📌 À descoberta de Silves: um olhar fotográfico da “Alhambra Portuguesa”…

Silves ou a Xilb de Al-Mu’tamid. Outrora a mais importante cidade do Algarve, tanto na época islâmica (aqui era a capital do Al-Gharb) e, depois da conquista cristã, do Reino do Algarve. Mais tarde, Silves iria perder importância para Faro. Não é por mero acaso que estamos no maior e no mais peculiar castelo do Algarve (desde a época muçulmana), edificado com a pedra da região envolvente: o grés vermelho. Atrevo-me a chamar-lhe a “Alhambra Portuguesa”,mas em formato miniatura. Trata-se da jóia da arquitectura militar da época islâmica em Portugal.  Já tinha cá estado em 2008 durante a minha viagem de ferry-boat entre a Ilha da Madeira (Funchal) e Portugal Continental (Portimão). Sim, quando havia ligação marítima entre o Arquipélago da Madeira e Portugal Continental. Não vamos falar de politica, certo? Nessa época,  não tinha a ideia de criar um blogue pessoal,mas tinha o gosto de fotografar os belos exemplares do nosso património histórico-militar: os Castelos. Quem diria que iria voltar aqui, desta vez, oito anos numa blogger trip. A vida dá muitas voltas e, em muitos casos, 180º.

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Atravessamos a antiga ponte medieval do rio Arade e dirigimos-nos para o centro histórico desta cidade algarvia, onde iríamos ter uma visita-guiada ao Museu Municipal de Arqueologia de Silves. É o resultado das escavações arqueológicas desenvolvidas ao longo do séc.XX. No centro do espaço, podemos visualizar um Poço-Cisterna da época Almóada (séculos XII-XIII), descoberto após escavações arqueológicas decorridas nos anos 80 do séc. XX . Esta hoje classificado como Monumento Nacional. É apartir dela – o ex-libris do discurso expositivo – que fazemos o percurso  desta visita guiada com a Dr.ª Dr.ª Maria José Gonçalves, actualmente arqueóloga do Município de Silves. Trata-se de uma académica especializada em cidades medievais islâmicas, nos campos da arqueologia e da história. E isso denota-se no seu discurso. Levei, literalmente, uma lição de História e de Arqueologia.

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Prato de Mesa  da Época Omíada (séculos VIII-IX)

Apresenta-me, passo-a-passo, o acervo do Museu, na sua maioria proveniente das escavações arqueológicas efectuadas na cidade e concelho. O acervo reúne um conjunto de objetos desde o Paleolítico até ao período Medieval. Constato que há imensos achados arqueológicos em quantidade, mas que valem pela sua qualidade e excepção de ornamentos e pictóricos. E como Silves era a principal cidade do Gharb Al-Andalus, este museu tem no seu acervo um grande destaque para o Período Islâmico – Omíada, Califal, Taifa, Almorávida e Almóada, desde o século VIII ao século XIII, ou seja, ao período cronológico da ocupação árabe ao que hoje corresponde ao território algarvio. O visitante que percorrer este espaço museológico irá compreender a importância da cidade de Silves no período islâmico. Silves é legado mais vivo e duradouro do património islâmico em Portugal. Dai, ter-me demorado mais por esta cidade emblemática.

Depois da visita ao espaço museológico, inserido na antiga medina de Silves, fomos visitar o antigo alcácer islâmico: o actual Castelo Silves. A sua pedra avermelhada – grés de Silves – dá outra cor e magnificência a este antigo complexo bélico. Digo actual, visto que, nas décadas de 30 e 40 do Século XX, a Direção de Monumentos Nacionais uniformizou a traça dos Castelos Medievais Portugueses, muitos deles em estado de ruína, à imagem do Castelo de Guimarães. Como Portugal fez-se da conquista de território aos Mouriscos, não interessava para o Estado Novo – regime ditatorial – manter esse legado, mas sim o papel fundador de Guimarães na construção  e formação da identidade Portuguesa. O que diria  Al-Mu’tamid se visse a sua amada Xilb nos dias hoje? Apesar de tudo, dedicaria-lhe um poema…do seu declínio.

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Os Muçulmanos aproveitaram muitas técnicas de construção romanas para a construção das suas muralhas defensivas, por exemplo, sob a forma de silharia de tipologia romana redisposta num padrão regular, a soga e tição. Actualmente, este é um dos poucos exemplares existentes nas muralhas de Silves que, ao longo dos séculos, foi sofrendo inúmeras alterações efectuadas pelo Homem e pelo tempo.

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Durante a descoberta da Rota Omíada, Abderramán I, Al-Mutamid, Al-Idrisi e,Ibn Darraj al-Qastalli, foram excelentes companheiros de viagem…interior. Shukran. Mais do que uma viagem pela história, foi uma “panóplia” de experiências pessoais e colectivas que podem ser partilhadas digitalmente,mas que devem ser vividas na primeira pessoa. É isso que convido o leitor do blogue OLIRAF a fazer: viver estas experiências. Não haverá melhor sensação do que sair da nossa “zona de conforto”?  👌

Como chegar

A partir de Lisboa optei por reservar uma viagem em Alfa pendular, através da Comboios de Portugal. Faro era a minha base para efectuar a Rota Omíada do Algarve. Para tal, optei por alugar uma viatura rent-a-car para fazer a ligação entre os diversos pontos histórico-culturais desta rota. Na maioria dos casos, utilizei a via do Infante (A22) e a Nacional 125. No caso da ida para Alcoutim, optei pela A22 até Castro Marim e depois o IC27 (Beja) até Alcoutim (N122-1).

Onde ficar

Restaurante Ria Formosa

Praça D. Francisco Gomes, Nº2 8000-168 Faro Portugal
+351 289 830 830

✉️ Email: reservas@hotelfaro.pt

Para mais informações:

Região de Turismo do Algarve

Direcção Regional de Cultura do Algarve

Blog Turismo do Algarve

Projecto Umayyad Route 

Turismo do Algarve – Rota Omíada do Algarve (Folheto + App)

Nota importante

As presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações, dicas e conselhos, e são susceptíveis de alteração a qualquer momento. O Blogue OLIRAF não poderá ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos em pessoas e/ou bens daí advenientes. Se quiser partilhar ou divulgar as minhas fotografias, poderá fazê-lo desde que mencione os direitos morais e de autor das mesmas.

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Texto: Rafael Oliveira  | Fotografia: Oliraf Fotografia

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Fotografia•Viagens•Portugal © OLIRAF (2016)

Contact: oliraf89@gmail.com

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