiquíssima região portuguesa valorizada pelo seu património natural e edificado. Para os amantes do turismo cultural, de natureza e do turismo militar, esta região portuguesa é uma boa opção de visita que combina actividades de lazer,natureza e culturais com o descanso. Durante o meu roteiro fotográfico pela região do Alto Alentejo, no sul de Portugal,  tive a oportunidade de visitar a vila de Marvão, em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede. Desde tempos milenares, os rochedos de Marvão eram um local de refúgio para as povoações face aos exércitos invasores. Na época romana, ao que parece, este local já detinha uma certa importância bélica…

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Panorâmica Geral da Fortaleza de Marvão

A Vila-Fortificada de Marvão, localiza-se no Alto Alentejo, num planalto setentrional da serra de S. Mamede e é limitado geograficamente a sul pelo concelho de Portalegre, a oeste por Castelo de Vide e a este e norte pela fronteira com o Reino de Espanha. Nos censos de 2011, o concelho de Marvão contava com cerca de 3500 almas. Já no serro de Marvão, isto é no  interior do complexo fortificado ainda resistem, ou zelam pelo património edificado, cerca de 500 habitantes. Um número bastante abaixo dos seus tempos áureos das lutas fronteiriças durante a Guerra da Restauração (1640-1668).

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Vista parcial da Torre de Menagem do Castelo de Marvão

Pitoresca vila-fortaleza, situada em pleno interior da Serra de São Mamede, reflete  a adaptação do Homem ao meio ambiente durante milénios. A meu ver, Marvão conquista de imediato quem a vê,  no alto de um cabeço montanhoso, desde a estrada da fronteira de Porto Roque. É uma sentinela da fronteira, um belo exemplo da arquitectura-militar portuguesa.

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Aspecto parcial do casario branco do interior da vila de Marvão

Um amante da História vê o Castelo de Marvão e a paisagem da Serra de São Mamede como testemunha do passado das lutas fronteiriças entre o Reino de Portugal e Castela (mais tarde, Reino de Espanha), sendo que a Guerra da Restauração (1640-1668) foi o zénite da importância bélica desta praça-fortificada. Mais tarde, os confrontos resumiram-se a ocupações pontuais de exércitos estrangeiros, como são exemplos, a Guerra de Sucessão Espanhola (1705-1715) e as Invasões Francesas (1807-1811).

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Durante o Período Árabe – séc. IX-X  – a vila de Marvão era identificada na documentação califal, neste caso, pelo historiador cordovês Isa Ibn Áhmad ar-Rázi, como a Fortaleza de Amaia ou de Amaia-o-Monte, em virtude de ter exisitido uma fortificação do inicio do século I.d.c. Também a sua actual designação advém, ainda do mesmo autor citado anteriormente, pela existência de um muladi emeritense – descedente de uma mãe não árabe – chamado ‘Abd ar-Rah.ma:n Ibn Marwa:n Ibn Yu:nus al-Jillí:qi (Ab-derramão filho de Marvão filho de Iúnece – i. e. Johannes-João – o Galego), que se destacou no último quartel do séc. IX como rebelde contra o poder centralizador do o Emirato Omíada de Córdova. Verificamos, assim, que esta fortaleza raiana sempre assumiu o papel de zelar pela fronteira e pelo território que a circunda, desde tempos ancestrais. Não há dúvidas que estamos perante uma “sentinela do reino”.

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Para comprovar a importância estratégica desta praça da raia alentejana, deixo-vos um facto histórico cabalmente documentado pelo Tenente Coronel Engenheiro, Tomás de Vila Nova e Sequeira, através de uma impressão pessoal datado de 1796: “(…) A posição que tem na linha da Fronteira a faz importante para a sua defesa, porque de Valência de Alcântara ou de Albuquerque para Portalegre, para o Crato, para Castelo de Vide e também para Ribatejo, não há outra estrada por onde se possa conduzir artilharia que a do Porto da Espada, que passa à vista da Praça no sítio a que chamam o Prado, e por ela também é que se pode levar artilharia contra a mesma Praça.”

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Aspecto geral da Alcáçova do Castelo de Marvão

Nas proximidades…

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Aspecto geral da antiga Estação de Marvão-Beirã (1880-2012)

Sabia que há um segredo bem guardado, perto da Vila de Marvão? É o TRAIN STOP GUESTHOUSE . Se gosta de cultura ferroviária, recomendo este fabuloso espaço para pernoitar a poucos quilómetros da vila de Marvão. Deixe-se capturar pela história e beleza da antiga estação de comboios de Marvão-Beirã. Garantimos que só se vai perder de encantos, pela História do Ramal de Cáceres, pela arquitectura industrial e pelos famosos azulejos (de Jorge Colaço) desta estação fronteiriça desactivada, que deu lugar a um projecto de alojamento local. É, seguramente, uma viagem pela História e pela arte portuguesa.

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Antigo Posto-Fronteiriço de Marvão

Na fronteira de Galegos, porta de entrada para quem vem do Reino de Espanha, existiu um importante pólo residencial do concelho de Marvão: o bairro de Porto Roque. Inaugurado em 1972,  era constituído por 20 fogos e 16 edifícios com uma área coberta de 3450m2, em 20 hectares de terreno. Com a abolição das fronteiras, em 1993, e com a introdução do espaço Schengen foram desactivados os serviços da Guarda Fiscal que funcionavam na fronteira de Galegos, tendo sido todo o património edificado entregue ao tempo, com poucas casas ocupadas e edifícios em avançado estado de degradação.

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Aspecto Geral do Bairro de Porto Roque (Marvão)

Ao desfrutar a estrada que nos conduz desde o antigo posto-fronteiriço de Porto Roque até ao topo da Vila de Marvão, ficamos com a sensação de tranquilidade, apesar do cansaço da condução no asfalto. Transporta a fronteira, a paisagem perde a sua monotomia e ganha outro sentido para o nosso olhar. Todavia, ganhamos outro ânimo quando nos deparamos com as muralhas bélicas, as ruas e vielas desta vila fortificada do Alto Alentejo. E sem guias turisticos, entramos numa viagem pelo tempo,através de antigas  muralhas medievais e baluartes em estilo vauban que nos alimentam a alma de viajante e olhar de fotógrafo andarilho. Já tinha saudades de sentir a genuidade do povo do interior de Portugal. Nada como ouvir um Bom Dia ou uma Boa Tarde de um habitante local a um forasteiro que visita a sua aldeia / vila raiana Alentejana. Até parece mal educado não falar. Porque o Homem quando viaja, adapta-se ao meio. O que fica na minha memória? Os sentidos, a gastronomia, a arquitectura,o anfiteatro natural, a história, entre outras coisas mais. A experiência, essa, fica para nós.

Bairro da Fronteira do Porto Roque [Marvão] (3)

Viaje,mas devagar. Aventure-se Além do Tejo! E descubra-se.

Como chegar

A partir de Lisboa opte pela A12, via Ponte Vasco da Gama, e depois pela A6 até Évora (Elvas/Badajoz). Saia em Évoramonte. Siga na direção de Estremoz (N18). Se já se encontra na cidade de Estremoz (IP2) tome a direção de Portalegre/Castelo Branco. A partir da vila de Marvão opte pela N246 até Castelo de Vide. Ou pela N359 (Beirã/Marvão).

Coordenadas geográficas de Marvão, Latitude: 39.3936, Longitude: -7.37365

Câmara Municipal de Marvão @ Créditos Fotográficos

Onde Comer

As migas do restaurante Sabores de Marvão, na aldeia da Beirã-Marvão, contam-se entre os petiscos e sugestões durante uma visita ao Alto Alentejo – uma região que não nos convence apenas pela paisagem,mas também pelo paladar. É uma excelente opção para degustar e petiscar a gastronomia da região do Alto Alentejo. A meu ver, com uma boa relação de preço/qualidade.

Restaurante “Sabores de Marvão”

Rua 16 de Julho, Nº 46
7330-012 Beirã
Telf: 245 992 710

Onde ficar

logo

Estação ferroviária de Beirã/Marvão
Largo da Alfândega,
7330-012 Beirã

Gestão e Reservas :
+351 963 340 221
Comunicação e Marketing :
+351 963 237 402
Email:
info@trainspot.pt

Para mais informações:

Roteiro pelos Castelos do Alto Alentejo

Turismo do Alentejo

Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos

Municipio de Marvão

Posto de Turismo de Marvão

Direção Regional de Cultura do Alentejo

Train Spot (Guest House)

Nota importante

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencionei os direitos morais e de autor das mesmas.

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Texto: Rafael Oliveira  | Fotografia: Oliraf Fotografia

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Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2016)

Contact: oliraf89@gmail.com

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